30 setembro, 2011

Dilma super aprovada



A avaliação do desempenho de Dilma Rousseff melhorou! Para desespero de quem passou dias e dias e gastou caracteres, bytes e ondas convocando marchas contra o governo, só 2% dos entrevistados lembraram delas. 
A aprovação da maneira como a presidenta governa subiu de 67% para 71%, segundo a pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A pesquisa avalia trimestralmente a opinião pública no que diz respeito à administração federal. 
O estudo revela a imagem do governo, da presidente, e traz também a percepção da população sobre temas importantes como desemprego e medidas com impacto direto na economia. 
A avaliação do governo também melhorou nos últimos três meses. O percentual de entrevistados que consideram o governo da presidente "ótimo" ou "bom" subiu de 48% para 51%.
Questionados sobre os assuntos veiculados pelos jornais as denúncias de corrupção  ficaram à frente com 19%. Em seguida vieram a "faxina" promovida pela presidente após as acusações, com 13%, e os investimentos em obras para a Copa do Mundo de 2014 com 10%.
A pesquisa foi feita entre os dias 16 e 20 de setembro com 2.002 pessoas em 141 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.


Denise Queiroz 




Bolívia: suspensão da obra será suficiente?


O governo boliviano decidiu suspender temporariamente a construção da rodovia que gerou os conflitos de domingo, quando cerca de 100 policiais reprimiram com violência o povo Tipni, que protestava contra o traçado da estrada que, originalmente, dividiria o seu território o Parque Nacional Isiboro Sécure. A promessa de Evo Morales é de negociaçar com os povos dos territórios que seriam afetados pela obra e de um referendo para definir a nova rota.

Também foi confirmado o convite à Corte Interamericana de Direitos Humanos e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) para integrar a comissão que vai investigar a violência contra aproximadamente mil e quinhentos manifestantes, que caminham desde 15 de Agosto rumo a La Paz.

A violenta repressão ocorreu depois que o chanceler boliviano, David Choquehuanca, teria sido obrigado a caminhar, no sábado, por mais de uma hora com os índios. O episodio causou uma onda de manifestações contra o presidente Evo Morales e desatou uma crise em seu gabinete.  A ministra da Defesa Cecilia Chacón pediu demissão segunda-feira e criticou o uso da violência. Na terça, foi a vez do ministro do Interior, Sacha Llorenti, que, ao anunciar a demissão, responsabilizou pela violência o seu vice, Marcos Farfán. Este negou seu envolvimento e também se demitiu.

O vice-presidente Álvaro García Linera disse que o governo já sabe quem foi o responsável pela ordem para atacar os manifestantes, mas vai esperar pela investigação da comissão. Ele também  denunciou meios de comunicação que mentiram ao noticiar alguns excessos que não teriam havido. 

O presidente Evo Morales, ao empossar os novos ministros, na terça à noite,  pediu desculpas pelos flagrantes excessos  e garantiu que a ordem para reprimir não partiu do governo. "Quero que saibam: não houve nenhuma instrução nem jamais pensamos que poderia ocorrer dessa maneira. Dói bastante, como vítimas que fomos, em muitas oportunidades, da repressão da forças públicas". 

Mas nem o pedido de desculpas do presidente, nem a denúncia de manipulação da mídia foram suficientes para acalmar os ânimos dos Tipnis, que ontem à noite retomaram a marcha rumo à La Paz denunciando que três membros do grupo continuam desaparecidos. Eles agora contam com o apoio de estudantes universitários e outras organizações que se solidarizam com os indígenas. E a poderosa COB, central Operária da Bolívia, até pouco tempo aliada do governo, promete juntar-se aos protestos contra a rodovia e ameaça greve geral, caso o acordo salarial feito em abril não seja cumprido.


Segundo as agências  Efe e Reuters, pesquisas já indicam a queda de popularidade de Evo, reeleito em 2009 com 64% dos votos. Segundo sondagem do instituto Ipsos Apoyo, divulgada antes do ataque contra a marcha indígena, o índice de aprovação tinha caído para 37% - o segundo menor desde o início do ano. Em fevereiro, chegou a 32% depois dos protestos contra o aumento do preço da gasolina. A reprovação do presidente é de 51%.
marcelosouzam.com.br
A estrada que  atravessa o Parque Nacional Isiboro-Secure, está sendo construída pela brasileira OAS. A previsão é que a rodovia tenha 300 quilômetros e custe US$ 420 milhões (R$ 756 milhões). A obra conta com a cooperação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o financiamento de compra de materiais, bens e serviços. A Oas descartou qualquer tipo de impacto econômico caso haja um acordo para uma pequena mudança no traçado inicial da segunda parte, compreendida entre Villa Tunari e Santo Inácio de Moxos, que uniria os departamentos de Cochabamba e Beni.


Tecido por Denise Queiroz com ajuda na pesquisa de Sergio Pecci


FontesDiário Liberdade,  Estadão, TelesurTV Página 12 , Fundación Tierra,  Jornal Corporativo

29 setembro, 2011

A mentira sobre a saúde de Chávez

Print do Miami Heral on line 
Original de Chevige González Marcó/ La Radio del Sur, traduzida por mim


Às 11h20min da manhã, hora da Venezuela, o portal digital do jornal americano “Miami Herald” exibia na capa um notícia intitulada “Insuficiência renal mantém a saúde de Chávez por um fio”.  Isso apenas depois de 4 horas da comunicação telefônica entre Chavez e o Programa Toda Venezuela, do canal estatal Venezuelana de Televisão, onde havia reiterado que se encontrava em boas condições de saúde e seguia avançando em sua plena recuperação.

O Novo Herald não retificou sua informação, preferiu manter a notícia baseada em fontes anônimas que, supostamente, haviam informado em off que o presidente Chavez tinha sido “internado de emergência no hospital militar e os médicos estavam considerando a possibilidade de transferi-lo ao hospital particular Clínicas Caracas, onde poderia ser melhor tratado do problema de insuficiência renal!

O diário se atreveu ainda a sinalizar que suas fontes, anônimas, haviam visto o presidente venezuelano sair de Miraflores (sede do governo venezuelano) até o hospital militar. Além disso, avançou nas especulações sobre a saúde de Chávez, mas a única fonte mencionada foi Gustavo León, um médico que há 30 anos mora em Miami. Este ainda ousou adiantar uma expectativa a respeito do diagnóstico que o jornal publicou de fonte não identificada.
“Eu seria o primeiro, todo o povo me conhece, em sair a dizer ou comunicar qualquer dificuldade no processo de recuperação que fosse anormal nesta fase do tratamento”, manifestou-se Chavez respondendo assim à onda de rumores sobre sua condição de saúde ao término da quarta e última fase do tratamento de quimioterapia.

O chefe de estado lembrou que a campanha de rumores e manipulação informativa segue  uma estratégia desenhada por laboratórios de guerra psicológica.

Ao finalizar a redação desta notícia, o Novo Herald ainda continuava falsificando a realidade com uma capa carregada de mentiras. 


Dica da @midiacrucis 


#Occupywallstreet se espalha pelos EUA

Enquanto Obama coloca a culpa pela crise na Europa, há 12 dias milhares de americanos se manifestam em Wall Street num movimento que se espalha pelo país. Já há convocação para manifestações do mesmo tipo para as ruas de Chicago e Los Angeles. 
E a "maior democracia do mundo", como se auto denominam os americanos, mostra sua cara. Vários vídeos disponíveis no youtube mostram a repressão ao movimento, gás de pimenta sendo generosamente distribuído pelos policiais até em quem está só de passagem, e manifestantes sendo presos como se criminosos fossem. A mídia, claro, cala. As poucas notícias, sempre em planos fechados,  ou em notas quase invisíveis para os leitores, não mostram a repressão. 
Além dos milhares de manifestantes que ocupam a rua da principal bolsa de valores do mundo em protesto contra a crise,  que já é comparada à de 29 por muitos estudiosos, e suas piores conseqüências - o desemprego, o despejo e a falta de atendimento médico - o movimento conta com o apoio do cineasta Michael Moore, do filósofo e linguista Noam Chomsky, da atriz Susan Sarandon, entre outras personalidades conhecidas.



Vídeo e mais informações estão também no link: #Occupywallstreet , em inglês.



Para Obama, crise na Europa assusta o mundo


Qual crise preocupa mais: a da Europa ou a dos Estados Unidos? Obama acha que é a da Europa. Não seria um pouquinho mais maduro procurar soluções do que apontar o dedo para o nariz alheio? 
As palavras não foram muito bem recebidas, nem no velho continente, nem pela "insuspeita" imprensa americana. 


Nesta terça-feira (27/09), Obama disse que a União Europeia passa por uma crise que está “assustando o mundo”. Segundo o presidente norte-americano, as decisões das autoridades européias não estão sendo tomadas com a rapidez que deveriam ser. O principal foco de preocupações no momento são as contas públicas da Grécia, que recebeu um auxílio bilionário da União Européia, mas ainda corre o risco de decretar moratória.
As declarações de Obama também repercutiram mal na imprensa da Europa. Na Alemanha, o jornal Bildqualificou a leitura do presidente norte-americano sobre a crise como “prepotente, arrogante e absurda”. “Em poucas palavras, ele está afirmando que a culpa pela atual crise financeira que está ‘assustando o mundo’ é da Europa. Excuse me?", protestou o jornal.
O Bild disse ainda que Obama “parece ter esquecido” que a crise financeira e econômica global foi iniciada nos EUA, com a desregulamentação do sistema bancário e o estouro da bolha no mercado imobiliário. A fala de Obama lhe rendeu críticas também dentro dos EUA. O comentarista John Caffrerty, da CNN, lembrou que o democrata critica a situação fiscal na Grécia enquanto comanda um país cuja dívida passa dos US$ 14 trilhões.
Há pouco mais de dois meses, foram os EUA que “preocuparam”o mundo, quando um impasse entre democratas e republicanos sobre o aumento do limite de endividamento público deixou o governo norte-americano à beira do calote.
Obama também enfrenta problemas para reaquecer a economia de seu país. Neste mês, ele propôs um pacote de incentivo de US$ 447 bilhões, com corte de impostos e investimentos em obras. A taxa oficial de desemprego nos EUA se mantém acima de 9% há mais de um ano. É o pior cenário desde a Grande Depressão. Mas a realidade pode ser ainda pior, já que analistas apontam que a metodologia do governo subestima o número de pessoas desempregadas, que pode estar acima de 20% da população economicamente ativa.
O governo de Israel confiscou 80 hectares da aldeia palestina de Beit Umar, na Cisjordânia, para construir uma estrada para uma de suas colônias, informou nesta quarta-feira a agência de notícias palestina "WAFA". 
Segundo o porta-voz do Comitê Nacional contra o Muro e os Assentamentos, Mohammed Awad, as autoridades israelenses comunicaram a decisão à prefeitura da aldeia, situada ao sul de Hebron. Parte das terras confiscadas pertencem à escola agrícola de Beit Umar. 
Com oito quilômetros de comprimento e um e meio de largura, a nova estrada partirá do assentamento de Etzion, atravessando a aldeia palestina. Sua construção está prevista para a próxima semana. 
Essa decisão acontece um dia depois de a Comissão de Planejamento do Distrito de Jerusalém ter anunciado a aprovação da construção de 1.100 imóveis na colônia judia de Gilo, em Jerusalém Oriental.
A aprovação da expansão do assentamento foi condenada pela comunidade internacional e pelos palestinos, que se negam a retornar à mesa de negociação com os israelenses enquanto estes continuarem a colonizar seus territórios.


28 setembro, 2011

Lula: transformar a idéia de futuro em ações

Antes de receber o diploma de Doutor Honoris Causa na Sciences Po, Lula falou sobre os jovens, sua importância na transformação do mundo, relações internacionais e muito mais. 
Super vale a pena!





Dica do @gersoncarneiro

27 setembro, 2011

Chomsky solidário com #occupywallstreet






"Quem tenha olhos de ver conhece o gangsterismo de Wall Street -- das instituições financeiras em geral -- e sabe que causou grave dano ao povo dos EUA (e do mundo). Deve-se saber também que tem sido isso, com danos cada vez maiores, há 30 anos, e que o poder de Wall Street e das instituições financeiras aumentou radicalmente e, com ele, o seu poder político.



Wall Street e as instituições financeiras iniciaram um ciclo vicioso que levou a imensa concentração de riqueza e, com ela, também do poder político, em um pequeníssimo setor da população, uma fração de 1%. Ao mesmo tempo, o resto da população foi transformada no que às vezes é chamado de "um precariato" -- lutando para sobreviver numa existência precária.



Wall Street e as instituições financeiras também praticam em impunidade quase completa as suas atividades nefastas: são não só "grandes demais para quebrar"; também são "grandes demais para a cadeia".


Os corajosos e honrados protestos em curso em Wall Street devem chamar a atenção pública para essa calamidade e levar a esforços concentrados e dedicados para superá-la e orientar a sociedade para uma via mais saudável. 

Noam Chomsky"


Tradução: Coletivo Vila Vudu, publicado por Adriano S. Ribeiro 

Mais informações e detalhes em português sobre o #occupywallstreet no blog Relatividade. 


Os escravagistas contra Lula

Doutor “honoris causa” é o titulo atribuído à personalidade que se tenha destacado pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos. 
Lula é a 16ª personalidade – a primeira latino-americana – que recebe essa láurea do Instituto de Estudos Políticos de Paris desde a fundação da Sciences Po, em 1871. O último titulado pela instituição foi o ex-presidente tcheco Václav Havel, em 2009. 
Colo aqui, no original, a excelente matéria de Martín Granovsky, publicada hoje no Página12, onde fica evidente a aversão de uma certa elite contra a decisão do Sciences Po de conceder a Lula um título que tão poucos tiveram a honra de ser merecedores.  Essa elite, nojenta por anacrônica, teve a resposta merecida:  “Os que avaliam quem são os melhores são os outros, não os que são iguais" explicou Richard Descoings. Com esse didatismo todo, talvez a pobre correspondente brasileira tenha entendido o que seu chefe parece ter dificuldade. 




Pueden pronunciar sians po. Es, más o menos, la fonética de sciences politiques. Con decir Sciences Po basta para aludir al encastre perfecto de dos estructuras, la Fundación Nacional de Ciencias Políticas de Francia y el Instituto de Estudios Políticos de París.
No es difícil pronunciar Sians Po. Lo difícil es entender, a esta altura del siglo XXI, cómo las ideas esclavócratas siguen permeando a gente de las elites sudamericanas.
Hoy a la tarde, Richard Descoings, director de Sciences Po, le entregará por primera vez el doctorado Honoris Causa a un latinoamericano: el ex presidente de Brasil, Luiz Inácio “Lula” da Silva. Hablará Descoings y hablará Lula, claro.
Para explicar bien su iniciativa, el director convocó a una reunión en su oficina de la calle Saint Guillaume, muy cerca de la iglesia de Saint Germain des Pres, en un contrafrente desde el que podían verse los castaños con hojas amarillentas. Meterse en la cocina siempre es interesante. Si uno pasa por París para participar como ponente de dos actividades académicas, una sobre la situación política argentina y otra sobre las relaciones entre la Argentina y Brasil, no está mal que se meta en la cocina de Sciences Po.
Le pareció lo mismo a la historiadora Diana Quattrocchi Woisson, que dirige en París el Observatorio sobre la Argentina Contemporánea, es directiva del Instituto de las Américas y fue quien tuvo la idea de organizar las dos actividades académicas sobre la Argentina y Brasil de las que también participó el economista e historiador Mario Rapoport, uno de los fundadores del Plan Fénix hace 10 años.
Naturalmente, para escuchar a Descoings habían sido citados varios colegas brasileños. El profesor Descoings quiso ser amable y didáctico. Sciences Po tiene una cátedra de Mercosur, los estudiantes brasileños acuden cada vez más a Francia, Lula no salió de la elite tradicional de Brasil, pero llegó al máximo nivel de responsabilidad y aplicó planes de alta eficiencia social.
Uno de los colegas preguntó si estaba bien premiar a quien se jacta de no haber leído nunca un libro. El profesor mantuvo su calma y lo miró asombrado. Quizá sepa que esa jactancia de Lula no consta en actas, aunque es cierto que no tiene título universitario. Tan cierto es que cuando asumió la presidencia, el 1º de enero de 2003, levantó el diploma que les dan en Brasil a los presidentes y dijo: “Lástima que mi mamá se murió. Ella siempre quiso que yo tuviera un diploma y nunca imaginó que el primero sería el de presidente de la república”. Y lloró.
“¿Por qué premian a un presidente que toleró la corrupción?”, fue la siguiente pregunta.
El profesor sonrió y dijo: “Mire, Sciences Po no es la Iglesia Católica. No entra en análisis morales, ni saca conclusiones apresuradas. Deja para el balance histórico ese asunto y otros muy importantes, como la electrificación de favelas en todo Brasil y las políticas sociales”. Y agregó, tomando Le Monde: “¿Qué país puede medir moralmente hoy a otro? Si no queremos hablar de estos días, recordemos cómo un alto funcionario de otro país debió renunciar por haber plagiado una tesis de doctorado a un estudiante”. Hablaba de Karl-Theodor zu Guttenberg, ministro de Defensa de Alemania hasta que se supo del plagio.
Más aún: “No excusamos, ni juzgamos. Simplemente no damos lecciones de moral a otros países”.
Otro colega preguntó si estaba bien premiar a quien una vez llamó “hermano” a Muamar Khadafi.
Con las debidas disculpas, que fueron expresadas al profesor y a los colegas, la impaciencia argentina llevó a preguntar dónde había comprado Khadafi sus armas y qué país refinaba su petróleo, además de comprarlo. El profesor debe haber agradecido que la pregunta no citara, con nombre y apellido, a Francia e Italia.
Descoings aprovechó para destacar en Lula “al hombre de acción que modificó el curso de las cosas”, y dijo que la concepción de Sciences Po no es el ser humano como “los unos o los otros” sino como “los unos y los otros”. Marcó mucho el et, “y” en francés.
Diana Quattrocchi, como latinoamericana que estudió y se doctoró en París tras salir de una cárcel de la dictadura argentina gracias a la presión de Amnistía Internacional, dijo que estaba orgullosa de que Sciences Po le diera el Honoris Causa a un presidente de la región y preguntó por los motivos geopolíticos.
“El mundo se pregunta todo”, dijo Descoings. “Y tenemos que escuchar a todos. El mundo no sabe siquiera si Europa existirá el año que viene.”
En Siences Po, Descoings introdujo estímulos para que puedan ingresar estudiantes que, se supone, corren con desventaja para aprobar el examen. Lo que se llama discriminación positiva o acción afirmativa y se parece, por ejemplo, a la obligación argentina de que un tercio de las candidaturas legislativas deban ser ocupadas por mujeres.
Otro colega brasileño preguntó, con ironía, si el Honoris Causa a Lula formaba parte de la política de acción afirmativa de Sciences Po.
Foto já posta no olhosdosertao.blogspot.com
Descoings lo observó con atención antes de contestar. “Las elites no son sólo escolares o sociales”, dijo. “Los que evalúan quiénes son mejores son los otros, no los que son iguales a uno. Si no, estaríamos frente a un caso de elitismo social. Lula es un tornero que llegó a la presidencia, pero según tengo entendido no dio un ingreso sino que fue votado por millones de brasileños en elecciones democráticas.”
Como Cristina Fernández de Kirchner y Dilma Rousseff en la Asamblea General de Naciones Unidas, Lula viene insistiendo en que la reforma del Fondo Monetario Internacional y del Banco Mundial está atrasada. Dice que esos organismos, así como funcionan, “no sirven para nada”. El grupo Brics (Brasil, Rusia, India, China, Sudáfrica) ofreció ayuda a Europa. China sola tiene el nivel de reservas más alto del mundo. En un artículo publicado en El País, de Madrid, los ex primeros ministros Felipe González y Gordon Brown pidieron mayor autonomía para el FMI. Quieren que sea el auditor independiente de los países del G-20, que integran los más ricos y también, por Sudamérica, la Argentina y Brasil. O sea, quieren lo contrario de lo que piensan los Brics.
En medio de esa discusión llegará Lula a Francia. Conviene hacerle saber que, antes de recibir el doctorado Honoris Causa de Sciences Po, debe pedir disculpas a los elitistas de su país. Un obrero metalúrgico no puede ser presidente. Si por alguna casualidad llegó a Planalto, ahora debería guardar recato. En Brasil, la casa grande de las haciendas estaba reservada a los propietarios de tierras y esclavos. Así que Lula, ahora, silencio por favor. Los de la casa grande se enojan.

26 setembro, 2011

Brutalidade policial em NY

Publicado orginalmente no Internews  


A policia de Nova York entrou em ação no sábado contra um grupo de mulheres que participavam de um protesto denominado “ocupar Wall Street”. As mulheres foram cercadas por uma tela cor de laranja, enquanto eram pulverizadas pelos policiais com um tipo de gás pimenta.

As manifestantes acusam a polícia de agir com extrema brutalidade contra mulheres que não iniciaram qualquer tipo de provocação. A manifestação era contra o capitalismo, como gritavam elas em seu slogan “os bancos recebem socorro, nós recebemos nada”.

São muitos os motivos para os protestos da população americana, segundo a líder do movimento: a falta de emprego para os jovens que saem das faculdades, o socorro aos bancos, a crise das hipotecas e até a execução de Troy Davis, semana passada na Geórgia.

As manifestantes estão acampadas em Wall Street desde a semana passada - dormindo em caixas de papelão, comendo pizza e sanduiches pagos por doações dos que apoiam a causa. E prometem seguir com os protestos esta semana.

Veja no video abaixo, postado no Youtube.



















#occupywallstreet

25 setembro, 2011

Democracia representativa e participativa

O sociólogo Boaventura Sousa Santos fala sobre a falência da democracia representativa e aponta a participativa como solução.




23 setembro, 2011

Mia Couto fala sobre o medo e otras cositas!

Mia Couto em conferência sobre Segurança em Estoril : "O medo foi afinal o mestre que mais me fez desaprender". 


Jovens jornalistas : Criado com os lobos


Texto de @LuisNassif


Tinha menos de dois anos de formado o jovem repórter que tentou invadir o apartamento de José Dirceu no Hotel Nahoum. Pelo que soube em Brasília, voltou para a casa da mãe.

Não sei a idade do repórter da Folha que iludiu a confiança do tio, no caso Battisti. Mas foi exposto de forma fatal pelo próprio tio, em um artigo demolidor. E inspirou um artigo da ombudsman do jornal, no qual afirmava que era ingenuidade confiar em jornalistas. Tornou-se exemplo de como não se deve confiar em jornalistas. Dificilmente conseguirá fontes dispostas a lhe passar informações relevantes.

A campanha eleitoral do ano passado expôs outros jovens jornalistas, alguns com belo potencial, mas que tiveram a imagem afetada no alvorecer de suas carreiras, por conta de métodos inescrupulosos empregados em suas reportagens.

Culpa deles? Apenas em parte. Esse clima irracional foi fomentado por chefias que não se pejaram em jogar os repórteres aos lobos.

Processo semelhante ocorreu na campanha do impeachment, mas com resultados inversos. Uma enorme quantidade de mentiras divulgada, aceita pelos editores e pelos leitores sob o álibi de que valia qualquer coisa contra Collor. Foi um período vergonhoso para a mídia, no qual os escândalos reais não eram apurados, mas divulgava-se uma enxurrada de mentiras que não resistiam a um mero teste de verossimilhança. Dizia-se que Collor injetava cocaína por supositório, que ficava em estado catatônico e precisava ser penetrado por trás por um assessor, que fazia macumba nos porões do Alvorada.

Os que mais mentiram se consagraram, ganharam posições de destaque em seus veículos. Premiou-se a mentira e a falta de jornalismo, porque os escândalos reais demoravam mais para serem apurados e nem de longe de aproximavam do glamour da notícia inventada.

Processo similar ocorreu durante e após a campanha do mensalão. Surgiu uma nova geração de repórteres sem limites, hoje em dia utilizados pelas chefias para atingir adversários através da escandalização de fatos normais.

Agora, em plena era da Internet, ocorre o inverso. Esses jovens ambicionam a manchete, a aprovação das chefias, o curto prazo. Mas o registro de seus malfeitos estará indelevelmente registrado na Internet. A médio prazo, será veneno na veia para suas carreiras.

Pior, está-se criando uma geração de jornalistas para quem o jornalismo virou um vale-tudo: vale mentir, inventar, enganar, espionar, supor sem comprovar.

A reação de Caco Barcelos na Globonews nada teve de política ou ideológica - no programa sobre a tal Marcha Contra a Corrupção, depois editado para tirar suas afirmações mais impactantes contra o mau jornalismo. Ao denunciar esse jornalismo declaratório, simplesmente fazia uma defesa do jornalismo que aprendeu a praticar, de respeito aos fatos, de apuração das denúncias, de cautela nas acusações.

Em muitos outros jornais há uma geração de jornalistas mais velhos formados sob esses princípios, mas que a falta de opções obriga a se calar ante tais abusos. Há igualmente uma jovem geração saindo do forno das faculdades que entendeu a diferença entre os princípios jornalísticos e esse arremedo que a era Murdoch lançou sobre a mídia mundial - especialmente sobre a brasileira.

No final dos anos 80, quando a mídia brasileira abraçou o jornalismo sensacionalista, considerava-se ter entrado em linha com os grandes veículos globais - para quem a notícia é espetáculo, não serviço público.

Nos últimos anos, Roberto Civita importou de forma chocante o padrão Murdoch para a mídia brasileira - rapidamente imitada por outros jornais carentes de personalidade jornalística própria. A cada dia que passa, esse estilo - ainda que influenciando setores mais desinformados - parece cada vez mais velho e anacrônico.

Muitos dizem que o problema da velha mídia é não saber como se colocar nas novas tecnologias. Penso que é outro: é ter desaprendido as lições do velho jornalismo legitimador.

22 setembro, 2011

O dia em que a Palestina derrotou os EUA

Por Katarina Peixoto (publicado originalmente no Carta Maior, dica do @BohnGass)


Entre a presença de Dilma Rousseff na abertura da 66ª Assembleia Geral da ONU e a ausência de Barack Obama, explícita no discurso do presidente dos EUA, abriu-se um flanco. Faltou Obama no discurso de um presidente enfraquecido e na defensiva, refém de interlocutores ausentes (Bin Laden e o Hamas). E Dilma Rousseff esteve lá, inteira, com a sua história, os seus compromissos e uma agenda clara. Ela não tem, perante o mundo, do que se envergonhar. E o presidente dos EUA tem tanto do que se envergonhar que se envergonhou, nas palavras, na cabeça baixa, na postura de quem fala no que não acredita e defende a posição dos seus adversários. Nesta vergonha de Obama está a vitória palestina. Na ausência explícita do primeiro presidente negro, advogado ativista dos direitos civis, eleito, entre outras coisas, para recuperar a moral mundial, Obama compareceu como vergonha. Mas é preciso que se diga, de novo: na postura evasiva e derrotada do homem mais poderoso do mundo está a vitória palestina.

É verdade que, de um ponto de vista realista, o movimento da OLP tem pela frente muitas fronteiras a serem desfeitas, refeitas e estabelecidas. Dentre os árabes e palestinos há pelo menos os seguintes problemas, na proposta capitaneada por Abbas: o aparente escanteio dos refugiados palestinos, o pouco ou nenhum debate relativo a compensações dos direitos destes; há também questões em aberto sobre o estatuto jurídico e a competência da OLP em se converter ela mesma em Estado, há o Hamas, que já se retirou da proposta, porque o movimento da OLP não comporta uma recusa da existência do estado de Israel e há também a histórica hipocrisia de muitos dos países árabes, frente ao povo palestino, que costuma deixa-los à própria sorte (não é demais lembrar que Assad mandou bombardear um campo de refugiados palestinos, na Síria, há menos de um mês). Na relação com Israel e os israelenses, o problema é antes de tudo de fronteiras e tudo indica que este confronto, com o reconhecimento do estado palestino, na Assembleia Geral da ONU, ganhará um estatuto político mais claro na comunidade internacional.

Dilma lembrou algo importante, que serve de pista para entender a enrascada israelense perante a comunidade internacional, daqui para a frente: “O mundo sofre hoje as dolorosas consequências das intervenções, possibilitando a infiltração do terrorismo, onde ele não existia. Muito se fala da responsabilidade de proteger, pouco se fala da responsabilidade ao proteger”. Esta afirmação traduz com muita propriedade também a relação dos EUA com sucessivos governos israelenses, mesmo quando estes seguem violando o direito internacional. À parte a percepção de que Obama sabe bem da responsabilidade que seu país tem pela consequências sobre os palestinos de suas decisões e omissões, o que de fato sobressai é que o governo israelense foi exposto formalmente hoje como adversário de uma vontade reconhecida da comunidade internacional. Isso significa, entre outras coisas, que as violações pesarão mais, que construir assentamentos se tornará mais caro politicamente, que a defesa da retomada do processo de paz não ficará mais tão facilmente refém do ardil da “falta de interlocutores” ou da não negociação com terroristas.

Os passos dados pela OLP foram desde o começo de natureza diplomática, política, voltada à negociação. Por mais que o Hamas tenha fustigado, apesar das diatribes verbais do presidente do Irã, com a iminência de um atrito maior entre Egito e Israel, que poderia vir a fortalecer o Hamas, pois bem, apesar de tudo isso, Abbas seguiu obstinado a via da negociação com a comunidade internacional.
 

E Israel, agora, não pode mais dizer que não tem interlocutor na região, porque todos querem destruí-lo e não o reconhecem. Este passo foi dado, já, inclusive por Israel. O país é uma realidade e, fora da retórica oportunista do Hamas e do Hezbollah, ninguém questiona a legitimidade e o direito de Israel a existir, como país soberano e autodeterminado e membro da comunidade internacional. É nota característica da vitória palestina hoje a exposição de que o Hamas e o Hezbollah só são interlocutores da intolerância, da falta de respeito e do desprezo ao direito, ao estado de direito e ao direito internacional. Numa palavra, a exposição de que o interlocutor do Hamas é Avigdor Lieberman.
 
Resta saber se Israel pretende ser reconhecido se não reconhece. Se pretende prosseguir na mais longa ocupação militar moderna ou se está disposto a ser um estado respeitável na comunidade internacional. Hoje, estas considerações se tornaram muito mais acessíveis ao imaginário e à percepção das pessoas, frente ao movimento palestino, à celebração nas ruas da Palestina. E ao acontecimento a um só tempo luminoso e vergonhoso, na Assembleia da ONU. 

Obama disse e repetiu o truísmo de que a paz é uma coisa difícil. Disse a verdade para iludir e, de tanto saber o que estava fazendo, envergonhou-se antes de dizer não aos palestinos. O presidente dos EUA entrou em campanha pela reeleição e parece cada vez mais cativo dos seus adversários, inclusive dos adversários internos, do seu partido. Em 19 de maio deste ano, falou em defesa das fronteiras de 67 e hoje balbuciou como um boneco de ventríloquo. Quem é o ventríloquo de Obama, pouco importa, agora. Dizer que é Avigdor Lieberman, ou Netanyahu é mentir. O ventríloquo de Obama é o medo e a derrota. Essas coisas que tornaram a sua presença hoje na ONU uma retumbante ausência e uma vergonha. A paz assim não é difícil, mas impossível.
 

A possibilidade de paz existe, é difícil mesmo, tornou-se mais complexa e talvez mais produtiva exatamente porque avança para o campo do direito, invertendo a prática da região. Na direção oposta à prevalência do fato consumado da construção e do muro de anexação dos territórios palestinos, o movimento da OLP, que teve seu ponto alto ou o fim de seu primeiro ato hoje, na Assembleia Geral, visa a estabelecer as condições de possibilidade de um estado palestino de fato. É verdade que o fundamento do estado, em boa teoria, é uma regra de reconhecimento que institui o fundamento último do direito. Também é verdade que o Estado não é uma obra de arte, mas um produto histórico. É verdade que os cínicos fizeram e seguem fazendo pouco caso dos palestinos, como se dizendo que os palestinos e Abbas estão desejando e imaginando que amanhã a ocupação tenha cessado (sim, todo cínico é um ingênuo arrogante).
 

Um ex-embaixador israelense disse que essa questão do reconhecimento do estado palestino virou uma coletiva de imprensa, quando deveria ser tratada de maneira discreta, em segredo. Talvez ele defenda isso para que as coisas continuassem como eram, com os israelenses fingindo que negociavam e bancando a expansão ilegal. Talvez seja só desdém, mesmo. Só que hoje, isso finalmente pouco importa: os palestinos derrotaram os EUA. E daqui para a frente, apesar dos pesares, do quão difícil venha a ser a paz, isso além de ser verdadeiro, permanecerá verdadeiro. Hoje, as desculpas cínicas entoadas por diplomatas entre meia dúzia de representantes no Conselho de Segurança foram substituídas por uma fala pública, envergonhada e embaraçosa do homem mais poderoso do mundo, perante os palestinos.
 

Poucas, muito poucas vezes na história a verdade irrompe a conjuntura para ser enunciada como aquilo que é: a norma de si mesma. Hoje foi um dia assim, e por isso Obama sentiu vergonha, por isso Dilma brilhou. E por isso os palestinos venceram.
Katarina Peixoto é doutoranda em Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail: katarinapeixoto@hotmail.com

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