Assistimos revoltados à conturbada eleição do pastor Marco Feliciano, do PSC, para a Comissão de Direitos Humanos e Minorias na Câmara. Em poucos minutos centenas de vídeos e matérias mostrando que tal sujeito é absolutamente incompatível com a função pipocavam no tuiter, no face, em blogs e nas denúncias de representantes legítimos de minorias, que juntas são maioria neste país.
A campanha #ForaFeliciano segue viva na internet, mais e mais pessoas se juntam aos que dispararam o rechaço da população às posturas afrontosas ao bom senso, aos Direitos Humanos e à Constituição, do pastor e seus pares. Ainda causa espanto que alguém com tais feitos e ditos possa ser eleito para qualquer cargo público, num retrato surreal e fidedigno da triste realidade das eleições no país (quantos dos que o elegeram sabiam, por exemplo, de seu ódio contra negros e homossexuais?).
Como se não bastasse essa afronta do parlamento (e sim, todos os que permitiram que um partido com prática e membros pública e claramente favorável a preceitos nada igualitários ficasse com a liderança da Comissão, tem culpa nisso) ontem fomos informados através de um post-denúncia no excelente Viomundo, que foi aprovado um projeto de lei (PL 6.167/09), do deputado paranaense Andre Vargas, que dá o nome do maior latifundiário do país a um trecho de uma estrada federal. Esse deputado é do PT, partido que, não custa lembrar, foi fundado por trabalhadores, movimentos sociais e intelectuais de esquerda e do qual alguns ainda carregam a bandeira da reforma agrária e justiça social junto aos sem-terra.
Qual a diferença, então, entre os dois parlamentares? Um, o pastor, é assumidamente de direita. O outro, que agora é líder da bancada do PT na Câmara, até onde se sabe, se diz de esquerda.
Com isso só constatamos que o que define uma pessoa (física - o deputado - ou jurídica - o partido) são suas ações, não suas palavras.
Mas também evidencia a bipolaridade de um partido que pilota o governo há dez anos mas, ao mesmo tempo em que implementa programas sociais aplaudidos e copiados em todo o mundo, não contente em manter, propõe e aprova homenagem aos piores representantes do que sempre condenou.
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Links inseridos no texto:
Campanha em repúdio ao pastor Feliciano
É melancólico Denise - Renam, eleição Feliciano, André Vargas...
ResponderExcluirLembrando que foi pela desistência do PT que o Feliciano assumiu...
ResponderExcluirSim, pois não acreditavam que poderia parar nas mãos de pessoa tão retrógrada e que as prioridades para este ano eram outras. Explicação que seria melhor não terem dado, pois radiografou a absoluta falta de articulação política.
ExcluirPois...A primeira lição da minha mãe quando me ensinou a costurar foi não passar a costura muitas vezes no mesmo lugar, pelo risco de rasgar o tecido e perder todo o trabalho.
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