28 junho, 2012

Social para quem? Democrático onde?

Por Denise Queiroz
Colaboração de Sergio Pecci
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Conheci São Paulo na década de 90. Leitora de Asterix, a primeira impressão foi “esses paulistas são uns loucos”, pois entrando na cidade, no limite da velocidade permitida na marginal, o povo que vinha atrás esquecia a mão na buzina, como se estivéssemos a 30 por hora. Com o mapa à mão, saímos no primeiro caminho - pois sempre os há - e andamos por vias menos rápidas para ir até o hotel. Lá chegando, no centro velho, a impressão foi mudando, e essa é a que carrego. Depois disso voltei algumas vezes e sempre a frase “da grana que ergue e destrói coisas belas” toma vida.

Chegando de avião a imagem é que toneladas e toneladas de concreto foram semeadas e brotam como erva ruim, sem respeito ao humano limite que a sobrevivência impõe. Mas andando pelos lugares onde ando, tudo parece arrumadinho e bem cuidado, as pessoas são gentis, embora sempre veja, como em qualquer cidade, ruas esburacadas, calçadas quebradas, lixo que não é recolhido, etc. Detalhes (e o diabo mora neles) que denunciam a imperfeição de que somos feitos...  E sim, também vejo moradores de rua, gente vendendo de poemas a flores nas portas dos bares, gente pedindo uma moeda para alguma necessidade. Nada muito diferente do qualquer cidade neste país, que sempre foi tão desigual e, por isso, não causa estranhamento.

Quando se vota em alguém para administrar, seja o prédio ou o conselho de pais da escola, queremos alguém que dê conta de, com nossa ajuda, resolver desde as situações mais comezinhas até apontar e tentar mudar estruturas que em sua base estejam minadas. Certo? Parece que em São Paulo não se pensa assim.

O prefeito atual é herdeiro indireto de Paulo Salim Maluf através de Celso Pitta, por mãos de quem entrou na administração, e depois, de José Serra, de quem diretamente herdou a prefeitura. O que presenciamos denuncia o que isso significa.

A política atual na administração de São Paulo é o higienismo. O que se aplica (e em algumas outras cidades) não é aquele que foi praticado no século XIX na Europa, quando o termo foi cunhado, contemporâneo à descoberta de que os microorganismos são os responsáveis por grande parte das doenças e, por isso os poderes públicos atentaram para a necessidade de saneamento, limpeza urbana, arejar as cidades, enfim, quando se descobriu que sujeira traz doenças.

Esse que se pratica numa das maiores cidades do mundo, e pior, com apoio de parte da população que elegeu o atual prefeito, é semelhante àquele que os regimes mais horrorizantes da história aplicaram. E coincidência ou não, os partidos que o sustentam sempre tiveram o termo 'social' em alguma parte. O Partido Nacional Socialista alemão, que levou Hitler ao poder e, cujo nome se aparenta ao recém nascido Partido Social Democrático, do prefeito Kassab, é um exemplo.

Social para quem? Democrático onde?

Ao ameaçar enquadrar administrativa e criminalmente entidades que atendem in loco à população de rua da região central de São Paulo, o prefeito e seus aspones descumprem a Constituição Federal, que prevê assistência social a quem necessite. Não, não está na Constituição que essa assistência deva ser prestada em locais pré-determinados, em endereços desconhecidos, onde as mazelas históricas possam estar ocultas. 



Quem necessita de assistência social é porque é a ponta mais longínqua nas políticas excludentes que tanto aprazem certa sociedade, que da necessidade mal conhece a palavra, mas que se beneficia da ignorância e da fome, nas urnas e para ascender ao poder, e ainda assim quer escondê-la, em nome de uma imagem “mais limpinha”, dos possíveis investidores ou turistas estrangeiros, que lêem na imprensa internacional “o bem que o Brasil está”. 

E sim, pelo que leio por aqui e por ali, esse é o caminho que alguns governantes estão tomando aceleradamente, um caminho mais rápido, certamente beneficiando a alguns amigos. 



Tal qual foi feito no Rio de Janeiro, onde um muro aparentemente transparente - mas onde estão jateadas as maravilhosas paisagens da cidade e que chamam mais a atenção do que está por trás - foi colocado acima dos guard-rails da linha vermelha, a via expressa que liga a zona sul ao aeroporto. Assim se escondem as favelas que historicamente “enfeiam” o caminho pavimentado pela imoralidade administrativa. Tal qual em São Paulo o ‘socialista’ Kassab tenta esconder a parte mais frágil da podridão política espelhada nos cristais da paulista... tal qual as cortinas de ferro escondem os espelhos, quando a noite cai.


Foto do blog Vocábulo Disperso






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Além dos links inseridos no texto, recomendamos


27 junho, 2012

Essa democracia está com problemas muito sérios



As revoltas populares no Oriente "foram muito contagiosas". Esta é uma das afirmações do programa número 10 da série "Diálogos com Assange" que a RT divulgou dia 26 de junho. No episódio, o fundador da Wikilieaks conversa com o filósofo, linguista e ativista norteamericano Noam Chomsky e com o historiador, escritor e cineasta Tarik Ali.

Eles analisam o contexto, o desenvolvimento e as possíveis conseqüências da onda mundial de protestos inciada com a Primavera Árabe e revelam suas impressões sobre o sistema de controle do planeta. 


Assista ao vídeo na íntegra, dublado em espanhol ou leia, logo abaixo uma síntese, traduzida para o português*.






O fator surpresa do movimento

"A velocidade e a magnitude dos protestos realmente pegou a todo mundo de surpresa", ressaltou Ali. O historiador está convencido de que, caso houvessem sido previstos, os governos teriam aplicado "mecanismos radicais" para detê-los. "Teriam tentado conter o povo, dispersar (o movimento) torturar, colocar todos na cadeia".

Ali Afirma que a primavera árabe foi muito contagiosa, e acentua a relevância dessas revoltas populares terem surgido "numa parte do mundo em que os comentaristas diziam que ali as pessoas não estavam interessadas na democracia", e que os "muçulmanos são geneticamente hostis à democracia". 

Mas, como tudo aconteceu rapidamente, os Estados Unidos e as outras potências ocidentais nada puderam deter, diz o historiador, lembrando.  que os protestos se estenderam a outras partes do mundo, inclusive aos Estados Unidos, com o movimento #occupy e à Russia. Ele ressalta que a Primavera Árabe continua sendo contagiosa de diferentes formas.

Chomsky concorda com Ali e lembra que os acontecimentos no Egito são muito significativos e profundos. Aconteceu por que "no Egito havia gente preparada para os protestos e, para muitos, era uma possibilidade de começar a fazer alguma coisa”, lembrando o movimento de Abril de 2008. 



Os dois concordam que a invasão à Líbia foi uma tentativa ocidental de restabelecer o controle da região, e consideram importante ressaltar que, nos países produtores de petróleo do Golfo Pérsico, antigos e fiéis aliados dos Estados Unidos como a Arábia Saudita, Emirados Árabes e Kuait, "nunca brotou nada parecido".

"Essas nações estão sob um controle ferrenho", afirma Chomsky, sublinhando que o ocidente tem "um plano de jogo para quando alguns de seus ditadores favoritos percam a capacidade de governar". “Nesta situação, o que fazem é apoiá-los até o último minuto e, quando não é mais possível apoiá-los, o exército se volta contra eles. “Mais tarde conseguem que uma classe intelectual faça declarações veementes sobre a democracia e com isso tentam instaurar o antigo sistema, na medida do possível".

A democracia está com problemas muito sérios

Vemos a democracia cada vez mais despida de conteúdo, é uma casca vazia, sublinha Tariq Ali. "O que faz com que os jovens se afastem, fiquem descrentes e desesperançosos, e acabem pensando que "não importa o que façamos, não importa pelo que votemos, isso não mudará".

"Desse pensamento saem os protestos. Somos testemunhas de um ataque às liberdades civis que afeta a democracia", afirma o historiador, recorrendo ao exemplo de uma lei assinada por Obama, que outorga ao presidente norte-americano o direito de autorizar o assassinato de um cidadão "sem recorrer à lei nenhuma".

Segundo Ali, a grande lição dessas revoltas consiste em que o povo, a massa, se deu conta de que "para fazer mudanças é necessário mobilizar-se e ser ativos".

América do Sul é exemplo de novos modelos 

Noam Chomsky ressalta que são as forças populares, preocupadas com sua sociedade, as que têm que criar seus próprios modelos. Isso, segundo ele, já está ocorrendo na América do Sul, e cita o exemplo da Bolívia, onde "a parte mais reprimida do hemisfério, a população indígena, hoje atua no âmbito político". Ele afirma que os mesmos processos estão ocorrendo no Equador e, até certo ponto, no Peru. E  sugere que o ocidente adote modelos políticos como estes rapidamente, antes de autodestruir-se e acabar! 


Nessa linha destaca "o importante avanço até a independência e a integração" que a o continente sul americano conseguiu, pela primeira vez, desde que os conquistadores europeus chegaram ao continente. Ele lembra o fato das instalações militares americanas terem sido retiradas do continente e considera que, só isso já “é um fenômeno que diz muito".

Tariq ratifica as palavras de Chomsky, e assinala que "as mudanças mais significativas das últimas décadas são provenientes da América do Sul, e o ambiente político em países como a Venezuela, Bolívia e Brasil, é completamente distinto do de outras épocas. Nestes países, muita gente diz : "pela primeira vez nos sentimos independentes de verdade".



Não se entreguem, acreditem, mas questionem

Esse é o conselho universal que Tariq Ali dá aos jovens que querem mudar o sistema e são protagonistas dos movimentos de protesto em todo o mundo. Ele os incita a "serem ativos, pois, ninguém vai lhes servir nada na bandeja". "Sejam críticos com o sistema que nos domina e, se não for nesta, na geração seguinte, as coisas vão mudar".


* Versão para o português de Denise Queiroz 


A onda de violência e as gavetas do Alckmin

Dica do @Cidoli

Reportagem exibida na Band revelou, há três meses, o pacto entre o PCC e o governo paulista. A nova onda de violência que atinge a capital é prova, mais que contundente, de que os relatórios denunciando a ligação umbilical entre os altos comandos de segurança pública e a facção criminosa seguem nas gavetas.

Assista:




Hiato entre poderes põe em risco a democracia



Do Adital
Pe. Alfredo J. Gonçalves*

Na história do processo democrático latinoamericano encontra-se um dado comum e preocupante. Vários países exibem, ao mesmo tempo, um(a) Presidente popular e progressista ao lado de um Parlamento conservador ou retrógrado. Na raiz dessa constante poderíamos encontrar uma explicação no que Maria Isaura Pereira de Queiróz e José de Souza Martins chamam de "messianismo político”. Este muda de grau e de tonalidade, mas em seu conteúdo e forma, repete-se ao longo da trajetória acidentada do continente.

Isso quer dizer que as eleições com frequência revelam uma espécie de esquizofrenia: enquanto a população em geral tende a eleger um "salvador da pátria” na pessoa do mandatário máximo, as oligarquias costuram alianças para formar senadores e deputados que deverão defender seus interesses e/ou privilégios. Em alguns casos a dicotomia é flagrante. Na emoção e expectativa da mudança, o povo concentra sua esperança e suas energias sobre a figura do líder, ao passo que as classes dominantes, calculada e matematicamente, preparam, em surdina ou ao à luz do dia, uma maioria decisiva e decisória.

Semelhante descompasso resulta na cristalização ou congelamento do status quo, em detrimento de um programa de mudanças urgentes e necessárias. A expectativa levantada com a eleição de um "messias” costuma ser infinitamente superior à capacidade de organização dos que o levaram ao poder. A capacidade real de tomar decisões por parte do poder Executivo debate-se com as forças contrárias dos outros dois poderes: Legislativo e Judiciário. O resultado são os constantes entraves, impasses e constrangimentos no interior do exercício democrático, além da prática do "toma lá dá cá” e do tráfico de influências. Evidente que neste clima há terreno fértil para a corrupção e o balcão de negócios.

Não poucas vezes o processo eleitoral expõe de maneira nua e crua essa dicotomia. Por um lado, as pesquisas da mídia e o trabalho do marketing convergem câmeras, holofotes e microfones para a eleição dos cargos majoritários (Prefeito, Governador e Presidente); por outro, nos bastidores ocultos das luzes e cores do cenário político, crescem as candidaturas dos cargos legislativos (vereadores, deputados e senadores). Não se trata apenas de descompasso, mas de um conflito que reflete e traduz um jogo de interesses da própria sociedade. A população centra o olhar no trono mais elevado, mas os representantes dos setores que detêm a riqueza e o poder o centram nas cadeiras da Câmera e do Senado. Sabem que estas, em última instância, é que elaboram as leis. Resta ao soberano, no exercício do mandato, o apelo às Medidas Provisórias, o que contrasta com o a prática genuína da democracia.

Em síntese, o "messias” encarna o governo, mas os parlamentares e juízes dominam as forças do Estado. Este não é um tigre, com suas acrobacias rápidas e flexíveis, e sim um elefante pesado, cuja burocracia requer muito tempo para completar um passo à frente. O Estado tende mais à inércia do que ao movimento. Disso resulta a decepção com presidentes que, supostamente, foram eleitos para efetuarem mudanças rápidas, as quais, de resto, fazem parte do cardápio de suas promessas. Numa palavra, não é o "messias” que põe a história em marcha, nem o paquiderme dos três poderes da união. Como a flor, a espiga e o edifício, as mudanças históricas se levantam do chão.

Talvez isso ajude a entender a trajetória de Lula, de Lugo e de Cristina, respectivamente no Brasil, Paraguai e Argentina. Mas não só!


*Assesssor das Pastorais Sociais

26 junho, 2012

Práticas medievais na "moderna" europa



Do Correio do Brasil

Proibida em Portugal em 1867, no Brasil a Roda dos
expostos foi usada até o final dos anos 40 do século passado.
 

Um sistema comum na Idade Média para abandonar filhos indesejados ressurgiu com força na Europa nos últimos dez anos, mas com nova roupagem.
Diferente das rodas de bebês rejeitados de outros séculos, o equipamento moderno difere dos cilindros de madeira instalados em paredes de conventos ou igrejas medievais.

Nos equipamentos antigos os bebês indesejados eram depositados pela parte de fora e depois girados para dentro dos estabelecimentos.


Embora tenha a mesma finalidade, o novo sistema consiste em uma espécie de berço aquecido, monitorado por enfermeiras e disposto em locais próximos a hospitais com fácil acesso da população.

A prática, entretanto, continua sendo duramente criticada pela ONU, uma vez que violaria os direitos das crianças.




Em Berlim, por exemplo, uma placa localizada ao final de uma rua de um bairro tranquilo chama atenção de moradores e visitantes, apontando para um caminho entre as árvores.

Na placa, lê-se a seguinte mensagem “Babywiege” (berço).

No final deste caminho, há uma escotilha de aço com uma alça. Dentro dela, uma espécie de berço, com cobertores para acomodar o recém-nascido, possivelmente indesejado pela família.

O local é seguro e a temperatura ideal para um bebê. Há também uma carta deixada pelos responsáveis pela instalação do berço, caso o depositante se arrependa de sua decisão e queira a criança de volta.

Duas vezes por ano, alguém – possivelmente uma mulher – percorre tal trajeto até os fundos do Hospital Walfriede.

Para fontes ligadas ao tema, trata-se, normalmente, de um caminho sem volta. A criança indesejada crescerá sem nunca conhecer a mãe.

O processo é anônimo, ou seja, não se conhece a identidade do depositante, por mais que tal prática seja mais comum entre as mães.

Mas é justamente este argumento – o de confidencialidade – que é criticado por quem condena a iniciativa.


Crítica

Críticos afirmam que a roda pode ser usada por pais inescrupulosos ou até cafetões para pressionar as mães a abandonar seus bebês.

“Estudos na Hungria mostram que não são necessariamente as mães que depositam seus filhos nessas caixas, mas, por outro lado, parentes, cafetões, padrastos e até mesmo os pais biológicos”, disse em entrevista à BBC Kevin Browne, da Universidade de Nottingham.

Funcionamento da “roda” moderna é similar à medieval; bebê é depositado dentro da escotilha.

“Como o processo é realizado no anonimato e não inclui qualquer aconselhamento psicológico à mãe, cria um precedente perigoso tanto para a mulher como para a criança”, acrescentou.

Para o estudioso, ao facilitar o processo de abandono de um bebê, as mães ficam menos suscetíveis a receber a ajuda necessária em uma situação de grande trauma emocional e, até mesmo, de risco para sua saúde.

Não há consenso, contudo, sobre o argumento levantado por Browne. Partidários da medida afirmam que estão oferecendo a mães desesperadas uma maneira segura de abandonar filhos indesejados.

Recentemente, uma mãe alemã foi condenada por atirar seu filho recém-nascido da janela do quinto andar de um edifício.

Crescimento

Situações como essa impulsionaram a prática da “roda” moderna na Europa Central e Oriental, desde os países bálticos, passando por Alemanha, Áustria, Polônia, Hungria, República Tcheca até a Romênia.

A lei de alguns desses países encoraja o sistema. Na Hungria, por exemplo, a legislação foi alterada para permitir que a iniciativa fosse considerada legal, nos mesmos padrões da adoção, enquanto que o abandono de um recém-nascido continua sendo considerado crime.

Kevin Browne, da Universidade de Nothingham, acredita que a tendência de crescimento é maior em países com passado comunista ou majoritariamente católicos, onde o estigma da mãe solteira ainda é muito forte.


Caixas para o abandono de bebês por país

Alemanha – 99
Polônia – 45
República Tcheca – 44
Hungria – 26
Eslováquia – 16
Lituânia – 8
Itália – 8*
Bélgica – 1
Holanda – 1**
Suíça – 1
Vaticano – 1
Canadá – 1
Malásia – 1

*aproximadamente
**previsão

Fonte: Comitê dos Direitos das Crianças das Nações Unidas

Para Gabriele Stangl, do Hospital Waldfriede em Berlim, que recebe dezenas de recém-nascidos por ano, a prática moderna da “roda” salva vidas, e, diferentemente do que pensa Browne, também aumenta os direitos das crianças.

Segundo ela, o sistema conta com todas as facilidades de uma maternidade comum. Uma vez que o bebê é depositado no berço improvisado, um alarme soa e uma equipe de médicos chega para checar o estado de saúde do recém-nascido.

A criança, então, é tratada no hospital e nutrida até ser encaminhada ao sistema legal de adoção. Neste período inicial, as mães têm o direito de buscarem de volta seus filhos caso se arrependam. Porém, uma vez feita a adoção, não há mais recurso.


Arrependimento

Não são raros os casos das mães que decidem voltar atrás em sua decisão. Uma delas contou à BBC que, como engravidou muito jovem e não tinha o apoio do pai da criança, ficou em estado de choque após o nascimento e decidiu colocar o filho na “roda”. Ela, entretanto, se arrependeu uma semana depois.

Em uma única “roda” em Hamburgo, no norte da Alemanha, 42 bebês foram abandonados na última década. Desse montante, 17 mães contataram os organizadores e 14 buscaram de volta seus filhos.

“Em 1999, cinco bebês foram abandonados na cidade e três deles morreram”, disse Steffanie Wolpert, uma das fundadoras do sistema de Hamburgo. “Então, nós pensamos em um jeito de contornar essa situação e permitir a sobrevivência dessas crianças”, acrescentou.

Mas os críticos, como o Comitê das Nações Unidas para os Direitos das Crianças, não estão convencidos dos benefícios do sistema. Eles alegam que a iniciativa é um retrocesso às práticas medievais.

Segundo Maria Herczog, uma psicóloga infantil que integra o comitê, uma alternativa mais eficiente à “roda” moderna seria entender e ajudar as mães em circunstâncias difíceis.

“Essa prática envia uma mensagem errada às mulheres de que têm o direito de continuar escondendo a gravidez, dando a luz em circunstâncias pouco conhecidas e abandonando seus bebês”, disse Herczog.

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Leia também: 
Bebês abandonados em rodas modernas
Espanha: Igreja roubou 300.000 crianças em 30 anos
Polêmica no JAPÃO-Hospital católico inaugura "roda dos enjeitados"

A primavera árabe por Chomsky, Assange e Tariq Alí



Do RT, via Cubadebate
Tradução de Denise Queiroz


As revoltas populares no Oriente "foram muito contagiosas". Esta é uma das afirmações do segundo programa da série "Diálogos com Assange" que será exibida na RT hoje à noite. Neste, o fundador da Wikilieaks conversa com o filósofo, linguista e ativista norteamericano Noam Chomsky e com o historiador, escritor e cineasta Tarik Ali.

Eles analisam o contexto, o desenvolvimento e as possíveis conseqüências da onda mundial de protestos inciada com a Primavera Árabe. Os convidados, claros em sua exposição, revelam suas impressões sobre o sistema de controle do planeta. 


Ali Afirma que a primavera árabe foi muito contagiosa, e acentua a relevância  dessas revoltas populares terem surgido "numa parte do mundo em que os comentaristas diziam que ali as pessoas não estavam interessadas na democracia", e que os "muçulmanos são geneticamente hostis à democracia". No entanto, os protestos não só brotaram, mas se estenderam à outras partes do mundo, inclusive aos Estados Unidos. "Foi a ocupação da praça Tahrir no Cairo, o que inspirou aos ativistas dos Estados Unidos". Ele aponta também que a primavera árabe ainda "segue contagiando, de diferentes formas".


Aqui um trecho:


A primeira edição do programa da RT apresentado por Julián Assange foi ao ar dia 17 de abril, marcando os 500 dias do bloqueio financeiro sobre a página do Wikileaks, e teve uma enorme repercussão. O marco da série de programas que conta com 10 capítulos, será o que Assange conversa com iconoclastas, visionários e especialistas do poder, com a intenção de analisar o futuro da comunidade mundial.

24 junho, 2012

Mercosul suspende o Paraguai


La Cancillería argentina informa que en el día de la fecha los Estados partes y Estados Asociados del MERCOSUR se han pronunciado mediante una Declaración expresando su más enérgica condena a la ruptura del orden democrático en la República del Paraguay.

En la misma Argentina, Brasil, Uruguay, Venezuela, Bolivia, Chile,Colombia, Ecuador y Perú suspenden su participación en la Cumbre de Presidentes del MERCOSUR, así como de las reuniones preparatorias, que tendrán lugar en la ciudad de Mendoza, entre el 25 y 29 de junio de 2012. A su vez trasladan "ulteriores medidas a ser adoptadas" al encuentro de Jefes y Jefas de Estado que se realizará en la ciudad de Mendoza el próximo viernes 29 de junio.
A continuación se transcribe la Declaración completa.


DECLARACION DE LOS ESTADOS PARTES DEL MERCOSUR Y ESTADOS ASOCIADOS SOBRE LA RUPTURA DEL ORDEN DEMOCRATICO EN PARAGUAY.



La República Argentina, la República Federativa del Brasil, La República del Uruguay, la República Bolivariana de Venezuela, el Estado Plurinacional de Bolivia, la República de Chile, la República de Colombia, la República del Ecuador y la República del Perú;

Considerando que, de acuerdo a lo establecido en el Protocolo de Ushuaia sobre Compromiso Democrático en el MERCOSUR suscrito el 24 de julio de 1998, la plena vigencia de las instituciones democráticas es condición esencial para el desarrollo del proceso de integración.

DECIDEN:

1.- Expresar su más enérgica condena a la ruptura del orden democrático acaecido en la República del Paraguay, por no haberse respetado el debido proceso.

2.- Suspender al Paraguay, de forma inmediata y por este acto, del derecho a participar en la XLIII Reunión del Consejo del Mercado Común y Cumbre de Presidentes del MERCOSUR, así como de las reuniones preparatorias, que tendrán lugar en la ciudad de Mendoza, entre el 25 y 29 de junio de 2012.

3.- Considerar, a nivel de Jefas y Jefes de Estado en la Reunión Cumbre del MERCOSUR del día 29 de junio, ulteriores medidas a ser adoptadas.

A direita nunca o perdoou

Texto do El País
Tradução de Denise Queiroz





Foi o homem que pôs o Paraguai no mapa em abril de 2008, quando eleito à presidência com 40% dos votos, finalizando assim 61 anos de governo do conservador Partido Colorado. Bispo desde 1977, pendurou a batina em 2005 para dedicar-se à política. De esquerda, tinha 56 anos e prometeu implantar a reforma agrária integral, que poria fim ao monopólio das terras por parte da oligarquia beneficiada pela ditadura militar de Alfredo Stroessner (1954-1989). Nesse momento, 76% da população acreditava que as coisas iam melhorar com ele. No entanto, o Paraguai só saía do mapa a cada vez que Lugo reconhecia a paternidade de algum filho ilegítimo. O primeiro se conheceu em 2009 e o último no início deste mês. Ambos foram concebidos quando ele era Bispo. Mas isso não prejudicou em grande coisa sua carreira política.

A direita o acusou de tolerar e incentivar as ocupações de terra que os camponeses da Liga Nacional de Carperos faziam com suas barracas. Os conflitos costumavam resolver-se sem mortes. Até que no último dia 15 de junho, quando numa ocupação, no norte do país, morreram seis policiais e onze sem-terras. A oposição, então, pôs o seu dedo acusador sobre o presidente. Lugo destituiu ao ministro do interior e colocou em seu lugar um outro, do Partido Colorado. Mas isso só serviu para insuflar ainda mais o ânimo dos liberais com os quais governava em coalisão. Conservadores e liberais se uniram e foram para cima. Com o gesto de tentar até a última hora agradar a uns e outros, ficou retratada sua maneira conciliadora de entender a política. “Deu liberdade demais a seus ministros”, aponta Oscar Rodriguez, economista e professor da Universidade Católica de Assunção. “Inclusive dentro da sua aliança, a Frente de Guazú, tem gente com visão muito diferente sobre problemas muito concretos”.

Lugo governava com os aliados do Partido Liberal mas também foi outorgando ministérios ao Partido Colorado. O Ministério da Agricultura estava dominado por políticas neoliberais e o do Meio Ambiente controlado pela esquerda radical. “Foi difícil para ele tirar a batina”, comentou um membro da Frente Guazú. “Ele via com muita bondade a todos os seus rivais como se fossem fiéis. Apelava à bondade da pessoa, sem levar em conta que muitas dessas pessoas têm interesses econômicos muito grandes e poderosos”.

Passaram-se mais de quatro anos e Lugo nunca pode colocar em prática seus ideais de redistribuição da terra. Seus seguidores estimam que os inimigos de Lugo eram demasiado poderosos: o sistema judicial, a Câmara de Deputados e os meios de comunicação servem aos interesses de uma pequena oligarquia, segundo os partidários do presidente.

“Com a ocupação que resultou na matança, ficou evidente a manipulação informativa”, aponta o funcionário Bernabé Pencuyo, de 60 anos. “Os sem-terra haviam ocupado umas terras que pertenciam ao Estado e que foram entregues, durante a ditadura de Stroessner, ao grileiro Abad Riquelme, de forma ilegal e corrupta. Há um tribunal que ainda está decidindo a quem pertencem essas terras. Mas isso quase nunca se fala”.

A direita promoveu a destituição de Lugo, embora seus interesses não tenham sido muito ameaçados por ele. “Os exportadores de soja no Paraguai só pagam 3% de impostos, enquanto na Argentina pagam mais de 30%, sustenta Rodriguez. “Não pôde fazer grande coisa pela reforma agrária, mas conseguiu implantar um sistema de saúde que permitiu que a maior parte da população tivesse medicina gratuita. Também concedeu subsídios para mais de 20 mil famílias que vivem na extrema pobreza e levou café da manhã e almoço gratuito às escolas públicas, acrescenta Oscar Rodriguez.

“Lugo não pôde fazer muitas mudanças”, reconhece o sociólogo José Carlos Rodriguez, colaborador do governo, “mas trouxe uma cultura distinta à que sempre se viu neste país. A direita nunca o perdoou”.


Franco pede ajuda a Lugo para que aceitem seu governo

Depois da reação de repúdio ao "golpe express" que destituiu o presidente Fernando Lugo da presidência do Paraguai, a apenas 9 meses das eleições, num processo que mais parecia uma peça kafkiana, nota da BBC afirma que o golpista Federico Franco, o vice-presidente que foi empossado imediatamente após o golpe, pede ajuda ao presidente que ajudou a destituir para tentar convencer os vizinhos a não aplicarem as sansões previstas, tanto nos tratados do Mercosul quanto da Unasul, e para que seu governo seja aceito pelos vizinhos. 

Na próxima quinta-feira uma reunião será realizada em Mendoza, Argentina. Dali devem sair as decisões, a serem tomadas em bloco, diante da crise que se abate sobre a democracia do continente.
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Federico Franco 

El nuevo presidente de Paraguay, Federico Franco, declaró que pedirá ayuda a su predecesor, Fernando Lugo, para aliviar las tensiones regionales después de que gobiernos de toda la región condenaron el juicio político al expresidente.

"Ahora mismo estoy tratando de hablar con el presidente Lugo, lo voy a hacer, creo que es muy importante su presencia como paraguayo para tratar de dar una imagen internacional, que en estos momentos necesitamos de un gobierno legalmente constituido" , dijo Franco en una entrevista a AFP que replicaron los medios locales.

Hay cada vez más presión sobre Paraguay después de la rápida destitución de Lugo el viernes.

Argentina y Brasil -las dos grandes potencias regionales- condenaron la medida, la primera retirando a su embajador y el segundo llamándolo a consultas.

Brasil describió la destitución de Lugo como una ruptura del orden democrático y dijo que los grupos regionales Unasur y Mercosur están considerando sus respuestas.

Lugo fue destituido por el Congreso, por su responsabilidad en la muerte de 17 personas en enfrentamientos entre la policía y campesinos sin tierra.
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As reações que fazem com que o ocupante ilegítimo da cadeira presidencial paraguaia peça arrego:


Brasil 




23/06/2012 -

Nota nº 155

O Governo brasileiro condena o rito sumário de destituição do mandatário do Paraguai, decidido em 22 de junho último, em que não foi adequadamente assegurado o amplo direito de defesa. O Brasil considera que o procedimento adotado compromete pilar fundamental da democracia, condição essencial para a integração regional.

Medidas a serem aplicadas em decorrência da ruptura da ordem democrática no Paraguai estão sendo avaliadas com os parceiros do MERCOSUL e da UNASUL, à luz de compromissos no âmbito regional com a democracia.

O Governo brasileiro ressalta que não tomará medidas que prejudiquem o povo irmão do Paraguai.

O Brasil reafirma que a democracia foi conquistada com esforço e sacrifício pelos países da região e deve ser defendida sem hesitação.

O Embaixador do Brasil em Assunção está sendo chamado a Brasília para consultas.



OEA 

Miguel Insulza


 El secretario general de la Organización de los Estados Americanos (OEA), Miguel Insulza, señaló sobre el juicio político al presidente Fernando Lugo, que a la norma escrita se le buscó una interpretación propicia para alterarla en los hechos. Dijo que "la ley nunca puede amparar la violación de los principios".

A pesar de que el juicio político haya estado formalmente apegado a la ley, no parece cumplir con todos los preceptos legales del derecho a la legítima defensa, indicó Insulza según un comunicado oficial. 

"La comunidad internacional ha planteado dudas fundadas sobre el cumplimiento de las normas contenidas en los artículos 17 y 18 de la Constitución del Paraguay y en los tratados internacionales suscritos por ese país, que consagran los principios universales del debido proceso y del legítimo derecho de todo procesado a defenderse usando todos los recursos procesales, contando para ello con plazos suficientes entre el inicio del juicio y su conclusión", indicó,según el informe. 

Además, resaltó que ya fueron varias las ocasiones en que algunos países, por el apego a la letra escrita de la ley, violaron principios democráticos que deben tener vigencia universal.

Argentina


Rafael Romá, embajador de Argentina. Foto: ÚH

Argentina retira su embajador por la "ruptura del orden democrático" en Paraguay
El gobierno argentino retiró este sábado a su embajador -Rafael Romá- destacado en Paraguay alegando que existe una ruptura del orden democrático, tras la destitución del presidente Fernando Lugo vía juicio político.

La declaración oficial del gobierno de Cristina Fernández señala a través de la Cancillería: "Frente a los graves acontecimientos institucionales ocurridos en la República del Paraguay que culminaron con la destitución del Presidente constitucional Fernando Lugo y la ruptura del orden democrático, el Gobierno argentino ha dispuesto el inmediato retiro de su Embajador en Asunción, quedando la Representación diplomática a cargo de un encargado de negocios a.i.(ad interim) , hasta tanto se restablezca el orden democrático en dicho país.


Uruguai



Uruguay convoca a embajador y califica como "juicio sumario" la destitución de Lugo

El gobierno de Uruguay llamó este sábado a consulta a su embajador en Paraguay, Enrique Fischer, para dar informaciones sobre la crisis política que puso fuera del Ejecutivo a Fernando Lugo.

Elpaisdigital señala que el canciller Luis Almagro, quien se reunió en la tarde de hoy con el presidente José Mujica y el prosecretario Diego Cánepa, calificó de "juicio sumario" al proceso contra el expresidente de Paraguay Fernando Lugo y aseguró que el mismo "no condice con las garantías esenciales del debido proceso".

Asimismo, el gobierno llamó en consulta a su embajador en Paraguay, Enrique Fischer, quien arribará a Montevideo en las próximas horas para exponer su opinión al respecto de la crisis política que vive aquel país.

Además, según publica la Secretaría de comunicación de Presidencia de la República en su cuenta Twitter, el ministro de Relaciones Exteriores indicó que "la imposición de un nuevo presidente en estas condiciones no condice con las prácticas democráticas fundamentales".

Almagro indicó que desde Uruguay se espera que "Paraguay convoque lo antes posible a su pueblo para elegir autoridades".

El canciller dijo que la imposición de Franco no condice con las prácticas democráticas fundamentales y calificó de "juicio sumario" al proceso contra Lugo.

En la reunión entre Almagro y Mujica, el gobierno uruguayo emitió una declaración sobre la situación en Paraguay donde se aseguró que "cuando los presidentes son electos por el pueblo se deben establecer las máximas garantías de estabilidad a esa decisión soberana".

En ese sentido, el gobierno sostuvo que "las autoridades legítimas de los países de nuestro continente son aquellas que provienen del voto popular, el verdadero soberano para elegirlas. La rapidez y urgencia de los procedimientos seguidos para el juicio político del Presidente Lugo, con características de juicio sumario, no condicen con las garantías esenciales del debido proceso, especialmente teniendo en cuenta la brevedad de los plazos y que aún no han terminado las investigaciones de los desgraciados hechos ocurridos el pasado 15 de junio".

Asimismo, se indicó que "los antecedentes de inestabilidad en la región, hacen imprescindibles mantener el más pleno respeto a las cláusulas democráticas de MERCOSUR y UNASUR".

El canciller participó ayer en Asunción junto a los demás cancilleres de la Unasur, acompañando a Lugo durante el juicio político al que fue sometido.




El gobernante venezolano se sumó así a una declaración en el mismo sentido de su homólogo ecuatoriano, Rafael Correa, quien calificó como un "golpe ilegítimo" la destitución de Lugo

Chavez en consejo de ministros | Cortesía Globovisión
El presidente de Venezuela, Hugo Chávez, dijo hoy que no reconoce al "írrito (nulo) e ilegal" Gobierno que se instaló en Paraguay y calificó de "bochornoso" el juicio político que terminó con la destitución del mandatario Fernando Lugo.

"El Gobierno venezolano, el Estado venezolano, no reconoce a ese írrito e ilegal e ilegítimo Gobierno que se instaló en Asunción", declaró Chávez en el palacio de Miraflores (sede del Ejecutivo) antes de la llegada de su colega de Irán, Mahmud Ahmadineyad.

El gobernante venezolano se sumó así a una declaración en el mismo sentido de su homólogo ecuatoriano, Rafael Correa, quien calificó como un "golpe ilegítimo" la destitución de Lugo y dijo que no reconocerá a ningún otro presidente de ese país.

También el mandatario boliviano, Evo Morales, habló en el mismo sentido.

A tiempo de cuestionar que se ha "defenestrado de manera totalmente ilegítima" a Lugo, Chávez consideró que "igual le hicieron" en junio de 2009 al entonces presidente de Honduras, Manuel Zelaya y lo que "trataron de hacer" en Venezuela, al aludir al golpe que lo sacó brevemente del poder en abril de 2001.

"No solo se golpea al presidente Lugo o al Gobierno legítimo del pueblo paraguayo, se golpea la historia paraguaya y uno diría más, se golpea a la Unasur (Unión de Naciones Suramericanas)", sentenció Chávez, quien subrayó que "esto no termina allí".

Advirtió que es "un golpe de las burguesías, de la burguesía paraguaya, subordinada a los intereses imperiales" y apuntó que tratan de frenar "no solo el proceso de cambios en el Paraguay" sino que "el pueblo paraguayo ratifique y confirme este proceso de cambio" en las elecciones.

"Están tratando de cercenarlo desde ahora mismo sino también tratando de dividir a los Gobiernos, a los pueblos de la Unión de Naciones Suramericanas, pero ya veremos la respuestas en esta zona y en los próximos días", agregó.

El Senado paraguayo consideró hoy "culpable" al presidente Fernando Lugo de mal desempeño en sus funciones, lo que derivó en su inmediata destitución y el nombramiento en su cargo del hasta ahora vicepresidente, Federico Franco, hasta la celebración de nuevas elecciones en abril de 2013.

En sus primeras palabras públicas después de ser separado del cargo, Lugo aseguró que se somete a la decisión del Senado, aunque la ley "haya sido torcida como una frágil rama al viento".

Mientras Franco aseguró, tras jurar el cargo, que la "transición" que comienza en Paraguay "se realiza dentro del orden constitucional" y "de ninguna manera pone en riesgo la vigencia y principios democráticos universales".

La Unión de Naciones Suramericanas (Unasur) y la Alianza Bolivariana (Alba) cerraron filas para defender a Lugo y la primera incluso advirtió de posibles medidas de respuesta.



23 junho, 2012

Prisões, privatização e padrinhos


Family album

Dica @maikonPT 


Nos últimos dias, o "New York Times" publicou uma série de reportagens aterrorizantes sobre o sistema de casas de semi-internato de Nova Jersey -que serve como ala auxiliar, operada pelo setor privado, do sistema penitenciário estadual. A série é um modelo de jornalismo investigativo e todos deveriam ler esses artigos. Mas também é preciso que seja analisada como parte de um contexto mais amplo. Os horrores descritos são parte de um padrão mais amplo sob o qual funções do governo estão sendo a um só tempo privatizadas e degradadas.

Vamos começar pelas casas de semi-internato. Em 2010, Chris Christie, o governador de Nova Jersey -que tem conexões pessoais com a Community Education Centers, a maior operadora dessas instalações, para a qual no passado trabalhou fazendo lobby-, descreveu as operações da empresa como "uma representação do que há de melhor no espírito humano". Mas as reportagens revelam, em lugar disso, algo mais próximo ao inferno -um sistema mal gerido, com escassez de funcionários e equipes desmoralizadas, do qual os mais perigosos indivíduos muitas vezes escapam para causar estragos e no qual os criminosos menos violentos enfrentam terror e abusos da parte dos demais detentos.

A história é terrível. Mas, como eu disse, é necessário vê-la no contexto mais amplo de uma campanha nacional da direita norte-americana pela privatização de funções de governo, o que enfaticamente inclui a administração de prisões. O que move essa campanha?

Seria tentador dizer que ela reflete a crença dos conservadores na magia do mercado, na superioridade da concorrência livre sobre o planejamento governamental. E essa é certamente a maneira pela qual os políticos da direita gostariam de ver a questão enquadrada.

Mas basta pensar por um minuto para perceber que uma coisa que as empresas que formam o completo penitenciário privado -companhias como a Community Education ou a gigante setorial Corrections Corporation of America- não fazem é concorrer em um mercado livre. Elas na realidade vivem de contratos governamentais. Assim, não existe mercado, e portanto nenhum motivo para prever ganhos mágicos de eficiência.

E o fato é que, apesar das muitas promessas de que privatizar penitenciárias resultaria em grande economia de custos, essa economia -como concluiu um estudo abrangente conduzido pelo Serviço de Assistência Judiciária, parte do Departamento da Justiça norte-americano- "simplesmente não se concretizou". Os operadores privados de penitenciárias só conseguem economizar dinheiro por meio de "reduções em quadros de funcionários, nos benefícios conferidos aos trabalhadores e em outros custos trabalhistas".

Assim, é hora de conferir: as penitenciárias privadas economizam dinheiro porque empregam menos guardas e outros funcionários, e pagam menos a eles. E em seguida lemos histórias de horror sobre o que acontece nas prisões. Que surpresa!

O que deixa a questão dos motivos reais para a campanha pela privatização das penitenciárias, e de praticamente tudo mais.

Uma resposta é que a privatização pode servir como forma encoberta de elevar o endividamento do governo, já que este deixa de registrar despesas antecipadas (e pode até arrecadar dinheiro pela venda de instalações existentes), e eleva os custos de longo prazo de maneira invisível pelos contribuintes. Já ouvimos muito sobre dívidas estaduais ocultas em forma de passivos de pensão futuros; mas não ouvimos o bastante sobre as dívidas futuras que estão sendo acumuladas agora na forma de contratos de longo prazo com empresas privadas empregadas para operar penitenciárias, escolas e muito mais.

Outra resposta para a privatização é que ela representa uma forma de eliminar funcionários públicos, que têm o hábito de formar sindicatos e tendem a votar nos democratas.

Mas a principal resposta certamente está no dinheiro. Pouco importa o efeito que a privatização tenha ou não sobre os orçamentos estaduais. Pense, em lugar disso, nos benefícios que ela traz para os fundos de campanha e as finanças pessoais dos políticos e seus amigos. Com a privatização de mais e mais funções governamentais, os Estados se tornam paraísos de pagamento nos quais contribuições políticas e pagamentos a amigos e parentes se tornam parte da barganha na obtenção de contratos do governo. As empresas estão tomando o controle dos políticos ou os políticos estão tomando o controle das empresas? Pouco importa.

É claro que alguém vai certamente apontar que as porções não privatizadas do governo também enfrentam problemas de influência indevida, que os sindicatos dos guardas penitenciários e professores têm influência política e esta ocasionalmente distorce as decisões governamentais. É justo. Mas essa influência tende a ser relativamente transparente. Todo mundo sabe sobre as aposentadorias supostamente absurdas do setor público; já revelar o inferno das casas de semi-internato de Nova Jersey requereu meses de investigação pelo "New York Times".

O que importa, portanto, é que não se deve imaginar aquilo que o "New York Times" descobriu sobre a privatização de prisões em Nova Jersey como exemplo isolado de mau comportamento. Trata-se, na verdade, quase certamente de apenas um vislumbre de uma realidade cada vez mais presente, de uma conexão corrupta entre privatização e apadrinhamento que está solapando as funções do governo em muitas regiões dos Estados Unidos.

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Tradução de Paulo Migliacci

22 junho, 2012

Paraguai: o golpe e o dedo de Washington

Por Mark Weisbrot 
Introdução por Antonio Martins


Asunção: multidão pede, diante do Congresso, que presidente resista ao golpe 


No final da tarde desta sexta, o Senado do Paraguai, dominado por partidos conservadores, decretou o afastamento do presidente eleito, Fernando Lugo. Mas o futuro do país é incerto. No plano interno, é provável que haja resistência ao ato, visto por boa parte da sociedade como um golpe. Uma multidão permanece diante do Legislativo, e passou a pedir a dissolução do próprio Congresso, por considerá-lo ilegítimo.

Na cena internacional, a União das Nações Sul-Americanas também acaba de emitir comunicado em que frisa “sua total solidariedade ao povo paraguaio e o respaldo ao Presidente constitucional Fernando Lugo.”

Em meio aos acontecimentos, um aspecto permanece incerto: o papel dos Estados Unidos. Com quem os golpistas poderiam contar, se enfrentam oposição interna e dos governos da região? No texto abaixo, o jornalista e cientista político Mark Weisbrot sugere: Washington pode estar dando respaldo aos golpistas. Colaborador do “The Guardian”, Weisbrot é também co-diretor do Centro para Pesquisa Econômica e Política, baseado na capital norte-americana(A.M.)


Asunción, tarde de 22/6: Diante do Congresso, soldados apontam para os manifestantes

Um golpe de estado está sendo perpetrado neste exato momento, sexta-feira à noite, no Paraguai. É esta a visão de diversos governos vizinhos. E a União das Nações Sulamericanas (Unasul) está tratando os acontecimentos desta maneira, além de levá-los muito a sério. Todos os doze ministros de Relações Exteriores (inclusive os do Brasil e da Argentina, que estão profundamente preocupados) voaram para Assunção na quinta-feira à noite, para manter contatos com o governo, e também com a oposição, no Legislativo.

O Congresso do Paraguai tenta afastar o presidente, Fernando Lugo, por meio de um procedimento de impeachment em que lhe foram dadas menos 24 horas para preparar sua defesa, e apenas duas para apresentá-la. Tudo indica que uma decisão para condená-lo já foi escrita, e será apresentada nesta noite (22/6). Seria impossível chamar este trâmite de “devido processo”, em qualquer circunstância, mas é também uma clara violação do Artigo 17 da Constituição paraguaia, que assegura o direito a defesa adequada.

O sentido político da tentativa de golpe também está suficientemente claro. O Paraguai foi controlado, durante 61 anos, pelo Partido Colorado, de direita. Na maior parte deste tempo (1947-1989), o país esteve sob ditadura. O presidente Lugo, um ex-bispo ligado à Teologia da Libertação e às lutas dos pobres, foi eleito em 2008, mas não conseguiu apoio da maioria do Congresso. Ele articulou uma coalizão de governo, mas a direita – incluindo a mídia – nunca aceitou de fato sua presidência.

Conheci Fernando Lugo no início de 2009. Impressionaram-me sua paciência e estratégia de longo prazo. Ele dizia que, dada a força das instituições alinhadas contra seu governo, não esperava ganhar tudo no presente; estava lutandopara que a nova geração pudesse ter uma vida melhor. Mas a oposição sempre foi implacável. Em novembro de 2009, Lugo teve de demitir os principais comandantes militares, devido a relatos firmes de que conspiravam com a oposição.

O impeachment foi desencadeado por um conflito armado entre camponeses que lutavam por terra e a polícia, quando morreram ao menos 17 pessoas, inclusive sete oficiais de polícia. Segundo os sem-terra, a área em disputa havia sido obtida ilegalmente por um político do Partido Colorado. Mas o confronto violento é apenas um pretexto: está claro que o presidente não teve responsabilidade alguma pelo ocorrido. Os oponentes de Lugo sequer apresentaram alguma evidência para as acusações no “julgamento” de hoje. O presiente propôs uma investigação sobre o incidente; a oposição não se mostrou interessada, preferindo partir para um procedimento judicial fraudulento.

A eleição de Lugo foi uma das muitas na América do Sul (Argentina, Brasil, Venezuela, Bolívia, Equador, Uruguai, Peru, Honduras, Nicarágua, El Salvador) em que as sociedades escolheram governos de esquerda e mudaram a geografia política do hemisfério, nos últimos 14 anos. Com a mudança, veio uma crescente unidade política em temas regionais – especialmente na resistência aos Estados Unidos, que antes tinham sucesso, ao evitar o surgimento de governos de esquerda.

Por isso, não é surpreendente a resposta urgente e imediata dos países sul-americanos a esta tentativa de golpe, vista por eles como uma ameaça à democracia. O secretário-geral da Unasul, Ali Rodriguez, insistiu que Lugo deve ter direito ao “devido processo” e ao direito de se defender. O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou que a Unasul poderia recusar-se a reconhecer o governo pós-golpe – em cumprimento a uma das cláusulas de sua Carta.




Asunción, tarde-noite de 22/6: população defende democracia diante do Congresso

Correa foi um dos mais duros oponentes ao golpe de Estado em Honduras, que afastou há três anos o presidente Manuel Zelaya. Honduras continua a sofrer violência extrema, incluindo assassinato de jornalistas e políticos opositores, sob o regime estabelecido em seguida ao golpe.

O afastamento de Zelaya foi um ponto de mudança nas relações entre os Estados Unidos e a América Latina. Governos como os do Brasil e Argentina, antes esperançosos de que o presidente Obama abandonasse as políticas de seu antecessor, desapontaram-se. Washington fez declarações conflitantes sobre o golpe e em certo ponto – em oposição ao resto do hemisfério – fez todo o possível para assegurar-se de que o golpe teria sucesso. Isso incluiu bloquear, no interior da Organização dos Estados Americanos (OEA) os esforços das nações sulamericanas para restaurar a democracia. No último Encontro das Américas Obama ficou – em contraste com o que ocorrera em 2009 – tão isolado quanto seu antecessor, George W. Bush.

O governo Obama respondeu à crise atual no Paraguai com uma declaração em apoio ao devido processo. Talvez tenha aprendido algo de Honduras e não se oponha ativamente aos esforços da América do Sul para defender a democracia. Certamente, os países da região não permitirão que Washington controle o processo de mediação, se houver um – como fez Hillary Clinton com a OEA, em Honduras. Mas Washington pode desempenhar seu papel tradicional, assegurando à oposição que o novo governo terá apoio, inclusive financeiro e militar, dos EUA. Vermos nos próximos dias.

Resta saber o quê mais a Unasul fará para se opor ao golpe de direita no Paraguai. É certamente compreensível que a organização o enxergue como uma ameça à democracia e à estabilidade na região.

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Tradução: Antonio Martins

Que o Paraguai não caia

Perdoem que não faça versão em português, seria muito atrevimento. Creio que o espanhol está claríssimo, como o texto! 








Do Página/12
Por Mempo Giardinelli


En momentos en que nuestro país padece el embate de la ambición política camionera, para decirlo de algún modo, pareciera que la crisis que acaba de explotar en el Paraguay, o sea aquí al lado, no tiene mayor importancia.

Y no es así. Porque igual que desde hace casi treinta años con todas las democracias sudamericanas, lo que sucede en cada país hermano nos está sucediendo también a nosotros.

Aún tímidamente, y no sin contradicciones y retrocesos, el gobierno de Fernando Lugo viene significando un cambio más que interesante para el pueblo paraguayo, sometido por décadas a dictaduras atroces y a una violencia contumaz. Y acaso por eso mismo, por los pocos y tímidos cambios que ha realizado, es que se lo quiere derrocar. Como aquí, se busca abatir al gobierno democrático por sus virtudes, no por sus defectos.

Es inusualmente grave la crisis política que se vive en estas horas en Asunción. El Parlamento paraguayo está plagado de personajes de dudosas capacidades y casi nulas virtudes, conjurados ahora en un ridículo juicio político al presidente Lugo.

Paradójicamente, lo enjuicia uno de los poderes más deslegitimados de ese país (el otro es la Justicia), que en realidad intenta abortar el proceso democratizador iniciado en abril de 2008. Popularmente desprestigiado, el Parlamento guaraní no fue capaz de llevar adelante el juicio político a los ministros de la Corte Suprema, pero sí se atreve con Lugo, acusándolo absurdamente de ser causante y/o responsable de la reciente matanza en Curuguaty, una estancia del interior del país. Ese Parlamento se ha dedicado a recortar las ayudas sociales; rechazó el desbloqueo de las listas sábanas; obstaculizó la democratización de tierras fiscales; frenó la aplicación del Impuesto a la Renta Personal, y viene impidiendo los controles al uso de agrotóxicos en el campo.

La matanza de campesinos y policías en Curuguaty hace una semana, aún no esclarecida, pero que de ninguna manera puede atribuirse a Lugo, es parte de la estrategia de los terratenientes paraguayos que se empeñan en impedir una mejor distribución de las tierras y las riquezas.

Es difícil saber cuál será la salida a la crisis, pero es cuestión de horas, toda vez que a Lugo los parlamentarios le han dado apenas 24 para organizar su defensa. La cual ha asumido en una actitud valiente, pero que parece más romántica que eficaz. De ahí que algunos sectores democráticos propongan la urgente realización de un referéndum, para lo cual están llamando a que el pueblo se movilice y tome las calles para defender la democracia.

Los golpistas del vecino país operan igual que nuestros destituyentes y también buscan modos de legitimarse apelando a mecanismos democráticos como, en este caso, el juicio político al presidente.

Ya saldrán los que se escandalizan por el vocablo: que cómo hablar de golpe, que eso es exagerar... Pero igual que aquí en 2009, y en cierto modo como ahora mismo si la Argentina quedara cautiva de los camiones parados, los golpistas nunca llaman golpe a lo que hacen, pero el procedimiento es siempre el mismo: saben que les será imposible llegar al poder por vías democráticas, o sea mediante elecciones, y entonces esmerilan, fragotean en las sombras, desacreditan las instituciones republicanas y se acurrucan al amparo de los grandes medios de prensa, que siempre están del peor lado de la política.

Ante semejante cuadro de situación, el gobierno argentino debería ponerse a la cabeza de la comunidad internacional para, sin desatender la crisis camionera local, defender a como dé lugar la todavía frágil democracia paraguaya. Y no sólo por solidaridad, sino también por autodefensa.

Y es que si esto que sucede del otro lado del río que yo miro todos los días no es un golpe de Estado, entonces, por favor, que me digan qué es un golpe. Porque a las cosas por su nombre, allá como aquí, que con los antidemocráticos nostálgicos de dictaduras y neoliberalismos feroces, y con los tontos suicidas que abundan tanto no se juega.

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