28 setembro, 2012

Chafariz no comício é consequência da privatização do espaço público


por Cristina Rodrigues

Hoje, 27 de setembro, a dez dias das eleições municipais de 2012, tivemos comício da Frente Popular no Largo Glênio Peres, Centro de Porto Alegre. Para quem não é daqui, o Glênio Peres é aquele espaço público que serve, no dia a dia, de passagem para milhares de pessoas, mas que também é palco de manifestações populares, de feiras de agricultura familiar, de ocupação. Um espaço do povo.

Nem tanto.

No meio do comício, enquanto falava a ministra da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, militantes receberam uma visita inesperada. Água. E ela não vinha do céu, mas do chão. A novidade anunciada tempos atrás pela Prefeitura, ocupada por José Fortunati desde que José Fogaça renunciou para se candidatar sem sucesso ao governo do estado, mostrou pela primeira vez claramente o prejuízo que causa.

Imagem: via twitter, via @jornalsul21

O chafariz – pontos de água espalhados em uma linha quase reta – está em espaço público, mas foi colocado pela Coca-Cola. A privatização do espaço tem consequências bem graves, e diz muito da forma de administrar a cidade – bem diferente da administração popular. Consequências que vão bem além dos militantes molhados, do outro que caiu ao tropeçar tentando escapar da água e do material de campanha encharcado.

Prefiro não apostar na possibilidade de os correligionários do prefeito Fortunati serem tão contra o espírito democrático a ponto de ligar os chafarizes de propósito. E na verdade não importam muito as desculpas que a Prefeitura possa dar (segundo a Rádio Guaíba, o coordenador do programa Viva o Centro, Glênio Bohrer, disse haver um acordo para que não fossem ligados durante o comício e que desconfia de sabotagem, mas poderiam dizer que ligava automático, sabotagem, acidente, responsabilidade da empresa, não importa). Não importa, porque só têm duas opções: ou o chafariz é responsabilidade da Prefeitura ou da Coca-Cola. O fato é que estamos falando de um espaço público, que deixou de ser.

No momento em que a Prefeitura entrega nas mãos de empresas privadas a recuperação e a administração de lugares do povo, ela está dando um recado claro: esse espaço deixou de ser do cidadão. Ela sujeita os habitantes do município às vontades de uma entidade que se move em função do lucro. E isso não é uma ofensa, é o pressuposto básico do capitalismo, cujo espírito, segundo Max Weber, é não simplesmente o lucro, mas a acumulação de dinheiro. Exatamente o oposto do que deveria ser o pressuposto de uma administração pública, que seria o de prover o bem estar da comunidade.

É esse modelo que vamos deixar ocupar o Paço Municipal mais uma vez?
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Veja o video

26 setembro, 2012

Falsa intimidade


por Vladimir Safatle*
da Folha



A moralidade é uma virtude disputada. Mesmo aqueles que dela conhecem apenas o nome gostam de falar sobre virtudes morais como se fossem íntimos de longa data.

Em época eleitoral, por exemplo, somos obrigados a acompanhar o espetáculo lamentável de moralistas de última hora, que parecem acreditar no pendor infinito da população ao esquecimento e à indignação seletiva.

Melhor seria que eles se abstivessem de falar de moral antes de meditar profundamente a respeito da passagem do Evangelho que exorta a primeiro tirar a trave no seu próprio olho antes de retirar o cisco no olho do próximo.

Por exemplo, o Brasil vive um momento importante com o corajoso julgamento do chamado mensalão. Espera-se, com justiça, que daí nasça uma nova jurisprudência para crimes de corrupção eleitoral. Espera-se também que ninguém saia impune desse caso vergonhoso.

No entanto é tentar resvalar a moralidade à condição de discurso da aparência e da esperteza ver políticos como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e seu candidato à Prefeitura de São Paulo tentarem utilizar a justa indignação popular em benefício eleitoral próprio.

Caso eles realmente amem os usos das virtudes morais em política, melhor seria se começassem por fazer uma profunda autocrítica sobre o papel de seu partido na criação do próprio mensalão, da acusação de compra de voto na emenda da reeleição, assim como fornecer uma resposta que não fira a inteligência quando membros de seu partido --como Marconi Perillo, Yeda Crusius e Cássio Cunha Lima-- aparecem envolvidos até a medula em casos de corrupção.

Seria bom também que eles explicassem por que apoiam incondicionalmente um prefeito que chegou a ter seus bens apreendidos pela Justiça no ano passado devido ao caráter da contratação da empresa Controlar, e por que a Justiça suíça e a francesa investigam propinas que a empresa Alstom teria pago a políticos do governo paulista em troca de contratos com a Eletropaulo.

Por fim, seria uma boa demonstração de respeito aos eleitores que o candidato Serra se defendesse, de preferência sem impropérios, a respeito das acusações sobre o processo de privatização de empresas federais no período FHC.

Sem isso, toda essa pantomima lembrará uma velha piada francesa sobre um sujeito que dizia a todos em sua pequena cidade ser amigo de Charles de Gaulle. Eis que um dia, De Gaulle aparece na cidade. Para não ser desmascarado, o sujeito resolve chegar perto do presidente e, com um tom de cumplicidade, perguntar: "E aí, Charles, o que há de novo?". "De novo", respondeu De Gaulle,"só mesmo essa intimidade".

____*Vladimir Safatle é professor livre-docente do Departamento de filosofia da USP (Universidade de São Paulo). 

Zero Hora e Fortunati: projetos afinados de higienização e privatização de Porto Alegre



por Alex Haubrich
do Jornalismo B

“Em tempos de obras que ninguém sabe ao certo quando começam e tampouco quando terminam, um dos projetos mais aguardados pelos porto-alegrenses já tem até data para inauguração.

– O Araújo Vianna será entregue ao público no dia 26 de março de 2012. Um presente de aniversário para a cidade, podem me cobrar – prometeu o prefeito José Fortunati na última quarta-feira, durante o Café ZH Especial, no Chalé da Praça XV.”


Foto: Wladymir Ungaretti
Essa é a abertura de uma matéria publicada na capa do caderno de Cultura do jornal Zero Hora, em novembro de 2011. Como se vê com a inauguração do Araújo Vianna apenas no último 20 de setembro, Fortunati não falou a verdade. Como se vê com a cobertura que a mesma Zero Hora fez da reabertura da tradicional casa de shows encravada no mais importante parque da cidade, a Redenção, a tal cobrança não aconteceu.

O rapper Emicida, ao receber o prêmio de melhor música no VMB, programa da MTV, disse que aquele não era um momento de festa, já que “nesse momento a Polícia Militar, não satisfeita com os 36 incêndios criminosos em favelas de São Paulo, está sitiando a Favela do Moinho e impedindo os moradores de voltarem para os seus barracos”. Com outra proporção mas sob o signo de projetos de cidade que dialogam, em Porto Alegre um símbolo da cultura local é reaberto semi-privatizado e o clima na velha mídia é de oba-oba.

Mas esse não é um caso isolado. Nesta terça-feira a capa de Zero Hora estampa uma enorme foto do “Gigante Inflável”, expressão pela qual se referiu ao mascote da Copa do Mundo colocado pela Coca Cola no Largo Glênio Peres, no Centro da capital gaúcha. O foco da matéria das páginas internas é todo no personagem-mascote e em seus possíveis nomes. Mais um caso de oba-oba. Na verdade, como escreveu em seu perfil no Facebook a vereadora Sofia Cavedon (PT), “Largo Glênio Peres está ocupado com este boneco que promove refrigerante que faz mal à saúde! Área pública promovendo empresa privada. A economia solidária e o artesanato foram retiradas dali!”. O Largo, em frente ao Mercado Público, um dos lugares onde a cidade antes respirava, foi transformado em estacionamento e, como outros espaços públicos de Porto Alegre, foi, nos últimos anos, legado a empresas privadas. Novamente Sofia: “Esta Coca que está no peito do boneco já está há horas no totem de entrada do Largo Glênio Peres: pobre Largo!”.

Esse é o projeto de cidade que vem sendo levado a cabo pelo atual prefeito e estimulado por palmas ou silêncios do maior jornal do Estado. Um projeto que expulsa a pobreza do Centro, como vemos no caso da remoção da Vila Chocolatão, que ataca a cultura boêmia do bairro Cidade Baixa e que passa espaços públicos para as mãos de empresas privadas – é o caso de largos e parques e deverá ser o caso, logo logo, da orla do Guaíba.

Não é por acaso o financiamento de uma grande parte da campanha do atual prefeito por empreiteiras, como também não é por acaso o financiamento de grande parte das páginas daquele jornal por esse mesmo setor econômico. Vale lembrar, com esse contexto em mente, que Fortunati tem sido o candidato com mais espaço em Zero Hora desde o início da campanha.
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Leia também:

Baixou um Kassab no Fortunati?

25 setembro, 2012

Post de aniversário



Hoje este blog completa um ano de "rua". Com esta são 495 postagens e um total de 117.425 visitas! 

Agradecemos a todos os que colaboram, divulgam, compartilham, assinam e comentam nesta enorme rede! 

Sigamos tecendo! 
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Denise e Sergio 

22 setembro, 2012

O retrato do engano


Foto de  Fernanda Hecktheuer no Centro Administrativo de Porto Alegre


Para quem não é de Porto Alegre o esclarecimento: a campanha do atual prefeito e candidato à reeleição, José Fortunati, tem como um dos slogans "melhorou, vai melhorar".

Além de, a estas alturas do ano, só ter aplicado 24% da verba do orçamento de 2012, de Porto Alegre só ter conseguido construir uma UPA (ainda a ser inaugurada) das mais de 600 que estão por todo o território nacional, do programa Minha Casa Minha Vida ser um dos mais vergonhosos do país (lembremos que o Secretário da Habitação de parte do mandato é candidato a vice-prefeito na outra chapa, a de Manuela ) de ter de uma bancada do concreto na câmara municipal que altera o plano diretor por interesses que passam longe do apregoado desenvolvimento sustentável e planejado, de ter perdido dinheiro federal destinado a investimentos por falta de planejamento, vai deixar de herança para o próximo prefeito um problemão na área de coleta e destino de resíduos.

A coleta seletiva, implantada com sucesso absoluto na primeira gestão da Frente Popular no anos 80, no governo de Olívio Dutra - que também implementou o Orçamento Participativo - com campanhas educativas e organização de cooperativas de catadores, hoje é uma sombra do que foi.

A foto só retrata, afinal o quão enganadora é a propaganda eleitoral.


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As cinco razões: III – cinco razões para votar no Villaverde

Eleições em Porto Alegre. Onde está o encanto?

Em Porto Alegre, nem todos os gatos são pardos


21 setembro, 2012

Eu já vi e vivi esse filme antes... o cheiro é o mesmo





por Bob Fernandes, no Terra Magazine
Lido no Viomundo

Nesta quinta-feira, 20, seis partidos de sustentação do governo Dilma (PT, PMDB, PSB, PDT, PC do B e PRB), em nota pública, acusaram a oposição de estar “disposta a qualquer aventura” e a “práticas golpistas”. Segundo a nota, “em defesa da honra e dignidade” do ex-presidente Lula, assinada pelos presidentes dos seis partidos, “assim foi em 1954, quando inventaram um ‘mar de lama’ para afastar Getúlio Vargas” e “assim foi em 1964, quando derrubaram Jango para levar o País a uma ditadura de 21 anos”. Para uma reflexão sobre o momento, e o passado, Terra Magazine foi ouvir alguém com idade, história e autoridade para tanto.

Entre os dias 31 de Março e 1 de Abril de 1964, um golpe militar derrubou o governo João Goulart, o Jango. Dois funcionários foram os últimos a deixar o Palácio do Planalto depois do golpe. Um deles, o chefe da Casa Civil, Darcy Ribeiro. O outro, o Consultor-Geral da República, Waldir Pires. Ex-secretário de Estado, deputado estadual e federal, governador e senador, criador da Controladoria-Geral da União e ex-ministro da Defesa no governo Lula, Waldir Pires, aos 85 anos, é candidato a vereador pelo PT em Salvador. Na conversa que se segue, Waldir Pires discorre sobre o que já viveu e as relações ou semelhanças com o momento. Em um trecho da conversa, o ex- ministro da Defesa diz:

- Vamos ser claros: a oposição quer fazer com Lula o mesmo que fez com Getúlio Vargas e com Jango…até as expressões que usam são as mesmas, “mar de lama” é uma delas…

Em outro momento, avança:

- Eu já vi e vivi esse filme antes, e há amarras extraordinariamente suspeitas em tudo isso… o cheiro é o mesmo…

Abaixo, a entrevista.

Terra Magazine: Onde o senhor estava no dia do golpe que levou à ditadura em 1964?

Waldir Pires: Em Brasília, no Palácio do Planalto. Eu era o Consultor Geral da República… eu e o Darcy Ribeiro, Chefe da Casa Civil, fomos os últimos a deixar o Palácio quando derrubaram o presidente João Goulart, o Jango..

Seis partidos, PT, PMDB, PSB, PDT, PC do B e PRB, todos de sustentação ao governo Dilma, assinaram e lançaram uma nota pública. Nesta nota, acusam os partidos de oposição, PSDB, DEM e PPS, de estarem “dispostos a qualquer aventura” e de “não hesitarem em práticas golpistas”. O documento é apresentado em defesa “da honra e dignidade” do ex-presidente Lula…

…sim, eu tomei conhecimento da nota…

Como o senhor, aos 85 anos, tendo vivido o que já viveu e viu, vê esse momento?
Me parece evidente que a oposição, ao menos setores da oposição, estão agindo em relação ao ex-presidente Lula como um dia agiram em relação a Getúlio Vargas e João Goulart…

O senhor diria que já viu esse filme antes ou isso é um exagero dessa nota dos seis partidos?

Eu já vi e vivi esse filme antes, e há amarras extraordinariamente suspeitas em tudo isso…o cheiro é o mesmo…

Em que termos o senhor faz essa comparação?

Vamos ser claros: a oposição quer fazer com Lula o mesmo que fez com Getúlio Vargas e com Jango…até as expressões que usam são as mesmas, “mar de lama” é uma delas…

Mas não existiriam outros fatores objetivos no discurso da oposição? Assim como existem fatos que são objetos das críticas e denúncias e até do julgamento no Supremo…

Existem razões e fatos, mas o Brasil tem instituições funcionando e que são capazes de examinar os fatos sem que seja preciso pressão e a criação de um ambiente artificial. E diga-se que instituições fortalecidas exatamente durante os dois mandatos do governo Lula. Eu mesmo fui ministro-chefe da Controladoria-Geral da União que não existia até Lula. O governo Fernando Henrique tinha uma Corregedoria…

E qual a diferença?


A Controladoria fiscaliza e dá absoluta transparência a todos os gastos federais, está tudo na internet, cada centavo dos bilhões gastos pelo governo federal está no site. E mais. Tudo isso numa ação coordenada com o Ministério Público, no plano federal e nos Estados, com o Coaf, a Receita Federal, Polícia Federal…ora, quando falam no resultado disso, do aprofundamento das investigações nos casos de corrupção, como esquecem de dizer que isso, que essa coordenação de esforços, é obra exatamente dos governos de Lula e agora de Dilma?

Mas…

…a montagem dessa teia de acessos às informações e absoluta transparência, que leva a sociedade a ter acesso às informações, é obra de Lula, do governo Lula. Como é possível ignorar isso, esconder essa informação enquanto, ao mesmo tempo, se valem das informações que esse sistema coordenado de fiscalização e transparência permite obter?

Isso foi decisão pessoal dele ou foi acontecendo?

Decisão pessoal dele. Quando o presidente me convidou para o Ministério da Defesa me preocupei se poderia haver alguma modificação na atuação da Controladoria…o presidente Lula não apenas me garantiu que não como manteve minha equipe, e Jorge Hage está até hoje à frente da equipe com resultados e um trabalho que não apenas o Brasil reconhece. A ONU, a OEA e outros organismos internacionais já reconheceram e deram destaque a esse trabalho modernizador no setor de controle e transparência de informações…

Voltemos ao momento…

Vejo esse momento com preocupação, com inquietação. É um erro, e mais do que isso, não condiz com a verdade esse ambiente de que vivemos num “mar de lama”, que há “corrupção generalizada” desde o governo Lula…

Por que um erro?

Porque nossas instituições democráticas ainda são frágeis…porque isso não é verdade…a transparência, o acesso às informações, a atuação do Ministério Público, da Polícia Federal, a atuação conjunta nos últimos anos e os resultados disso mostram que esse ambiente desejado por certos setores é irreal, não é verdadeiro…o que há é que agora, depois de séculos, as informações, pela primeira vez na história, vêm a público…

O que lhe preocupa?

Me preocupa… há uma tendência nos últimos anos…os setores conservadores, ao invés de articularem golpes militares, agora dão golpes parlamentares… como se viu em Honduras, como se viu há pouco no Paraguai, e isso é precedido pela fomentação de um ambiente adequado para esses golpes parlamentares…

O que o senhor, objetivamente, detecta nessa “ambientação”…


A generalização, o procurar atingir os adversários a esse nível que estão fazendo e como estão fazendo ao invés do enfrentamento político democrático, enfrentamento com críticas duras, críticas e denúncias severas e tudo o mais, mas não com a criação de um ambiente artificial, e ainda mais quando isso parte dos setores de onde isso tem partido…

Ou seja…

Setores com figuras, instituições que construíram fortunas incalculáveis, que estão aí, e sem que nada ou quase nada fosse dito ou apurado… alguns desses personagens até já se foram e deixaram fortunas, até porque não existiam os mecanismos de fiscalização e transparência de agora, mas outros, bem mais recentes, estão por aí…como é possível querer que se acredite que a “corrupção nasceu ou cresceu” nos últimos anos, se foi exatamente nos governos de Lula e Dilma que iniciou o combate verdadeiro e eficaz, combate articulado e com o resultados que se conhece…isso é irreal e é uma farsa…

Por que irreal e…

É irreal fazer de conta que a corrupção é algo apenas “atual”, é irreal fazer de conta que não se conhece os fatos conhecidos, do passado distante e também do passado recente… é uma farsa desconhecer a história do mundo e do Brasil, e desconhecer o combate que vem sendo travado exatamente desde a consolidação de todos esses mecanismos de controle e transparência… A corrupção existe, ninguém está negando isso, mas existem mecanismos de controle e eles estão funcionando…

O senhor sabe que tentarão desqualificar, rotular suas observações…

Certamente, isso é parte desse processo todo…

Que papel a mídia tem e deveria ter diante disso? Como o senhor percebe a atuação da mídia?


O papel é o de dizer como as coisas realmente são e foram, dizer quais são os fatos verdadeiros…e por isso vejo com preocupação a atuação de certos setores…

Que setores?

Os setores conservadores. Há certas coisas muito parecidas, inclusive a expressão “mar de lama”, com a coisa terrível que a oposição fez com Getúlio… tentam fazer o que fizeram com Getúlio e depois com João Goulart, e tudo isso para impedir os avanços, querem, com Lula ou sem Lula, interromper os avanços do processo democrático, e o verdadeiro avanço se deu com a inclusão social. Esse é o avanço. Democracia é também, mas não apenas, o compromisso de liberdades formais. Democracia é, foi a inclusão social de 40 milhões de brasileiros que acontece desde Lula, e esse é o grande incômodo dos setores conservadores. Se a oposição quer vencer, que tenha um ideário e busque votos.

Quanto à imprensa, à mídia, o senhor pode ser mais específico quanto ao que pensa?

Eu era ministro da Defesa no governo Lula e fui a um programa de televisão para ser entrevistado. Por três ou quatro vezes o apresentador, que me recebeu de maneira muito gentil, repetiu “mas que vergonha o mensalão, hein?”, “mas que surpresa um mensalão”. Na quarta vez, respondi: “Mas como surpresa com um mensalão? Você não se lembra do ‘mensalão’ do IBAD, aquele que terminou em CPI em 1962?”. Aquilo era uma trama, uma articulação e preparação para um golpe de estado (NR: Instituto Brasileiro de Ação Democrática. Financiado por setores do empresariado e pela agência norte-americana CIA, o IBAD teve como objetivo financiar a eleição de opositores ao governo João Goulart e também setores da mídia. Por decisão judicial, o IBAD foi fechado em 1963). Se querem usar a expressão “mensalão”, como ignorar tantos mensalões da história do Brasil, inclusive os bem mais recentes? Se falam em “mensalão”, como se esquecem que isso de agora veio de Minas Gerais, e do PSDB?

O senhor já foi secretário estadual, deputado estadual e federal, consultor-geral da República, ministro, governador, o ministro que criou a Controladoria-Geral da União, foi exilado por seis anos e agora é candidato a vereador pelo PT em Salvador, aos 85 anos. Por quê?

Por dever de gratidão. Dever de consciência, por ver minha cidade maltratada, a administração pública indiferente e sem nenhum projeto consistente para seu desenvolvimento, submetida a um processo de corrosão moral que a todos causa indignação. Porque não há como olhar para o espelho e admitir para si mesmo não participar das grandes preocupações. As capitais, a nossa capital, são ou deveriam ser um núcleo de organização da vida, de inclusão social… Salvador foi a cidade onde conheci o mar. Isso já é muito…



As pararedações


do @pagina2

Esvaziadas por seguidos cortes de pessoal, redações utilizam material produzido por campanhas eleitorais como apuração própria


Imagem do filme Poltergeist

A conta não bate. Até 2003 o sexto andar no Estadão era dividido por um corredor. Metade era redação do JT. Na outra ficava o Estado. Os Mesquita foram demitidos, as redações foram integradas e hoje, o JT tem 50 profissionais. Uns 30 são jornalistas. A Folha segue o mesmo caminho. O online acabou e repórteres fazem texto para o jornal, site e agência.

O Len (@Len_Brasil) se perguntou outro dia como os jornais tem acessos a telefonemas de Lula, relatórios internos de Dilma.

Paranormais?

Sempre haverá palacianos dispostos a ajudar o trabalho de um jornal. Fogo amigo existe em todos os partidos. Mas, nos últimos anos, com o trabalho incansável de Serra em busca do poder, as produções terceirizadas ganharam espaço nas páginas dos jornais.

"Lembra de fulano?", perguntaram-me outro dia. Sim, respondi. Grande repórter. "Agora é repórter investigativo do Serra".

Gravações ilegais, arapongagem, invasões foram usada como arma política. A experiência do núcleo de espionagem montado por Serra na estrutura da Anvisa transformou numa redação surda, muda e telepática.

A campanha de Serra parece um iceberg. A parte visível é a menor. Submergida num mundo de ilegalidade há até uma redação completa. O pessoal veio das assessorias de governo de SP.

Com passaralhos a cada seis meses, muito e bons jornalistas foram trabalhar na comunicação corporativa. Vários foram contratados por secretarias e autarquias do governo e da prefeitura de SP. São editores, repórteres e redatores que produzem matérias investigativas contra adversários e sede a jornais e revistas que as publicam como se fosse levantamento interno.

O esquema é o mesmo operado por Cachoeira em Veja. Não há apuração de matéria. O que vem da campanha (ou dos grampos de Dadá e companhia) são tratados pelos jornais como verdade factual. Uma vez com cara de notícia é repercutido pelos outros entes do PiG.
Ou alguém pensou que com 30 jornalistas uma redação tem condições de fazer reportagens de fôlegos, ouvir fontes, cavar documentos?

19 setembro, 2012

Comprovado uso da máquina pública em apoio a Serra


Funcionários usaram dependências de escola municipal e consumiram alimentos destinados exclusivamente à merenda escolar antes de seguir de ônibus para plenária do tucano.




Reprodução recomendada, mas com os devidos links para a origem!  
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Com informações de Sergio Pecci 
Texto base de Aline Nascimento, do Portal Linha Direta


Os portões do Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (Cieja) do Cambuci foram abertos, excepcionalmente, na manhã do último sábado (15) para uma atividade que não estava prevista no calendário escolar: a concentração de funcionários para um ato de campanha de José Serra (PSDB), com a presença do ex-Secretário da Educação Municipal, Alexandre Schneider na gestão Gilberto Kassab e candidato a vice-prefeito na chapa tucana.

O Cieja do Cambuci funciona regularmente de segunda à sexta-feira, das 7h15 às 22h30. Mas, no último sábado as dependências da escola pública foram utilizadas como estacionamento dos carros dos funcionários. Estes, depois de um lanche destinado à merenda escolar, seguiram, em um ônibus alugado, até a plenária sobre educação organizada pela campanha de Serra no Teatro Municipal de São Paulo.

A denúncia



A denúncia foi recebida por telefone por uma pessoa que pediu para manter sua identidade em sigilo. Na ligação o denunciante afirmou a integrantes do Diretório Estadual do PT-SP, que funcionários do Cieja seriam coagidos a participar do evento. Para confirmar a informação, membros do Partido dos Trabalhadores de SP foram até a escola por volta das 9 horas de sábado.

Ainda dentro do carro, os militantes foram convidados a entrar para um café e puderam se locomover pelo prédio público, onde havia cerca de 20 pessoas, a maioria identificada como funcionários da escola se concentrada na sala dos professores.

Nesse local, uma pessoa que se identificou como diretora da unidade, oferecia bolinhos de uma caixa - cuja venda era proibida. “Ela (diretora) ofereceu e disse: ‘Pega. É o bolinho da prefeitura’”, contou Sérgio Pecci. Para acompanhar os militantes podiam escolher entre suco ou café.

Por volta das 10h15, os primeiros funcionários deixaram a escola e caminharam por aproximadamente 300 metros, contornando o terreno. Atrás das instalações da unidade, um ônibus da empresa Trans Comin os aguardava. Às 10h27 o veículo seguiu em direção à região central da cidade. Depois de uma viagem curta, de pouco mais de dez minutos, parou em frente ao Instituto do Câncer, nas imediações do Largo do Arouche, onde outros ônibus, de outras escolas também deixavam os passageiros-funcionários.

Ao desembarcar, os 20 passageiros do Cieja Cambuci receberam bandeiras e faixas da campanha de Serra. Mais cinco minutos de caminhada e o grupo chegou à concentração da plenária, em frente ao Teatro Municipal de São Paulo.

“É perceptível o intuito de não caracterizar, diante da imprensa chamada a cobrir a atividade, o uso da máquina pública. Tanto no embarque mais afastado da porta da escola, como no desembarque, feito metros distante do Teatro”, observa Pecci.

Cieja

O Cieja é uma escola municipal de Ensino Supletivo Gratuito, que oferece Ensino Fundamental - 1ª à 8ª série - para jovens e adultos acima de 15 anos, conforme definição encontrada no site da Prefeitura de São Paulo. O projeto teve início na gestão de Marta Suplicy, em 2003.

A equipe de reportagem do Portal Linha Direta encontrou em contato com a coordenação da unidade Cambuci que confirmou que a escola funciona de segunda à sexta-feira. Porém, uma funcionária explicou que “no sábado a escola foi aberta para que os professores guardassem os carros para irem a uma atividade”.


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Atualização

A Folha reproduziu a denúncia, mas Schneider disse que "não sabia". Quem sabe, então?


Recorte do Painel da Folha de Sâo Paulo de 19/09/2012
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Outras denúncias:

Ato pró-Serra foi convocado pela Secretaria de Educação

Serra, o vice e a máfia dos uniformes

Caixa 2 do PSDB vem da Educação, denuncia empresário

Os negócios da Abril com a prefeitura e com o estado de SP

17 setembro, 2012

Final de semana na sucursal da Veja






- Ficou perfeito. Muito bem
- Opa!
- Era aquilo mesmo que a gente pensou, né?
- Oh!
- O cara confirmou tudo
- Confirmou.
- Você conseguiu pegar ele. Excelente
- Não. Tipo. Me disseram tudo.
- Tudo?
- Tudo. Iguazinho. O cara tá puto. Se sentindo injustiçado.
- Perfeito. E ele envolveu o Lula nesse lixo todo
- Ah, tipo, que só pegou peixe pequeno. Aquilo, sabe?
- Do Lula. Você perguntou do Lula, né? Boa, rapaz
- Opa!
- E ai?
- Aí foi aquilo né?
- Sei
- Não pegaram o cara porque ele não falou.
- Ótimo. Então ele falou.
- Tipo, falou.
- Gravou tudo?
- Opa. Tá tudo anotado.
- Anotado?
- Então, aquilo que falei.
- Não. Perguntei se tá gravado o que ele falou.
- Não.
- Como não?
- Tipo, foi os parentes, sabe?
- Que parente?
- Os parente, pô. Vizinho, tio, sabe? Todo mundo ouviu ele falar
- Que todo mundo, tá maluco?
- As fonte, pô.
- Que fonte?

Pano Rápido

- Os caras do jurídico ligaram ai pra saber da fita.
- Opa. Então. Tá tudo anotado.
- O cara falando?
- Não, os parente, pô

Pano rápido 2

- Os caras jurídico ligaram. Estão esperando a fita pela manhã.
- Que manhã? Amanhã?
- É pô.
- Quem disse?
- O cara do Globo.
- Ele disse o quê?
- Como o quê? Você não viu, pô?
- Eu liguei pra ele. Contei uma história lá, mas ele tava ocupado.
- Ocupado?
- É, tipo, no banheiro.

Manter viva a causa do PT : para além do “Mensalão”





Leonardo Boff*

Há um provérbio popular alemão que reza: “você bate no saco mas pensa no animal que carrega o saco”. Ele se aplica ao PT com referência ao processo do “Mensalão”. Você bate nos acusados mas tem a intenção de bater no PT. A relevância espalhafatosa que o grosso da mídia está dando à questão, mostra que o grande interesse não se concentra na condenação dos acusados, mas através de sua condenação, atingir de morte o PT.

De saída quero dizer que nunca fui filiado ao PT. Interesso-me pela causa que ele representa pois a Igreja da Libertação colaborou na sua formulação e na sua realização nos meios populares. Reconheço com dor que quadros importantes da direção do partido se deixaram morder pela mosca azul do poder e cometeram irregularidades inaceitáveis.

Muitos sentimo-nos decepcionados, pois depositávamos neles a esperança de que seria possível resistir às seduções inerentes ao poder. Tinham a chance de mostrar um exercício ético do poder na medida em que este poder reforçaria o poder do povo que assim se faria participativo e democrático.

Lamentavelmente houve a queda. Mas ela nunca é fatal. Quem cai, sempre pode se levantar. Com a queda não caiu a causa que o PT representa: daqueles que vem da grande tribulação histórica sempre mantidos no abandono e na marginalidade. Por políticas sociais consistentes, milhões foram integrados e se fizeram sujeitos ativos. Eles estão inaugurando um novo tempo que obrigará todas as forças sociais a se reformularem e também a mudarem seus hábitos políticos.

Por que muitos resistem e tentam ferir letalmente o PT? Há muitas razões. Ressalto apenas duas decisivas.

A primeira tem a ver com uma questão de classe social. Sabidamente temos elites econômicas e intelectuais das mais atrasadas do mundo, como soia repetir Darcy Ribeiro. Estão mais interessadas em defender privilégios do que garantir direitos para todos. Elas nunca se reconciliaram com o povo. Como escreveu o historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma no Brasil 1965,14) elas “negaram seus direitos, arrasaram sua vida e logo que o viram crescer, lhe negaram, pouco a pouco, a sua aprovação, conspiraram para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continuam achando que lhe pertence”.

Ora, o PT e Lula vem desta periferia. Chegaram democraticamente ao centro do poder. Essas elites tolerariam Lula no Planalto, apenas como serviçal, mas jamais como Presidente. Não conseguem digerir este dado inapagável. Lula Presidente representa uma virada de magnitude histórica. Essas elites perderam. E nada aprenderam. Seu tempo passou. Continuam conspirando, especialmente, através de uma mídia e de seus analistas, amargurados por sucessivas derrotas como se nota nestes dias, a propósito de uma entrevista montada de Veja contra Lula. Estes grupos se propõem apear o PT do poder e liquidar com seus líderes.

A segunda razão está em seu arraigado conservadorismo. Não quererem mudar, nem se ajustar ao novo tempo. Internalizaram a dialética do senhor e do servo. Saudosistas, preferem se alinhar de forma agregada e subalterna, como servos, ao senhor que hegemoniza a atual fase planetária: os USA e seus aliados, hoje todos em crise de degeneração. Difamaram a coragem de um Presidente que mostrou a autoestima e a autonomia do país, decisivo para o futuro ecológico e econômico do mundo, orgulhoso de seu ensaio civilizatório racialmente ecumênico e pacífico. Querem um Brasil menor do que eles para continuarem a ter vantagens.

Por fim, temos esperança. Segundo Ignace Sachs, o Brasil, na esteira das políticas republicanas inauguradas pelo do PT e que devem ser ainda aprofundadas, pode ser a Terra da Boa Esperança, quer dizer, uma pequena antecipação do que poderá ser a Terra revitalizada, baixada da cruz e ressuscitada.

Muitos jovens empresários, com outra cabeça, não se deixam mais iludir pela macroeconomia neoliberal globalizada. Procuram seguir o novo caminho aberto pelo PT e pelos aliados de causa. Querem produzir autonomamente para o mercado interno, abastecendo os milhões de brasileiros que buscam um consumo necessário, suficiente e responsável e assim poderem viver um desafogo com dignidade e decência.

Essa utopia mínima é factível. O PT se esforça por realizá-la. Essa causa não pode ser perdida em razão da férrea resistência de opositores superados porque é sagrada demais pelo tanto de suor e de sangue que custou.


*Leonardo Boff é teólogo, filósofo, escritor e dr.h.causa em politica pela Universidade de Turim por solicitação de Norberto Bobbio.
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16 setembro, 2012

Serra deu uma mega-sena por mês à mídia demotucana




por Saul Leblon
no CartaMaior

Na campanha presidencial de 2010, Serra deu R$17,6 milhões por mês ao dispositivo midiático demotucano para veicular publicidade do governo de São Paulo. É como se o tucano transferisse 980 salários mínimos por dia (40 salários por hora), uma Mega-Sena por mês (a deste sábado é de R$ 17 milhões) aos veículos que o apóiam.

Durante a gestão Serra em SP (2007/2011), o governo do Estado transferiu R$ 608,9 milhões à mídia 'isenta' para comprar espaço publicitário. Significa que Serra, sozinho, repassou aos veículos que formam o dispositivo midiático conservador um valor equivalente a 30% dos gastos totais com publicidade do governo federal no mesmo período. Os valores absolutos foram publicados pela Folha deste sábado.

O auge da generosidade tucana foi no ciclo eleitoral de 2009/2010: R$ 246 milhões. A Globo foi a mais aquinhoada na gestão Serra: R$ 210 milhões, 50% do total destinado a TVs, embora sua fatia na audiência seja declinante no período: caiu de 41% para 38% do total. Serra destinou às TVs religiosas mais recursos do que à TV Cultura, cuja audiência é superior.

A empresa de publicidade que intermediou a maioria dos contratos, ficando com 20% de comissão - como acontecia com o Valerioduto - foi a 'Lua', cujo proprietário é Rodrigo Gonzales. Rodrigo vem a ser filho do publicitário Luiz Gonzales, o marqueteiro de Serra e Alckmin, que fez a campanha presidencial do tucano em 2010 e comanda a atual, à prefeitura de SP. A agencia Lua também tem a conta publicitária da Dersa e do programa Nota Fiscal Paulista.( valores divulgados pela Folha; 15-09)

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14 setembro, 2012

Algo vai mal quando vemos cachorro tentando morder o próprio rabo



Algo vai mal.
Leio notícia no Sul21 sobre a aplicação das verbas publicitárias do governo federal. O que espanta não é o fato de os dez maiores veículos de comunicação concentrarem 70% dos investimentos. Sequer o fato de o valor divulgado não incluir os valores gastos pelas estatais, isto é, os verdadeiros grandes anunciantes, tipo Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Petrobrás, etc.
O que espanta é a explicação da ministra da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas. Disse ela, à Folha de São Paulo, que “É inevitável que o maior volume de pagamentos seja dirigido a meios e veículos de maior audiência, que atingem um maior público, como é o caso da televisão”.
O governo investe mais nas maiores e as maiores, por sua vez, ficam “mais maiores” porque recebem mais investimentos. E assim o cachorro segue tentando morder o próprio rabo, sem se dar conta de que nunca conseguirá. Analogia: assim o governo nunca conseguirá fazer o que deve, pois dedica sua atenção quase que exclusivamente ao rabo (ou será à cabeça?).
Algo vai mal.
O governo não faz ou não quer fazer as contas certas. Se a questão é atingir “um maior público”, poderia investir de forma diferente. Primeiro, que já tenho por duvidosa essa necessidade de investir em publicidade (ou ao menos tanto quanto é investido), mas esse não é o caso aqui. Segundo, que é função do governo estimular a existência das pequenas mídias locais: rádios, jornais, mídias comunitárias, etc.  Atingirá, com certeza, o mesmo número de pessoas que assistem as novelas na televisão. E ainda estará desenvolvendo um mercado de trabalho muito maior do que o mercado que as dez maiores geram, pois todos sabem o quão restrita é essa indústria.
A desculpa da ministra significa apenas isso: a desculpa de um cachorro mordendo o próprio rabo. A desculpa de uma filosofia implantada há muitos anos, pela indústria da mídia, e que faz com que quem chegue ao governo acredite piamente que investir em publicidade só dá retorno se for realizado nas grandes mídias, pois eles atingem “um maior público”.
Algo vai mal.
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Leia também 

Audiência e faturamento da grande mídia: a vilã internet


Uma chaga viva na Secom do governo Dilma

Por Hildegard Angel
do R7 




O jornal da internet Correio do Brasil, um dos veículos mais sabidamente independentes da mídia virtual e de claro apoio ao governo da presidenta Dilma Rousseff, publica em sua edição de hoje uma longa matéria que faz refletir e deixa entreaberta uma chaga que, se os pronto-socorristas do Planalto não se tocarem e agirem rapidamente, reformulando posições, pode se alastrar na mídia independente e de apoio a Dilma, nesta primavera brasileira, com a mesma velocidade e o mesmo ímpeto com que se alastrou a fúria, mal comparando, na primavera árabe. Só que desta vez os insurgentes não iriam contra a tirania dos ditadores, mas contra o histórico servilismo de nossos políticos à mídia poderosa...

O Correio do Brasil denuncia o desequilíbrio na distribuição da verba pública publicitária, durante o Governo Dilma, favorecendo a imprensa conservadoracom um naco de 70% do seu grande bolo. Traduzindo: do total de R$ 161 milhões pagos aos meios de comunicação, durante o período Dilma, R$ 112 milhões foram destinados para apenas dez empresas, o chamado Grupo dos 10. Isto é: dosapenas três mil veículos cadastrados para participar dessa verba, somente 10 empresas de mídia ficam com esse enorme NHAC, essa fatia fabulosa, essa saborosa bocada. Os demais 2.990 dividiram os restantes R$ 48,3...

O critério da ministra Helena Chagas, secretária de Comunicação, não é obrigatoriamente o do conteúdo ou o da qualidade. É aquele do 'quem tem mais público leva mais', segundo reclama o Correio do Brasil, queixando-se de que, embora apresente níveis de audiência e de leitura superiores à maioria dos veículos de comunicação, inclusive do Grupo dos 10, não integra nem mesmo a lista doGrupo dos 3 mil veículos beneficiados com os recursos públicos...

Nisso tudo, é importante destacar, que, de modo admirável, essa imprensa independente, embora excluída da relação de órgãos cortejados pela secretaria de Comunicação, tem mantido a mesma coerência em sua linha editorial, não partindo para o ataque ao Governo Dilma nem praticando qualquer tipo de "retaliação", como seria de se esperar se se tratasse de uma imprensa "de balcão"...

Enquanto, por outro lado, o bem aquinhoado Grupo dos 10, formado pela imprensa conservadora, que esteve unida contra a então candidata Dilma Rousseff, numa oposição exercida de modo rude e violento, agora se mostra simpático à Dilma presidenta, faz-lhe a corte de forma sedutora, não economiza em elogios e gira os olhos como se estivesse diante de gratíssima surpresa, o que só nos faz pensar que praticava um jornalismo de quem não pesquisou direito...

Falando em pesquisa, lendo a Folha de São Paulo de 28 de dezembro de 2010, somos levados a concluir que a ministra Helena Chagas foi generosa ao contrário, reduzindo a três mil os contemplados com a verba publicitária governamental, quando, ao fim do Governo Lula, eram mais de oito mil veículos...

A notícia da Folha: "Em oito anos de mandato, o presidente Lula elevou de 499 para 8.094 o número de órgãos de comunicação que recebem verbas publicitárias do governo federal. A alta, de 1.522%, beneficiou veículos espalhados por 2.733 municípios; em 2003, eram 182 cidades. Os dados incluem jornais, revistas, rádios, TVs e "outros", categoria que inclui sites e blogs, saltou de 11 para 2.512 veículos no mesmo período".

LINK para a Folha de São Paulo: "Planalto pulveriza sua propaganda em 8.094 veículos" - http://is.gd/8fyvjR /

Releva notar que o articulador e principal responsável por essa redistribuição da verba publicitária durante o Governo Lula, passando os veículos cadastrados de 499 para mais de oito mil, eliminando essa concentração detrimental à imprensa brasileira como um todo, foi o ex-ministro Chefe da Casa Civil José Dirceu, então chefe do ministro Luís Gushiken. Antes disso, para cada R$ 1 de verba publicitária do governo, apenas um grande grupo ficava com R$ 0,80. Eram 80%só para aquele grande grupo, que no período Lula limitou-se a receber 16%...

É esta, leitores, a verdade que todos calam. E é sobretudo por ela que a grande mídia conservadora deste país detesta José Dirceu, quer vê-lo morto e, se isso não for possível, pelo menos preso...

13 setembro, 2012

A flexibilização da lei dos Agrotóxicos no RS (entenda o caso)

Por Lucio Uberdan

A sequência abaixo de twittes pergunta aos candidatos a prefeito de Porto Alegre sobre o tema da flexibilização da lei dos agrotóxicos no Rio Grande do Sul, aprovada na CCJ da AL/RS (11/09), bem como problematiza matéria de @zerohora (13/09) sobre o aumento do envenenamento dos alimentos.
    Desde terça-feira passada (11/09) o tema dos agrotóxicos reanimaram minha indignação, além de já ser um problema gigantesco, agora o Rio Grande do Sul ainda pretende flexibilizar ainda mais a lei que orienta o uso deles, abaixo explico o tema:
  1. luciouberdan
    Estão flexibilizando o uso dos agrotóxicos no RS, passou na CCJ ontem, e pode chegar na tua mesabit.ly/QIPCKY (2)
  2. E provoquei a questão:
  3. luciouberdan
    E eu sigo curioso pelos votos da CCJ ontem na AL/RS, aprovaram o PL q flexibiliza o uso dos agrotóxicos no RS bit.ly/QIPCKY
  4. Na sequência ví que a Dep. @marisaformolo (PT) twittou sobre um seminário com o tema dos Agrotóxicos, comentei por twitter com ela:
  5. luciouberdan
    @marisaformolo esperamos que o seminário seja um início d bloqueio a flexibilização dos agrotóxicos ontem na CCJ.
  6. marisaformolo
    @luciouberdan tratei desse tema em minha fala. Essa flexibilização envergonha os gaúchos q lutam pela agricultura ecológica e sustentável.
  7. E provoquei a questão novamente, mas somente @villaprefeito (PT) me respondeu:
  8. luciouberdan
    As candidaturas de POA precisam ter coragem d debaterem a votação d CCJ de ontem na AL/RS#agrotoxico (1)
  9. VillaPrefeito
    @luciouberdan não ao retrocesso da pol. ambiental do RS e BR, comandada p/ setores conservadores e seus aliados, avessos a sustentabilidade.
  10. VillaPrefeito
    @luciouberdan estes setores conservadores sao os mesmos q sao contra politicas d cotas e d distribuição d renda, chamando d assistencialismo
  11. Ficou por isso mesmo, porem hoje teve matéria na @zerohora sobre tema correlato:

  12. luciouberdan
    Na ZH hj: "agrotóxicos triplicam no Brasil", 28% dos alimentos c/nível d contaminação acima d permitido (1) pic.twitter.com/8OZo0kzR
  13. Resolvi então problematizar novamente:
  14. luciouberdan
    Frente a matéria de ZH, alimento contaminado p/agrotóxico, o que pensam os candidatos@villaprefeito @_manuela65 e @josefortunati (2)
  15. luciouberdan
    (3) A CCJ na AL/RS aprovou a flexibilização dos agrotóxicos no RS, qual posição d seus partidos@_manuela65 @josefortunati @villaprefeito ?
  16. @_manuela65 me responde de forma genérica sem abordar a questão da votação na CCJ, apenas a matéria de ZH:
  17. _manuela65
    @luciouberdan defendo zona rural Poa como produtora de alimentos orgânicos.
  18. luciouberdan
    @_manuela65 obrigado, e seu partido foi a favor ou contra flexibilizar a lei de uso de agrotóxicos no RS, 2 dias atrás na CCJ da AL/RS?
  19. A deputada @_manuela65 não respondeu mesmo eu reforçando a segunda pergunta. A resposta para a segunda questão veio apenas de @villaprefeito:
  20. VillaPrefeito
    @luciouberdan julgamos pol. ambiental fundamental p/ RS e BR. P/ isso estivemos a frente da luta contra retrocesso Cod Florestal, #VetaDilma
  21. Ela (@_manuela65) não respondeu mais, mas várias pessoas e entidades comentaram @colaboratorium
    @crisprodrigues @CEAong @videoeco, abaixo, e dezenas de outras deram RT no meus twittes, como por exemplo @gnueverton @gilmardarosa @CintiaBarenho @JoiceProenca @Jurandir_Sfa@Margaretsd @crisgiaretta @sandrabporto @bionatexpo @espacoautonomo @vnsantos1981@M100Globope @luizmuller @DeniseSQ @sergionogueira @RB9BR

  1. CEAong
    Vanguarda do Retrocesso: PL muda lei dos Agrotóxicoshttp://goo.gl/isyZJ Via @CEAong #ecologiaou não
  2. crisprodrigues
    #Villa13 é contra agrotóxicos #ondavermelha RT@VillaPrefeito@luciouberdan sou completamte contra proposta.É conservadora e um retrocesso!
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Para saber mais, recomendo dois posts no RS Urgente, o blog que está sendo perseguido pelo prefeito e candidato à reeleição, Fortunati.

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