06 setembro, 2013
Mensalões e torcidas: Não há mais donos da verdade
por Bob Fernandes
No julgamento do chamado "mensalão" o jogo está jogado. O que ainda se discute e se disputa nas brechas da lei é o tempo de cadeia para réus como José Dirceu, João Paulo... E, como consequência, o regime de prisão. Dia e noite preso, ou cadeia de noite e trabalho de dia no regime semiaberto?
O julgamento tem efeito pedagógico. Para o bem ou para o mal, também as penas terão efeito pedagógico. E é solar que o julgamento terá efeitos e desdobramentos políticos; à parte debates sobre a composição do próprio Supremo.
Só para lembrar: Dias Toffoli foi Advogado Geral da União no governo Lula. Gilmar Mendes ocupou o mesmo cargo no governo Fernando Henrique.
Os que costumam acusar só um ou o outro ministro de ser partidário costumam negar o partidarismo de um ou do outro. A depender do lado em que estejam na arquibancada.
É mais do que saudável e bem vinda a sede de justiça num país desigual e injusto. País onde quem tem dinheiro ou poder não vai para a prisão. A ausência de punição ao longo de décadas, senão séculos, produziu na Política uma singular "moral de arquibancada".
Segundo essa "moral", extremamente maniqueísta, o culpado é sempre, e somente, O Outro. O outro partido, o outro corruptor. Nunca o seu partido, nunca o corruptor aliado.
Essa moral contaminou "torcedores" fundamentalistas; uma gente ressentida e recalcada. Mas, as ruas de junho indicam uma lição: não há como tornar o tema corrupção um mantra e imaginar desdobramentos apenas pontuais, sob contrôle.
Cada comunidade sabe quem é o que faz cada um; se rouba ou se não rouba. Sabe quem é cada vereador, cada prefeito, governador, cada empresário, cada entidade.
Com o ronco das ruas todos ouviram . Não importa a qual partido ou entidade pertença esse ou aquele.
Presos os condenados do "mensalão do PT" não haverá como o Tribunal se esquivar de julgar o chamado "mensalão do PSDB" de Minas. O processo pedagógico imporá continuidade.
Não será mais tão fácil escolher o que deve ou o que não deve ser manchete, escândalo. A propósito: onde estão as notícias, como estão as investigações sobre o superfaturamento de R$ 425 milhões nos trens e metrô de São Paulo? De governos do PSDB.
Ou basta acusar, inclusive inocentes, de receber milhões em propina e depois engavetar o escândalo?
Mesmo quem acusou, ou reverberou denúncias por anos e décadas, está aprendendo na própria pele: com 94 milhões de usuários nas redes sociais, 52 milhões no cotidiano, não há mais donos de verdades absolutas.
Postado por
Sérgio Pecci
às
11:56


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Marcadores:
política brasileira
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Bob, uma coisa que está evidente hoje é que as "torcidas" são apenas a "ponta do iceberg" e os "contribuintes indignados" com o desperdício do seu esforço produtivo era a "parte submersa".
ResponderExcluirO que Junho nos ensinou é que, como dizia minha avó: Tantas vezes vai o cãntaro à fonte, que um dia se quebra.
QUEBROU !!!
Esforço cidadão não é perdido...O processo histórico nem sempre é de linhas retas e claras. O que aparece em dado momento como avanço, se revela em sua inteireza com alguns retrocessos e velhas práticas, mas novas forças surgem e se juntam ao processo, propiciando novos embates. Como diz o Vladmir Safatle: "Das revoltas populares pelo mundo e dos protestos no Brasil podem emergir novos sujeitos políticos" http://www.cartacapital.com.br/revista/764/os-sem-lugar-na-atualidade-9406.html
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