23 fevereiro, 2013

Cenas cubanas

A visita da dissidente Yoani Sanchez merece um minuto de reflexão e debate

por Paulo Moreira Leite 
da IstoÉ


Conheço militantes com uma história respeitável e uma postura de coragem confirmada que defendem a tentativa de boicotar a visita da blogueira.

Mas discordo dessa visão.

Mesmo no Palácio do Planalto de Dilma Rousseff já se define a perseguição de militantes da juventude do PC do B e de fatias do PT contra Yoani Sanchez como uma nova edição da Operação Tabajara, aquele quadro trapalhão que fez história entre os Cassetas & Planetas.

Vejamos o enredo da história:
1. O conselheiro político da embaixada de Cuba convoca uma reunião secreta, para organizar uma espécie de boicote contra aquela que se tornou a mais conhecida dissidente do regime cubano;
2. Entre os presentes, encontra-se um funcionário do Planalto que tinha ido à embaixada para outro compromisso, mas é colocado de improviso num encontro reservado;
3. Outro convidado só estava ali para espionar e fornecer informações supostamente secretas para o inimigo – como se veria mais tarde, quando a revista de maior circulação do País publicou uma detalhadíssima reportagem sobre o evento;
4. Mesmo com a divulgação de toda a história com antecedência, a operação foi mantida, transformando-se num show de constrangimentos;
5. Ativistas e militantes que tentavam boicotar os eventos marcados para recepcionar Yoani foram obrigados a justificar por que achavam que tinham o direito de atazanar a liberdade de expressão da dissidente e, ao mesmo tempo, defender sua própria liberdade de expressar-se contra ela;
6. Candidata a fazer uma visita em situação de semi-obscuridade, Yoani tornou-se protagonista destacada no debate político. Em condições normais, dificilmente se poderia imaginar que fosse capaz de polarizar uma discussão política no País. Mas Yoani até se sentiu no direito de dar pito no governo brasileiro, reclamando que ele não dá importância aos direitos humanos em Cuba.

Não vamos ser ingênuos. Yoani Sanchez é uma adversária das conquistas da revolução cubana e, de uma forma ou de outra, recebe sustentação de instituições estrangeiras que pretendem estimular uma transição socialmente regressiva em seu país.

Compreendo, então, que se queira debater a atuação de Yoani Sanchez e seus aliados. Por trás dela, há uma operação de vulto, capaz de mudar a relação de forças no continente, mais favorável a Washington. Perfeito.

O debate não é este, porém.

Dilma e Lula têm mantido uma política correta de não-intervenção em assuntos internos da vida cubana. Seu governo tem feito o possível para construir uma liderança alternativa a Washington no continente – com resultados inegáveis, mesmo para observadores adversários.

Essa atuação implica em respeitar as decisões internas de todos os países, inclusive do governo cubano e tratá-las no plano das relações entre estados soberanos.

Lula e Dilma não param de tomar porrada da oposição conservadora por causa disso.

Imagine quantos pontos Dilma perdeu junto a essa turma ao lembrar que quem lhe pedia para falar de direitos humanos em Cuba deveria, antes, perguntar a Washington sobre a masmorra de Guantánamo.

Mas a postura do governo brasileiro só é defensável porque implica em respeitar os direitos democráticos dos dissidentes.

Por essa razão Brasília deu a Yoani autorização para vir ao Brasil e não colocou nenhum obstáculo a sua visita.

Desse ponto de vista, pouco importa o que o governo do Raul e Fidel Castro pensa de Yoani.

Importa garantir que, em visita ao País, ela possa usufruir das liberdades asseguradas pelas leis brasileiras. Soberania é um conceito de mão dupla. Vale para Cuba e também para o Brasil.

O bullying contra Yoani só ajuda os adversários de Dilma e de Lula a dar verossimilhança à permanente campanha para apontar supostos traços autoritários num governo que respeita a liberdade como poucos, ampliou direitos dos fracos e necessitados e jamais modificou a constituição para atender a interesses próprios.

A experiência política universal ensina que os governos que pretendem falar em nome do cidadão comum devem ter uma postura exemplar de respeito à democracia e à liberdade. A razão é simples: os mais fracos e desprotegidos são os primeiros a serem feridos quando os direitos democráticos são atingidos. Cedo ou tarde, são os principais prejudicados. É uma questão de relação de forças, vamos combinar.

Não custa lembrar que essas comédias cubanas não são inéditas.

Nos anos 60, o governo Goulart teve uma postura corajosa de resistência às pressões do governo John Kennedy para que rompesse relações com o governo de Fidel. Enfrentou ameaças diretas do governo americano e, conforme o professor Muniz Bandeira, essa postura independente foi decisiva para que a Casa Branca resolvesse ajudar o golpe de 1964 com todos os recursos que possuía: dinheiro, publicidade milionária na mídia e auxílio militar.

Mas Jango também tinha adversários internos.

Aliados de Fidel Castro chegaram a montar campos de guerrilha no País, num radicalismo que levou o próprio Goulart – adversário resoluto das pressões americanas contra a revolução cubana – a denunciar o fato a Havana, como uma traição. Chato, né...

A queixa de Jango é que em Washington lhe arrancavam o couro por ajudar a revolução cubana e, em troca, era golpeado por quem deveria demonstrar um pouco mais de consideração.

(Curiosidade: Che Guevara, a caminho de se tornar o mito, discordava dos guerrilheiros brasileiros, por considerar que a luta armada era inviável contra um governo democrático.)

Nós sabemos quem ganhou com isso, utilizando cada um desses episódios em sua propaganda, para assustar e confundir o cidadão comum, aquele que compreende o valor da liberdade e o respeito às regras democráticas e é capaz de se mobilizar em sua defesa. Embora fosse um defensor da democracia, os adversários acusavam seu governo de preparar um golpe – tentando, por isso, justificar a conspiração militar de 64.

Este é o ponto. Defender a mais ampla democracia é obrigação – eu diria privilégio – de quem fala em nome da maioria.

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Imagem do Portal Terra

18 fevereiro, 2013

As revelações que se espera de Yoani Sanchez

por Salim Lamrani*
do Pupila Insomne 
Tradução Denise Queiroz 

Chek-in em Havana (imagem do Opera Mundi)


Depois de cinco anos de espera, Yoani Sanchez conseguiu, finalmente, autorização para viajar ao exterior. Após a reforma migratória vigente desde 14 de janeiro deste ano, que permite a saída de qualquer cidadão cubano sem qualquer outra exigência além do passaporte e do visto, a mais famosa opositora do governo de Havana inicia, pelo Brasil, uma volta ao mundo que a levará a vários continentes. O cineasta Dado Galvão a recebeu no Recife, para participar da apresentação do documentário Conexão Cuba Honduras[1].

Sua viagem parece a de um chefe de estado ou de uma estrela da música, e os recursos destinados a isso são impressionantes. De fato “um programa muito intenso” espera a jovem opositora de 37 anos [2]. Estão previstas conferências no México, onde será convidada de honra da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) na reunião semestral em Puebla. Nos Estados Unidos, com encontros em Nova Iorque, será recebida na redação do New York Times. Estará em Washington e Miami, e ainda na Argentina, Canadá, Peru, Espanha, Itália, Polônia, Alemanha, República Tcheca, Países Baixos e Suíça[3].

Viajar é um direito universal reconhecido na Declaração das Nações Unidas de 1948, e só podemos ficar felizes pelo fato de que a principal figura da oposição cubana possa expressar suas convicções mundo afora. No entanto, é inevitável assinalar certos aspectos obscuros da personalidade e da vida de Yoani Sanchez que são objetos de controvérsias e que esta monumental viagem parece confirmar.

De fato, Sanchez não é uma simples opositora. Depois de morar dois anos na Suíça, decidiu voltar à Cuba e compor o universo da dissidência. Em 2007 criou o blog Generación Y – traduzido para ao menos 18 idiomas – no qual critica de modo virulento o sistema e o governo de Cuba. Sua nova atividade foi coroada de sucesso. Num espaço de dois anos, Sanchez recebeu inúmeras homenagens, todas elas remuneradas. No total, a blogueira recebeu uma contribuição de  250 mil Euros, ou seja, um valor equivalente a mais de 20 anos de salário mínimo num país como a França, quinta potência mundial, e a 1.488 anos de salário mínimo de Cuba [4].

A isso se soma o salário mensal de 6 mil dólares americanos que recebe da SIP, entidade que agrupa os grandes conglomerados da mídia privada do continente, e da qual foi nomeada vice-presidenta regional em Cuba, na comissão de Liberdade de Imprensa e Informação[5]. O diário Espanhol El País também decidiu nomeá-la correspondente em Havana e lhe paga um bom salário[6].

O governo dos Estados Unidos, cujo objetivo, abertamente expressado, é uma mudança do regime de Cuba, mediante o financiamento de uma oposição interna, fez de Yoani Sanchez sua prioridade. Considera, em documentos confidenciais publicados pela Wikileaks, que “Yoani Sanchez pode desempenhar, em longo prazo, um papel numa Cuba pós Castro” [7]. É evidente que a opositora cubana tem uma relação muito estreita com a diplomacia norte americana em Cuba, como sinaliza um documento “secreto”, devido ao seu conteúdo sensível. A administração Obama valoriza muito a blogueira cubana, como demonstra também uma reunião secreta que ocorreu no apartamento da opositora com a subsecretária de Estado, Bisa Williams, durante a sua visita a Cuba no período de 16 e 22 de setembro de 2010 [8].

Michael Parmly, antigo chefe da diplomacia norte americana em Havana, que se reunia regularmente com Sanchez na sua residência particular, conforme indicam os documentos da SINA, mostrou preocupação com a publicação dos telegramas diplomáticos pela Wikileaks. “Me incomodaria muito que as numerosas conversas que tive com Yoani Sanchez fossem publicadas. Ela poderia arcar com as conseqüências toda sua vida” [9] . A pergunta que ocorre imediatamente é a seguinte: quais são as razões pelas quais Yoani Sanchez estaria em perigo se sua atuação, como ela afirma, está dentro da legalidade?

Claro que Yoani Sanchez não é uma simples dissidente. Seria interessante que a principal figura da oposição cubana aproveitasse sua volta ao mundo para esclarecer alguns lados obscuros de sua trajetória pessoal e revelasse quais são os poderosos interesses que se escondem por trás da sua pessoa.

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* Doutor em Estudos Ibéricos e Latinoamericanos da Universidad Paris Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani é profesor titular da Universidad de la Reunión y jornalista, especialista nas relaciones entre Cuba e Estados Unidos. Seu último livro se intitula The Economic War Against Cuba. A Historical and Legal Perspective on the U.S. Blockade, New York, Monthly Review Press, 2013, com prólogo de Wayne S. Smith e prefácio de Paul Estrade.


[1] Voz de América, «Yoani Sánchez viaja a Brasil el 17 de febrero», 6 de febrero de 2013.

[2] Yoani Sánchez, 17 de febrero, https://twitter.com/yoanisanchez

[3] EFE, «La bloguera cubana hablará en Brasil sobre libertad y derechos», 17 de febrero de 2013.

[4] Yoani Sánchez, «Premios», Generación Y.

[5] El Nuevo Herald, «Nombran a Yoani en Comisión de la SIP», 9 de noviembre de 2012.

[6] El País, «Artículos escritos por Yoani Sánchez»,http://elpais.com/autor/yoani_sanchez/a/ (sitio consultado el 17 de febrero de 2013).

[7] Jonathan D. Farrar, «The U.S. and the Role of the Opposition in Cuba», United States Interests Section, 9 de abril de 2009, cable 09HAVANA221.http://213.251.145.96/cable/2009/04/09HAVANA221.html (sitio consultado el 18 de diciembre de 2010).

[8] Joaquin F. Monserrate, «GOC Signals ‘Readiness to Move Forward’», United States Interests Section, 25 septembre 2009, cable 09HAVANA592,http://213.251.145.96/cable/2009/09/09HAVANA592.html (sitio consultado el 18 de diciembre de 2010)

[9] Michael Parmly, «Consenso On Line : An Impartial Forum In Cuba», United States Interests Section, 28 juin 2007, cable 07HAVANA622,http://wikileaks.org/cable/2007/06/07HAVANA622.html (sitio consultado el 15 de septiembre de 2011) ; Stéphane Bussard, «Ma rencontre avec l’auteur des câbles sur Cuba», Le Temps, 30 de diciembre de 2010.

15 fevereiro, 2013

A democracia ante o abismo


Foto: Desalento 

por: Boaventura de Souza Santos
dica: @WillianFagiolo

Se o Estado do Bem-Estar Social se desmantelar, Portugal ficará politicamente democrático, mas socialmente fascista


No contexto de crise em Portugal, o combate contra o fascismo social de que se fala neste texto exige um novo entendimento entre as forças democráticas. A situação não é a mesma que justificou as frentes antifascistas na Europa dos anos 1930, que permitiram alianças no seio de um vasto espectro político, incluindo comunistas e democratas cristãos, mas tem com esta algumas semelhanças perturbadoras.

Esperar sem esperança é a pior maldição que pode cair sobre um povo. A esperança não se inventa, constrói-se com alternativas à situação presente, a partir de diagnósticos que habilitem os agentes sociais e políticos a ser convincentes no seu inconformismo e realistas nas alternativas que propõem.

Se o desmantelamento do Estado do Bem-Estar Social e certas privatizações (a da água) ocorrerem, estaremos a entrar numa sociedade politicamente democrática, mas socialmente fascista, na medida em que as classes sociais mais vulneráveis verão as suas expectativas de vida dependerem da benevolência e, portanto, do direito de veto de grupos sociais minoritários, mas poderosos.

O fascismo que emerge não é político, é social e coexiste com uma democracia de baixíssima intensidade. A direita que está no poder não é homogênea, mas nela domina a facção para quem a democracia, longe de ser um valor inestimável, é um custo econômico e o fascismo social é um estado normal.

A construção de alternativas assenta em duas distinções: entre a direita da democracia-como-custo e a direita da democracia-como-valor; e entre esta última e as esquerdas (no espectro político atual, não há uma esquerda para quem a democracia seja um custo). As alternativas democráticas hão de surgir desta última distinção.

Os democratas portugueses, de esquerda e de direita, terão de ter presente tanto o que os une como o que os divide. O que os une é a ideia de que a democracia não se sustenta sem as condições que a tornem credível ante a maioria da população. Tal credibilidade assenta na representatividade efetiva de quem representa, no desempenho de quem governa, no mínimo de ética política e de equidade para que o cidadão não o seja apenas quando vota, mas, também, quando trabalha, quando adoece, quando vai à escola, quando se diverte e cultiva, quando envelhece.

Esse menor denominador comum é hoje mais importante do que nunca, mas, ao contrário do que pode parecer, as divergências que a partir dele existem são igualmente mais importantes do que nunca. São elas que vão dominar a vida política nas próximas décadas.

Primeiro, para a esquerda, a democracia representativa de raiz liberal é hoje incapaz de garantir, por si, as condições da sua sustentabilidade. O poder econômico e financeiro está de tal modo concentrado e globalizado, que o seu músculo consegue sequestrar com facilidade os representantes e os governantes (por que há dinheiro para resgatar bancos e não há dinheiro para resgatar famílias?). Daí a necessidade de complementar a democracia representativa com a democracia participativa (orçamentos participativos, conselhos de cidadãos).

Segundo, crescimento só é desenvolvimento quando for ecologicamente sustentável e quando contribuir para democratizar as relações sociais em todos os domínios da vida coletiva (na empresa, na rua, na escola, no campo, na família, no acesso ao direito). Democracia é todo o processo de transformação de relações de poder desigual em relações da autoridade partilhada. O socialismo é a democracia sem fim.

Terceiro, só o Estado do Bem-Estar Social forte torna possível a sociedade do bem-estar forte (pais reformados com pensões cortadas deixam de poder ajudar os filhos desempregados, tal como filhos desempregados deixam de poder ajudar os pais idosos ou doentes). A filantropia e a caridade são politicamente reacionárias quando, em vez de complementar os direitos sociais, se substituem a eles.

Quarto, a diversidade cultural, sexual, racial e religiosa deve ser celebrada e não apenas tolerada.

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Boaventura de Souza Santos, sociólogo português, é diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (Portugal)
*Originalmente publicado na Folha de São Paulo

14 fevereiro, 2013

O complô do narcotráfico e da CIA na América Latina

dica de @PatricioMery 
tradução de @DeniseSQ



Um novo documentário, feito a partir de denúncias veiculadas nos últimos meses, mostra a participação da CIA no tráfico internacional de drogas e o uso desse dinheiro para financiar as atividades não declaradas do braço da inteligência norte-americano, sob a proteção do governo chileno.

Entre outras revelações, o vídeo amplia as denúncias do ex-agente Fernando Ulloa, da Polícia de Investigação (PDI) sobre a entrada mensal de cerca de 300 kg de cocaína no Chile. Segundo ele, o carregamento é protegido por funcionários da própria polícia federal chilena, carabineiros e elementos das Forças Armadas.

Também aprofunda a informação divulgada pelo jornalista Patrício Mery, (link) ao mostrar os nomes e antecedentes completos dos envolvidos na denúncia do complô para desestabilizar o governo de Rafael Correa em 2010, utilizando recursos do narcotráfico.

O documentário mostra o vínculo entre as mortes do soldado Fabian Vega e do portenho Néstor Madariaga Juantok, com rede de contrabando de anos anteriores. E também denuncia o delegado Luis Carreño Lohn, da PDI e o ex-oficial do exército, José Miguel Pizarro , como ativos agentes da CIA no Chile.

Lembrando o escândalos Irã-Contras, o documentário traz o testemunho do norte-americano Ivã Barambyka, ex-colaborador da CIA na América central. Ele assegura ter traficado cocaína nos anos 80 junto com o filho mais velho do general Pinochet, Marco Antônio Pinochet, com o respaldo da Direção Nacional de Inteligência (CNI) e do exército chileno.

O documentário enfim, cobra explicações do governo de Sebastião Piñera sobre as graves denúncias do ex-inspetor Ulloa, que está refugiado na Embaixada do Equador no Chile, depois de ter recebido ameaças de morte por parte da Brigada de Inteligência das Polícias Especiais (BIPE) da Polícia de Investigação.

Assista: 





A Opus Dei na América Latina

Bom ter em conta as importantes informações deste artigo. Ainda mais neste momento de troca de Papa e 'procriação' de grupos fascistas na rede. 

Por Henrique Júdice Magalhães
no Geosapiens


Analisando a estrutura de classes dos países latino-americanos, Darcy Ribeiro identificava como segmento hegemónico dentro das classes dominantes o corpo de gerência das transnacionais. Ponta de lança do imperialismo, é ele quem dita ordens e impõe ideologias às demais fracções e, em muitos casos, organiza-as politicamente. A desnacionalização das economias latino-americanas na década de 90 agravou este quadro. A alteração de mais relevo no perfil da classe dominante verificada no bojo deste processo é o crescimento da influência da Opus Dei. Sustentada pelo capital espanhol, a organização controla jornais, universidades, tribunais e entidades de classe, sendo hoje peça chave para se compreender o processo político no continente, inclusive no Brasil, onde quer eleger Geraldo Alckmin presidente da República.

Procissão Católica na Espanha, berço da Opus Dei / google imagens

Mas o que é afinal, a Opus Dei (em latim, Obra de Deus)?

Em seu campo original de actuação, é a vanguarda das tendências mais conservadoras da Igreja Católica. "Este concílio, minhas filhas, é o concílio do diabo" teria dito seu fundador, Josemaria Escrivá de Balaguer, sobre o Vaticano II, no relato do jornalista argentino Emilio J. Corbiere no seu livro "Opus Dei. El totalitarismo católico".

Fundada na Espanha em 1928, a organização foi reconhecida pelo Vaticano em 1947. Em 1982, foi declarada uma prelatura pessoal, o que, sob o Direito canónico, significa que só presta contas ao papa e que seus membros não se submetem à jurisdição dos bispos. "A relação entre Karol Wojtyla e a Opus Dei" conta o teólogo espanhol Juan José Tamayo Acosta "atinge seu êxito nos anos 80-90, com a irresistível ascensão da Obra à cúpula do Vaticano, a partir de onde interveio altivamente, primeiro no esboço e depois na colocação em prática do processo de restauração da Igreja católica sob o protagonismo do papa e a orientação teológica do cardeal alemão Ratzinger."

Fontes ligadas à Igreja Católica atribuem o poder da Obra à quitação da dívida do Banco Ambrosiano, fraudulentamente falido em 1982.
Obscurantismo e misoginia são traços que marcam a organização. Exemplos podem ser encontrados nas denúncias de ex-adeptos como Jean Lauand, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – Universidade de São Paulo (USP), que recentemente escreveu junto com mais dois ex-membros, o juiz Márcio Fernandes e o médico Dário Fortes Ferreira, o livro "Opus Dei – os bastidores". 

Em entrevista ao programa Biblioteca Sonora, da Rádio USP, Jean Lauand conta que a Obra tem um "Index" de livros proibidos que abrange praticamente toda a filosofia ocidental desde Descartes. Noutra entrevista, à revista Época, Jean Lauand denuncia as estratégias de fanatização dos chamados numerários, leigos celibatários que vivem em casas da organização: "Os homens podem dormir em colchões normais, as mulheres têm de dormir em tábuas. São proibidas de segurar crianças no colo e de ir a casamentos". É obrigatório o uso de cinturões com pontas de ferro fortemente atados à coxa, como prática de mortificação que visa refrear o desejo. Mas os danos infligidos pelo fanatismo não se limitam ao corpo.

No site que mantém com outros dissidentes, Jean Lauand revela que a Obra conta com médicos especialmente encarregados de receitar psicotrópicos a numerários em crise nervosa.

A captação de numerários dá-se entre estudantes de universidades e escolas secundárias de elite. Centros de estudos e obras de caridade servem de fachada. A Opus Dei tem forte presença na USP, em especial na Faculdade de Direito, onde parte do corpo docente é composta por membros e simpatizantes, como o numerário Inácio Poveda e o director Eduardo Marchi. Outro expoente da organização na USP é Luiz Eugênio Garcez Leite, professor da Faculdade de Medicina e autor de panfletos contra a educação mista. A Obra actua também na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de Campinas (Unicamp) e Universidade de Brasília (UnB).

Fazendo a América


Mas a Opus Dei é mais que um tema de saúde pública. Ela tem, desde a origem, uma clara dimensão política. Durante a ditadura de Franco, praticamente fundiu-se ao Estado espanhol, ao qual forneceu ministros e dirigentes de empresas e órgãos governamentais.No fim da década de 40, inicia sua expansão rumo à América Latina. Não foi difícil conquistar adeptos entre oligarquias como as da Cidade do México, Buenos Aires e Lima, que sempre buscaram diferenciar-se de seus povos apegando-se a um conceito conservador de pretensa hispanidade. Um dos elementos definidores desse conceito é exactamente o integralismo católico.

Alberto Moncada, outro dissidente, conta em seu livro "La evolución del Opus Dei": "os jesuítas decidiram que seu papel na América Latina não deveria continuar sendo a educação dos filhos da burguesia, e então apareceu para a Opus Dei a ocasião de substituí-los – ocasião que não hesitou em aproveitar".

No Brasil, a organização deitou raízes em São Paulo no começo da década de 50, concentrando sua actuação no meio jurídico. O promotor aposentado e ex-deputado federal Hélio Bicudo conta que por duas vezes juízes tentaram cooptá-lo. Seu expoente de maior destaque foi José Geraldo Rodrigues Alckmin, nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) por Médici em 1972 e tio do actual governador de São Paulo. Acontece que nos anos 70, o poder da Opus Dei era embrionário. Tinha quadros em posições importantes, mas sem actuação coordenada. Além disso, dividia com a Tradição, Família e Propriedade (T.F.P.) as simpatias dos católicos de extrema-direita.

Era natural, da mesma forma, que, alguns quadros dos regimes nascidos dos golpes de Estado de 1966 e 1976, na Argentina, e 1973, no Uruguai, fossem também quadros da Opus Dei. Mas segundo se lê no livro de Emilio J. Corbiere , sua actuação era ainda dispersa, o que não os impediu de controlar a Educação na Argentina durante o período Onganí (1966-70).

Já no Chile, a Opus Dei foi para o pinochetismo o que havia sido para o franquismo na Espanha. O principal ideólogo do regime, Jaime Guzmá, era membro activo da organização, assim como centenas de quadros civis e militares.

No México, a Obra conseguiu fazer Miguel de la Madrid presidente da República em 1982, iniciando a reversão da rígida separação entre Estado e Igreja imposta por Benito Juárez entre 1857 e 1861.
Internacional reaccionária
A Opus Dei não criou o reacionarismo católico, antes, teve nele sua base de cultura. Mas sistematizou-o doutrinariamente e organizou politicamente seus adeptos de uma forma quase militar. Hoje, funciona como uma espécie de Internacional reaccionária, congregando, coordenadamente, adeptos em todo o mundo.

Concorrem para isto, nos anos 90, o ápice do poder da Obra no Vaticano e a invasão da América Latina por transnacionais espanholas.
A Argentina entregou suas estatais de telefonia, petróleo, aviação e energia á Telefónica, Repsol, Iberia e Endesa, respectivamente. A Telefónica controla o sector também no Peru e em São Paulo. A Iberia já havia engolido a LAN, do Chile, onde a geração de energia também é controlada pela Endesa. Bancos espanhóis também chegaram ao continente neste processo.

No Brasil, o Santander comprou o Banespa e o Meridional, enquanto que o BBVA recebeu os activos do Excel através do Proer, no governo de Fernando Henrique Cardoso.

"A Opus Dei tem sido para o modelo neoliberal o que foram os dominicanos e franciscanos para as cruzadas e os jesuítas frente à Reforma de Lutero" compara José Steinsleger, colunista do diário mexicano "La Jornada".

A organização actua também no monopólio da imprensa. Controla o jornal "El Observador", de Montevidéu, e exerce influência sobre órgãos tradicionais da oligarquia como "El Mercurio", no Chile, "La Nación", na Argentina e "O Estado de São Paulo", no Brasil. O elo com a imprensa é o curso de pós-graduação em jornalismo da Universidade de Navarra em São Paulo, coordenado por Carlos Alberto di Franco, numerário e comentarista do "Estadão" e da Rádio Eldorado. O segundo homem da Opus Dei na imprensa brasileira é o também numerário Guilherme Doring Cunha Pereira, herdeiro do principal grupo de comunicação do Paraná ("Gazeta do Povo"). Os jornalistas Alberto Dines e Mário Augusto Jakobskind denunciam que a organização controla também a Sociedade Interamericana de Imprensa – SIP (na sigla em espanhol).

Sedeada na Espanha, a Universidade de Navarraé a jóia da coroa da Opus Dei no negócio do ensino. Sua receita anual é de 240 milhões de euros. Além disso, a Obra controla as universidades Austral (Argentina), Montevideo (Uruguai), de Piura (Peru), de Los Andes (Chile), Pan Americana (México) e Católica André Bello (Venezuela).

Dentro da igreja católica, a Opus Dei emplacou, na última década, vários bispos e Cardeais na América Latina. O mais notável é Juan Luís Cipriani, de Lima, no Peru, amigo íntimo da ditadura de Alberto Fujimori. Em seu estudo "El totalitarismo católico em el Peru", o jornalista Herbert Mujica denuncia que quando o Movimento Revolucionário Tupac Amaru tomou a embaixada do Japão, em 1997, Juan Luís Cipriani, valendo-se da condição de mediador do conflito, instalou equipamentos de escuta que possibilitaram à polícia invadir a casa e matar os ocupantes.

Na Venezuela, a Obra teve papel essencial no fracassado golpe de 2002 contra Hugo Chávez. Um dos articuladores da tentativa foi José Rodríguez Iturbe, nomeado ministro das Relações Exteriores. Também participou da articulação à embaixada da Espanha, governada na época pelo neo-franquistaPartido Popular (PP).

Após os reveses na Venezuela, as esperanças da Opus Dei voltaram-se para Joaquím Laví, no Chile, e Geraldo Alckmin, no Brasil, hoje seus quadros políticos de maior destaque. Joaquím Laví foi derrotado nas últimas eleições presidenciais chilenas em Dezembro. Resta o Brasil, onde a Obra tenta fazer de Geraldo Alckminpresidente e formar um eixo geopolítico com os governos Álvaro Uribe (Colombia) e Vicente Fox(México), aos quais está intimamente associada.
Entranhas mafiosas
Além das dimensões religiosa e política, a Opus Dei tem uma terceira face: a de sociedade secreta de cunho mafioso. Em seus estatutos secretos, redigidos em 1950 e publicados em 1986 pelo jornal italiano "L´Expresso", a Obra determina que "os membros numerários e supernumerários saibam que devem observar sempre um prudente silêncio sobre os nomes dos outros associados e que não deverão revelar nunca a ninguém que eles próprios pertencem à Opus Dei."
Inimiga jurada da Maçonaria, ela copia sua estrutura fechada o que frequentemente serve para encobrir actos criminosos.

Entre os católicos, a Opus Dei é conhecida como "Santa Máfia", Emilio J. Corbiere lembra os casos de fraude e remessa ilegal de divisas nas empresas espanholas Matesa e Rumasa, em 1969, onde parte dos activos desviados financiaram a Universidade de Navarra. Bancos espanhóis são suspeitos de lavagem de dinheiro do narcotráfico e da máfia russa. A Opus Dei também esteve envolvida nos episódios de falência fraudulenta dos bancos Comercial (Uruguai, pertencente à família Peirano, dona de "El Observador") e de Crédito Provincial (Argentina).

Na Argentina os responsáveis pelas desnacionalizações da petrolífera YPF e dasAerolineas Argentinas, compradas por empresas espanholas, em dois dos maiores escândalos de corrupção da história do país, tiveram sua impunidade assegurada pela Suprema Corte, onde pontificava António Boggiano, membro da Opus Dei.
No Brasil, as pretensões de controle sobre o Judiciário esbarram no poder dos Maçons.

A Opus Dei controla, porém, o Tribunal de Justiça de São Paulo através da manipulação de promoções. Segundo fontes do meio jurídico paulista, de 25 a 40% dos juízes de primeira instância no estado pertencem à organização – proporção que se repete entre os promotores, no tribunal, a proporção sobe para 50 a 75%.
Recentemente, o tribunal, em julgamento secreto, decidiu pelo arquivamento de denúncia contra Saulo Castro Abreu Filho, braço direito de Geraldo Alckmin, acusado de organizar grupos de extermínio desde a secretaria de Segurança, e contra dois juízes acusados de participação na montagem desses grupos.

A fusão dos tribunais de Justiça e de Alçada, determinada pela Emenda Constitucional n.º 45, foi uma medida da equipe do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para reduzir o poder da Obra no judiciário paulista, cuja orientação excessivamente conservadora, principalmente em questões criminais e de família, é motivo de alarme entre profissionais da área jurídica.

06 fevereiro, 2013

O tempo corre contra nós

Obra do pintor equatoriano Oswaldo Guayasamín

por Valter Pomar *

O Instituto Lula promoveu, no dia 21 de janeiro, um encontro com intelectuais sul-americanos, para debater os "caminhos progressistas para o desenvolvimento e a integração regional".

Abaixo, a versão resumida do que falei neste seminário, na parte da tarde, quando se discutia o tema "estágio atual, desafios e perspectivas da integração regional". Uma versão editada será enviada, proximamente, ao Instituto Lula.

Meu posto de observação, para opinar sobre o tema integração, é o Foro de São Paulo, do qual sou secretário-executivo desde 2005.

Todos os partidos do Foro consideram que a integração é algo central, estratégico, seja como proteção contra ingerências externas em geral e contra os impactos da atual crise internacional em particular; seja para aproveitar melhor todo o potencial regional; e, também, como "guarda-chuva" para os diferentes projetos estratégicos que os partidos do Foro perseguem.

Dos que defendem o socialismo, aos que defendem um novo modelo de desenvolvimento capitalista, todos reconhecem que a integração é um fator decisivo para limitar o alcance e a ingerência da aliança conservadora entre as oligarquias locais e seus aliados metropolitanos.

Agora, os partidos que integram o Foro também reconhecem a existência de um déficit teórico. Não apenas nos itens indicados até aqui, neste encontro (o balanço da década de governos progressistas e de esquerda, a integração regional), mas também em três outros temas.

Os temas nos quais se aponta a existência de um déficit teórico são: a análise do capitalismo do século XXI, pois muitos continuam operando com uma interpretação acerca do capitalismo que corresponde ao século XX; o balanço das experiências socialistas, social-democratas e nacional-desenvolvimentistas do século XX, pois muitos repetem erros e desconsideram acertos daquelas experiências; e a estratégia, pois no imaginário de grande parte da esquerda latinoamericana Che ainda suplanta Allende, apesar de que estamos todos envolvidos hoje numa experiência que tem mais a aprender com Allende do que com Che.

Claro que o déficit teórico não significa "pouca produção intelectual", mas sim a relativa debilidade desta produção.

No caso do Brasil, as causas desta debilidade são pelo menos três.

Em primeiro lugar, a perda de status da "classe média tradicional" empurra parcelas deste setor social seja para posturas esquerdistas, seja para posturas conservadoras proclives ao fascismo. E como a classe média é a base de grande parte da intelectualidade, inclusive a de esquerda, isto afeta a produção teórica.

Em segundo lugar, o impacto do neoliberalismo e da tripla crise (do socialismo soviético, da social-democracia e do nacional-desenvolvimentismo) no terreno da cultura, da educação e da comunicação social.

Este impacto afeta os mecanismos de formação e promoção da intelectualidade, não favorecendo o pensamento de esquerda.

Por outro lado, a influência neoliberal na cultura, educação e comunicação obstaculiza a formação de um pensamento de massas: não haverá uma cultura popular, com dezenas e dezenas de milhões a favor da integração, se não tivermos uma indústria cultural, uma educação pública e uma comunicação de massas de novo tipo.

Sem esta mudança, continuaremos colhendo o que foi registrado na recente pesquisa que aponta o PT como partido mais querido (24%, contra 6% do PMDB e 5% do PSDB), mas no contexto de uma redução no número de pessoas que têm preferência partidária (caímos de 61% em 1988 para 44% em 2012).

Em terceiro lugar, há diferenças políticas sobre como se articulam nossas duas grandes tarefas: superar a hegemonia neoliberal e realizar reformas estruturais que superem o desenvolvimentismo conservador.

Estas diferenças políticas geram duas posturas: ou um governismo exacerbado, que só tem olhos para o que é "possível fazer" aqui e agora, atacando qualquer postura crítica; e um esquerdismo também exacerbado, que só tem olhos para o objetivo final, desconsiderando qualquer análise realista da correlação de forças.

O governismo e o esquerdismo expressam um mesmo fenômeno: a ruptura entre teoria e prática, entre objetivos finais e os meios políticos, entre estratégia e tática.

Neste sentido, aplaudo o que disse o Lula na fala inicial deste seminário: precisamos de uma "doutrina", pois afirmar isto equivale a reconhecer a necessidade de uma conexão forte entre teoria e política.

Aliás, não é por acaso que nos damos conta desta necessidade de doutrina, neste momento, em que atingimos um sucesso parcial, mas em que também percebemos que para seguir adiante será preciso alterar a maneira como viemos nos comportando até agora.

Agora, como outros, eu prefiro não falar de doutrina. Sem entrar em outras considerações, eu prefiro não falar de doutrina, porque acho que não devemos cair no erro de construir "uma" doutrina; devemos sim constituir um campo de idéias, que terá um núcleo duro, composto pela prioridade ao social, pela defesa da ampliação das liberdades democráticas, pela afirmação do papel do Estado, pela combinação entre soberania nacional e integração regional.

Agora, este campo de idéias compreende um leque de posições que não cabe nas palavras "doutrina" e "progressista".

É importante assinalar que o tempo corre contra nós.

Não está dado que vamos conseguir passar da ênfase à superação do neoliberalismo, para a ênfase nas reformas estruturais.

A desacumulação que estamos vendo na esquerda mexicana e colombiana, mais a operação denominada "Arco do Pacífico", são alguns dos sinais de que a situação está se complicando. E está se complicando, entre outros motivos, porque as oligarquias, a começar da brasileira, não querem alterar de maneira estrutural a repartição da riqueza entre Capital e Trabalho e dão sinais de que não vão respeitar as regras do seu próprio jogo, se estas regras levam-nas a perder o jogo: vide Paraguai e Honduras.

O caso de Honduras confirma, por outro lado, que devemos manter uma orientação latinoamericanista e caribenha. É claro que nosso foco imediato é a integração da América do Sul. Mas para esta integração ter sucesso, é inescapável enfrentar a hegemonia dos Estados Unidos junto ao México, Caribe e América Central.

Por fim, não haverá integração sem Brasil. Talvez sejamos o país menos latino- americano da região, mas somos também o capitalismo mais potente, que tem melhores condições para ajudar a financiar a integração.

Mas para podermos fazer isto, teremos que afastar a sombra de que somos sub-imperialistas, o que exigirá entre outras coisas mais presença do Estado e mais controle sobre a atuação das transnacionais privadas brasileiras.

Um bom momento para prosseguir esta discussão será o XIX Encontro do Foro de São Paulo, que será realizado no Brasil, na cidade de São Paulo, de 31 de julho a 4 de agosto de 2013.
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* Valter Pomar é historiador formado pela Universidade de São Paulo, doutor em História Econômica e gráfico formado pelo Senai. Foi secretário de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo da Prefeitura de Campinas de 2001 a 2004. Integra a direção nacional do Partido dos Trabalhadores desde 1997 e é Secretário Executivo do Foro de São Paulo.
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