20 março, 2013

Memorial Euclides da Cunha


Ponte Euclides da Cunha sobre o Rio Pardo

por Willian Fagiolo*

UMA CIDADE SE MUDA POR PROJETOS!

Eis o mantra!

Tenho batalhado para que minha experiência, através da participação em gestões públicas, conjuntamente com a comunidade, não se limite às formulações teóricas e acadêmicas, em si importantes.

Aprendi que conceitos de planejamento e projetos, sempre pragmáticos, devem necessariamente associar a visão de longo prazo, com suas diretrizes, à ação de curto prazo, através de ações estratégicas. Brinco ao dizer que se trata do fazejamento estratégico.

A experiência em planejamento, continuamente participativo, o envolvimento e o compromisso, uma visão teórica acompanhada de ciência, tecnologia e humanismo, critérios do século XXI, levam-me a propor uma nova metodologia de elaboração de planos estratégicos e ação, como uma tarefa a ser desenvolvida mediante a construção de redes proativas de pessoas e entidades interessadas em determinada tarefa. Tal procedimento tem se provado útil por ser altamente mobilizador e sinérgico, diminuindo prazos, corrigindo erros durante o processo de elaboração, garantindo a eficácia dos produtos finais. Lembro-me de uma grata conversa com o brilhante Paulo Gaudêncio em 1991 sobre participação e compromisso. O bife a cavalo, disse-me ele, é o exemplo perfeito. A galinha participa com o ovo. O boi se compromete com a carne!

O compromisso de todos será imprescindível, se quisermos mudar alguma coisa.

Ainda não desisti. Gosto muito daquele provérbio oriental que diz o seguinte: “Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez”.

Desta forma, penso desenvolver as tarefas aqui propostas, ainda de modo preliminar, em conjunto com os mais importantes protagonistas da cidade natal, criando oficinas de discussão dos temas a serem tecnicamente preparados. A partir destas oficinas de debate será fácil distinguir quais serão os outros temas mobilizadores, incluindo-os entre os programas a serem desenvolvidos, garantindo a manutenção do interesse local. Por outro lado, reitero, tenho convicção de que com planejamento, estratégias e projetos especiais, voltados para o desenvolvimento de nossa cidade, conseguiremos o apoio de autoridades, empresários e empresas, órgãos internacionais (bancos multilaterais, Banco Mundial, BIRD, e Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID, organismos e programas do sistema Nações Unidas, Habitat, programas “Cities Alliance”, “Healthy Citites”, PNUD, UNESCO, programas europeus de colaboração, através das várias Redes Mundiais de Cidades).


SÃO JOSÉ DO RIO PARDO


Um enfoque Estratégico, Sistêmico, Holístico e Sustentável para a Requalificação Urbana e Rural do Município


Para acompanharmos o que ocorre no planeta, precisamos enfrentar os desafios através de “UMA NOVA POLÍTICA DE CIDADE”.

Isso compreende um conjunto integrado de políticas que vão desde a habitação, o trânsito, o transporte público, o urbanismo de terceira geração e o novo ordenamento do território urbano, passando pelas políticas de ataque às "chagas sociais", características, sobretudo, das grandes áreas metropolitanas (desemprego, droga, favelas, violência urbana etc.) e que começam a atingir, de forma indiscriminada, todas as cidades brasileiras.

Na época em que as cidades e os países se integram cada vez mais numa Sociedade da Informação e numa Economia Globalizada, é necessário distinguir claramente, entre as cidades que participam (ou procuram participar) da Rede de Fluxos Globalizantes, e as cidades que estão à margem desta rede. Normalmente, ocupam a primeira posição estratégica as grandes cidades e áreas metropolitanas mais as cidades médias com vocação internacional. Ocupam a segunda posição estratégica as cidades pequenas e médias que vivem voltadas, fundamentalmente, para o respectivo mercado local, regional e nacional. O interessante é que esta altercação de posições estratégicas não resulta numa diferenciação qualitativa entre a política para as cidades "globalizadas" e a política para as cidades "não globalizadas".

No mundo globalizado, tamanho não é documento em se falando de Estratégias de Destino de Cidades. A globalização fez bem ao urbanismo e à arquitetura das cidades, se observarmos certos procedimentos, é claro.

Há um vasto movimento de afirmação estratégica das cidades, em curso em escala mundial, com particular relevo para as grandes cidades da tríade EUA, União Europeia e Japão, incluindo os Tigres Asiáticos. Agora, este movimento já chegou às cidades da América Latina (MERCOSUL), da Índia e China e, por fim, da África do Sul. É irreversível.

Em alguns casos, a realização de um evento internacional do tipo Jogos Olímpicos, Copa do Mundo de Futebol, Exposição Internacional etc., constitui-se, sem dúvida, na oportunidade mobilizadora para definir o Projeto de Cidade e pôr em marcha os respectivos planos e estratégias. São por demais conhecidos os casos exemplares dos Jogos Olímpicos de Barcelona, de Atlanta, EUA, e a EXPO’98 em Lisboa, Fórum Barcelona 2004. Neste contexto, O Marketing Público de Cidades, enquanto um dos principais instrumentos para alavancar diversos processos de promoção urbana, vem adquirindo cada vez mais centralidade no conjunto destas novas políticas.

A fortíssima concorrência mundial não existe apenas entre as empresas e os países. Existe, também, entre as grandes cidades e regiões do mundo. Entretanto, hoje é muito raro haver empresas e agentes econômicos, com posições liderantes nos mercados internacionais, que estejam sediados em cidades e regiões atrasadas, do ponto de vista econômico, social e ambiental. E isto porque os fatores que mais contam para o sucesso e a posição liderante dessas empresas são os fatores dinâmicos da competitividade, ou seja:

- A qualidade técnica e educacional dos recursos humanos;

- O nível de investimento na investigação científica e tecnológica;

- A eficácia organizativa das empresas e seus fornecedores diretos, bem como das instituições de apoio;

- A qualidade de vida das regiões circundantes e o nível de exigência da "clientela doméstica".

Neste contexto, a questão de fundo a se discutir é a preparação de Estratégias que darão subsídios aos Planos de Ações e aos Projetos Especiais.

Não é nada complicado.

Hoje, já podemos identificar no cotidiano das nossas cidades as razões da violência, da sujeira e do abandono, ou o contrário (raramente) a boa manutenção, a segurança e a qualidade de vida de lugares que constituem a cena real das cidades.

O que está em jogo é o sentido de cidadania. As nossas cidades acabam reproduzindo e repetindo os mesmos códigos e repertórios: desarmonia, assimetria e uma busca deliberada da feiura. Foram apelidadas de “cidades genéricas”.

Insisto que manejar a complexidade urbana através de planos e projetos especiais é uma tarefa séria e necessária.

A visão medíocre, chinfrim, da vida urbana trouxe como resultado um efeito desvitalizante e desurbanizador promovido pelos projetos que desconheciam o real funcionamento das cidades. Maus projetos, projetos "sedativos”, comprometem a própria permanência da vida urbana e da cidade. Tornou-se corriqueiro depararmo-nos com ruas mal iluminadas, calçadas desprovidas de qualidades mínimas, inexistência de parques urbanos, quarteirões muito longos, a falta de definição precisa entre espaços públicos e privados, o excesso de espaços imprecisos ou residuais, péssimo equacionamento do convívio automóvel/pedestre, que são alguns dos elementos físicos e espaciais que corroem a urbanidade. Tudo consequência dos desastrosos resultados das ações dos fundadores do urbanismo moderno e modernista do século XX.


Estamos no século XXI


Em Eneida, escrito em 29 antes de Cristo, o poeta romano Virgílio diz que todo lugar tem seu genius loci (o espírito do lugar), um espírito que distingue e protege cada cidade. Poderíamos dizer, hoje, que toda cidade tem o seu DNA, o seu RG, ou seja, sua própria e inconfundível personalidade e identidade. Um conceito que busca, sobretudo, “a integração do design com o ser humano, a arquitetura com a vida”.

Como vimos, o maior desafio do planejamento urbano é aumentar o potencial competitivo das cidades, no sentido de responder às demandas globais e atrair recursos humanos e financeiros, nacionais e internacionais. Porém, as cidades não sobreviverão se não cuidarmos do meio ambiente e consequentemente da elevação de sua qualidade de vida. Só assim conseguiremos atrair investimentos, empresas e turismo, garantindo sua sustentabilidade.

É neste contexto que se afirma a necessidade de colocar a cidade de SÃO JOSÉ NO MAPA DO MUNDO, no sentido de conferir a ela um novo papel de destaque na reorganização dos espaços urbanos em nível mundial, melhorando as suas atratividades. Chega-se a este objetivo através do Planejamento de Ações Estratégicas. Este modelo de planejamento sugere a elaboração de um PROJETO DE CIDADE.

Em termos conceituais, existe uma grande diferença entre o tradicional Plano Diretor e o Planejamento de Ações Estratégicas

O Plano Diretor é um mero Plano Normativo, mais preocupado com a regulamentação de futuras e eventuais intervenções urbanas. Por outro lado, Planejamento e Estratégias se propõem a ser um Plano de Ações visando soluções de problemas atuais e concentrando-se nas possíveis articulações de agentes urbanos com o objetivo de explorar as reais possibilidades da cidade. Portanto, atenção, uma Cidade só se muda através de uma nova geração de projetos urbanos, concebidos sob os princípios do Desenho Urbano, comprometidos com Planejamento, Estratégia e Projetos Especiais, surgindo um URBANISMO DE TERCEIRA GERAÇÃO, estratégico, sistêmico, holístico e sustentável.

- ESTRATÉGICO, por nortear o desenvolvimento;

- SISTÊMICO, por operar em diversos níveis administrativos;

- HOLÍSTICO, por considerar a análise de todos os aspectos do desenvolvimento;

- SUSTENTÁVEL, por promover a racionalização do uso dos recursos naturais.

Afinal, qual seria a nossa estratégia?

As cidades, hoje, demandam um novo aparato institucional para a conexão de suas políticas locais com o global. Para assumir o papel de sujeito nesse novo cenário, as cidades precisam construir um PROJETO DE DESTINO DA CIDADE, em que estejam inscritas suas perspectivas de inserção no global. Por esse caminho, e só por esse, a cidade pode se tornar um sujeito ativo, mas, de toda forma, ela necessita da presença de fortes lideranças, para conduzirem as ações do Plano Estratégico.

Não compete só ao poder publico local viabilizar meios para que haja uma articulação com as outras esferas do poder regional, estadual, e federal, assim como efetivar uma promoção interna da cidade objetivando atingir seus habitantes, dotando-os de um sentimento de verdadeira veneração e respeito à cidade promovendo-a externamente, visando atrair os investidores. Depende de nós.

Os locais que serviram de pano de fundo para eventos históricos atuam como ímã para turistas. As localidades perdem tudo quando negligenciam ou destroem seus pontos de referência histórica. O governo de muitas cidades acredita erroneamente que o custo de manutenção desses pontos excede o seu valor.

Nessa linha, a ideia de um MEMORIAL PARA EUCLIDES DA CUNHA para São José encaixa-se como uma luva. A adesão a esta proposta exige a aceitação de novos conceitos e valores tanto por parte dos políticos como da população. É necessário que a sociedade seja crescentemente despertada para as novas possibilidades. A maioria das questões urbanas são simples. É preciso fazer o possível já. Essencialmente, devemos ter a coragem de propor.

Apesar de tratar-se de uma intervenção aparentemente pontual, o Memorial a Euclides da Cunha vai proporcionar uma sucessão de eventos transformadores de longo alcance social, à maneira das Olimpíadas, Copa do Mundo, Fórum e Exposições Internacionais (é disso que se trata). Embora seja um processo de, aparentemente, longo prazo, a execução desse projeto deverá resultar em novos projetos especiais e estratégicos. Não podemos é deixar que o abismo entre as classes sociais continue a minar nossas consciências e a nossa capacidade de termos solidariedade cívica.


NO MAPA DO MUNDO


Nos próximos anos, com as grandes cidades praticamente saturadas e poluídas, é ao interior que está reservado um novo e grande papel de desenvolvimento mais ordenado e onde se poderá manter um estilo de vida com qualidade e um tanto de calor humano. As exigências e a mentalidade já não são as mesmas. O interiorano mudou. Ganhou força econômica, conquistou presença social e importância política. O que é importante, no entanto, é que cultiva suas raízes, num misto de contemporaneidade e de revalorização das origens e dos costumes.

Quando uma cidade (assim como uma região, ou um país) fica rica, sua autoestima não tem preço. Quando não, embarcando numa canoa furada, a cidade transfigura-se num patinho feio, apesar das suas riquezas culturais, geográficas, climáticas, arquitetônicas. No caso rio-pardense sabemos que milhares e milhares de Euclidianos (turistas potenciais) estão espalhados no mundo todo e que poderiam agregar desenvolvimento, riqueza e renda ao município, trazendo, como consequência, mobilidade social.

Oportunidade mobilizadora. Preciso repetir, exemplos não faltam pelo mundo afora. Desde os megaprojetos como Olimpíadas, Copa do Mundo, Fóruns Mundiais, jogos Pan-americanos etc. etc. até intervenções pontuais como o que transformou a ex-feiosa Bilbao, Espanha (que ganhou notoriedade) com o espetacular Museu Guggenheim. Seguindo o exemplo, Valencia decidiu investir na construção de um complexo turístico de linhas arrojadas. Em uma área de 350.000 metros quadrados, o equivalente a dois Maracanãs, a “Cidade das Artes e das Ciências”, um museu científico interativo, um cinema de terceira dimensão, um aquário e um Teatro de Ópera, uma "Cidade" com tanques que equivalem a quinze piscinas olímpicas cheias e 10.000 animais de 500 espécies (golfinhos, tubarões e até morsas).

A bonita cidade de Valencia, famosa por ser a terra da paella, menor que Campinas, vai competir por uma fatia maior dos 49 milhões de turistas estrangeiros que visitam a Espanha todos os anos. No Brasil, algo em torno de 9 milhões de turistas/ano.

O megaempreendimento de Valencia começou com um cinema em terceira dimensão e um museu científico. Só o museu já recebeu 7 milhões de visitantes, nos primeiros dois anos. O empreendimento já deu retorno suficiente para rechear os cofres da região. Desde que o parque começou a ser construído, catorze novos hotéis foram abertos e outros 22 estão em construção, além de um grande Shopping Center vizinho. Mais de 5 000 apartamentos de luxo foram construídos ao redor, que já se tornou o metro quadrado mais caro da cidade. Os habitantes comemoram os 16.000 novos empregos surgidos graças ao megaprojeto. Valencia conseguiu dar um bom destino a uma área pouco valorizada da cidade. Depois de grandes inundações, a cidade decidiu desviar o Rio Turia do centro. Várias obras foram criadas no imenso leito seco, de um museu de arte moderna a jardins. Até um enorme playground em formato de Gulliver, o gigante das histórias infantis, foi instalado, com diversos tobogãs e escorregadores para as crianças saindo do corpo do personagem. Bilbao realizou a mesma façanha com o Guggenheim desenhado por Frank Gehry, que atraiu quase 1 bilhão de dólares e 5 milhões de turistas nos últimos cinco anos.

Berlim também aproveitou a reunificação para dar uma embelezada geral nas áreas da velha Berlim Oriental. Por enquanto, Valencia já garantiu essa grande virada com uma aposta em linhas arrojadas e senso de oportunidade turística para ter mais dinheiro no bolso.

Já se passaram mais de 100 anos do aparecimento genial de OS SERTÕES de Euclides da Cunha.

Falar da importância desta obra demandaria escrever mais um estudo que viria somar-se à vastidão dos já existentes. Resta apenas lembrar que se trata da obra fundamental da literatura brasileira a par da produção de Machado de Assis. Porém há mais. OS SERTÕES revelam o homem brasileiro com toda a sua complexidade, não apenas o homem do nordeste, mas o brasileiro de todas as latitudes.

Há mais de 100 anos, esta criação de Euclides suscita estudos de literatos, sociólogos, antropólogos, psicólogos, historiadores, geógrafos, jornalistas do Brasil e do exterior.

Minha proposta pretende tratar a memória e a obra de Euclides numa dimensão bem maior. Mudar a cidade. Desenvolvimento com qualidade. Mesmo porque, o momento histórico que a sociedade brasileira está vivendo exige que os estudiosos e os jovens do país ampliem o âmbito de seus conhecimentos para que possam responder aos desafios impostos de maneira contundente pela áspera realidade. Responder para onde vamos, o que queremos, quem somos, é aprofundar as propostas de OS SERTÕES e, assim, justificar sua própria existência.

Proponho a criação do Memorial Euclides da Cunha, Instituto Cultural Euclides da Cunha de Estudos Avançados.

O Instituto terá por finalidade promover estudos culturais sobre o homem brasileiro, do ponto de vista da literatura, da sociologia, da psicologia, da antropologia, geografia, geologia etc., enfim ampliar ao máximo tais conhecimentos, oferecendo aos interessados toda a infinita gama de possibilidades que uma organização desta importância pode oferecer.

Ela será uma organização sem fins lucrativos, gerida por conselho e diretoria eleitos por estatutos próprios, liderados pela sua principal responsável e mantenedora. Por exemplo, Fundação Nestlé, Fundação Roberto Marinho, Ministério da Cultura, do Turismo, do Desenvolvimento Regional, Organismos não governamentais etc. etc. (sem falar das instituições, das organizações, dos bancos internacionais).

A sede da entidade deverá contar com todos os recursos materiais e culturais necessários para realizar sua proposta maior: Centro de Convenções, Teatro, Museu, Salas de Aulas, Galeria de Arte, Biblioteca, Restaurante, Auditórios, Acomodações para Alunos, Professores, Visitantes, Cinemas, Parques, Novo Sistema Viário etc., obra destinada a ser do ponto de vista arquitetônico um novo marco para a memória e a história de Euclides da Cunha e para a cidade. Imaginei uma obra com a assinatura de Oscar Niemeyer. É bem possível. Vai depender, em muito, da cidade.

Deverá ser uma obra ousada, à altura das propostas do Memorial e Instituto, capaz de rapidamente conquistar, para si mesma e para seus patrocinadores, a notoriedade a que se propõe. Atrás vem Universidade Federal, Turismo Cultural, rede Hoteleira, grande intervenção urbana ao longo do Rio Pardo, Artesanato, Empreendedorismo Social, Inclusão Digital, Social, Gastronomia etc.

O projeto Memorial Euclides da Cunha é, portanto, o início de uma inédita parceria entre a iniciativa privada e o poder público indicando a construção de uma São José do Rio Pardo justa, cultural e ecologicamente rica, equilibrada, que incentiva movimentos de turismo cultural, do patrimônio histórico mais valioso e de práticas inovadoras de requalificação da cidadania.

O projeto Memorial Euclides da Cunha, indo na direção certa da nova ordem mundial sobre cidades, contém princípios e concepções avançadas de gestão urbana que foram discutidas e adotadas pela Conferência Mundial sobre Assentamentos Humanos, ONU, Istambul, 1996, Habitat II e Rio ECO 92 e Fórum Barcelona 2004.

Habita II, Conferência Mundial, da qual fui participante, legitimada por quase 200 países e mais de 2000 Ongs (organizações não governamentais), declara que a sociedade mundial e o Estado devem reconhecer garantir e implantar os direitos essenciais do homem. Direito à habitação urbanizada, ao emprego, à segurança, à educação, à saúde e aos serviços básicos. Desta forma, a sociedade organizada, através de Redes de Solidariedade, consegue melhorar sua qualidade de vida nas cidades. Os cidadãos podem e devem partilhar dos avanços da ciência e da técnica em seus vários setores, principalmente àqueles voltados para o desenvolvimento urbano.

Aos que só conseguem governar suprimindo atos humanizáveis e eliminando a participação popular, o projeto Memorial Euclides da Cunha funciona como um antídoto aos desleixos administrativos e à intolerância. Apresenta-se como um Plano de Ação Estratégico capaz de retomar a construção de uma São José do Rio Pardo mais progressista, mais justa, mais humana.

Posso resumir as metas do meu plano de ação estratégico, o projeto Memorial Euclides da Cunha, citando alguns juramentos urbanísticos: combater a decadência moral e física do habitat urbano, conciliar o desenvolvimento da cidade com a realidade social dos seus habitantes, proteger o meio ambiente, proporcionar condições adequadas de geração de empregos, segurança, saúde, educação, serviços básicos, indispensáveis para o bem-estar físico, psicológico, social e econômico de toda a população.

Tenho muita fé em poder renovar a esperança dos cidadãos de nossa cidade, na nossa capacidade de reconstruir e reconstituir a autoestima e pujança de São José do Rio Pardo, colocando-a de novo em lugar de destaque no mapa do Brasil e do mundo.
______
*texto escrito em 2006 .

Um comentário:

  1. Eu recomendo esta matéria a todos os professores e estudantes de Arquitetura e Ubanismo, Engenharia, Sociologia e Filosofia, entre outras matérias.

    Lindo! magnífico! " ... princípios e concepções avançadas de gestão urbana que foram discutidas e adotadas pela Conferência Mundial sobre Assentamentos Humanos, ONU, Istambul, 1996, Habitat II e Rio ECO 92 e Fórum Barcelona 2004."

    Parabéns ao amigo Willian Fagiollo, e a Denise Queiróz pela matéria importantíssima.


    ResponderExcluir

Web Analytics