23 dezembro, 2011

Por que as Malvinas são estratégicas?

"Quais são os pontos mais importantes que impulsionam os britânicos a aferrar-se a estas ilhas longínquas? Por que o estado inglês continua destinando fundos à defesa militar das Malvinas quando enfrenta uma severa e inédita crise interna? Por que fazem ouvidos moucos ao pleito argentino que encontrou apoio em ascendentes e influentes potências?" 

Ilhas Malvinas
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Do blog Equilíbrio Internacional
Texto de Santiago Perez*
Tradução de Denise Queiroz
Edição e pesquisa de Sergio Pecci
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O território das Ilhas Malvinas, também conhecidas como Ilhas Falkland, é, talvez, a área em disputa mais importante e transcendente do cone sul. O observador comum poderia se perguntar por que um arquipélago com somente 2.000 habitantes, localizado a 14 mil km de Londres, é tão ferreamente defendido pela Grã-Bretanha, Estado que de fato exerce a soberania sobre o território. 

A Argentina mantém um pleito internacional sobre as ilhas. De fato o país sul americano conseguiu êxito diplomático ao obter resoluções da Assembléia Geral da ONU, as quais orientam as partes a sentar-se em mesa e negociar um acordo que satisfaça as duas nações.

A pergunta obrigatória: quais são os pontos mais importantes que impulsionam os britânicos a aferrar-se a estas ilhas longínquas? Por que 
o estado inglês continua destinando fundos à defesa militar das Malvinas quando enfrenta uma severa e inédita crise interna? Por que fazem ouvidos moucos ao pleito argentino que encontrou apoio em ascendentes e influentes potências, como o Brasil? 

Em seguida, os motivos que, creio, Londres considera transcendentes ao momento de tomar suas decisões relativas a este assunto.

O Estreito de Magalhães 

O comércio internacional entre os oceanos pacífico e atlântico é feito através do canal de Panamá. Aberto em 1914 o canal permite que os navios atravessem o continente americano sem ter que viajar ao extremo sul e navegar as frias e tormentosas águas do Cabo Horn. 

Em vermelho a rota comercial marítima


Embora pareça impossível ou ao menos, pouco provável que algo aconteça no Canal do Panamá, no caso de uma interrupção dessa passagem, a presença permanente de tropas britânicas e da OTAN nas ilhas Malvinas permitiram controlar o comércio que transitaria pelo potencialmente estratégico Estreito de Magalhães.

Leve-se em conta que as águas do norte do Canadá permanecem congeladas durante o inverno, por isso caso existam inconvenientes no Panamá, Grã Bretanha e as potências da OTAN encontrariam nas Malvinas uma plataforma excelente para monitorar uma eventualmente importantíssima rota do comércio marítimo mundial.

O petróleo

Com o barril de óleo avaliado em cerca de US$ 100, a exploração off-shore de poços petrolíferos é uma atividade de alta rentabilidade. Diferentes empresas britânicas levaram plataformas à zona e iniciaram exploração em busca do ouro negro. As empresas do Reino Unido, fazendo uso da soberania que o país tem sobre o mar que rodeia as ilhas, realizam uma atividade que pode, potencialmente, gerar recursos de incalculável valor econômico e estratégico para todo o império britânico, num mundo onde as matérias primas são cada vez mais valiosas.

A Antártida

A Antártida é um continente de 14 milhões de quilômetros quadrados, livre de influência política, defendido pelo Tratado Antártico de 1961, onde todos os estados signatários se comprometem a congelar pleitos de soberania sobre o continente branco.

De qualquer forma, os países localizados geograficamente perto da Antártida, reclamam soberania sobre uma porção de tal continente. Pois bem, as Ilhas Malvinas funcionam como um argumento para que a Grã-Bretanha faça a sua demanda territorial sobre uma porção da Antártida. O potencial valor desse pleito é certamente impossível de descrever, a água potável e infinitos recursos naturais e minerais transformam a Antártida em uma reserva de vida para a humanidade toda, se pensamos nos próximos séculos. A influência britânica sobre estes recursos depende, sem dúvida, da permanência das Ilhas Malvinas sob seu controle absoluto.

Perspectiva Hemisférica

Para terminar de entender o valor deste arquipélago e pôr em perspectiva hemisférica devemos mencionar que dentro dos territórios britânicos de ultramar na região, somam-se às ilhas Malvinas, as Geórgias e Sandwich do Sul, e as ilhas de Santa Helena, Tristão da Cunha e Ascensão. Se observarmos um mapa, é possível notar como esse cinturão insular permite ao império britânico presença na totalidade do Atlântico Sul, desde as costas da Argentina, até o sudoeste africano.



De fato, Londres faz constantes pleitos diplomáticos às Nações Unidas solicitando soberania sobre milhares de quilômetros quadrados de subsolo marinho e de ilhas vulcânicas dessa região.

Tendo clara compreensão da importância estratégica e econômica desta imensa porção do oceano atlântico, a Grã Bretanha não vai dar o braço a torcer no que se refere às Malvinas.
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*@perez_santiago Licenciado en Relaciones Internacionales. Estudiante de MBA. Columnista de El Norte de Castilla (España), The Blue Passport (Colombia) y TicoVisión (Costa Rica).
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8 comentários:

  1. Coloco uma observação ao caso da reconquista dos ingleses em cima dos nossos vizinhos, que se não fosse a ajuda logistica e geográfica do Brasil os ingleses nunca iriam conseguir vencer os Argentinos....Foi uma vergonha o que e o nosso Presidente na época vulgo FHC(o vendilhão da Pátria) fez para ajudar a inglaterra a matar tantos argentinos que brigaram heróicamente pelo seu território,coloco somente éssa informação por que acho repugnante ter que ouvir na nossa mídia brasileira que a tecnologia superior britânica venceu nossos vizinhos com sua nobreza em combate.Tenho vergonha de lembrar esses fatos históricos do nosso Brasil que a mídia local não nos conta, para engrandecer a conquista da inglaterra...

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    1. O território nunca foi dos argentinos... desde o século 17 a inglaterra tinha posse do território... os argentinos foram lá e invadiram em 1833 e foram expulsos pelos ingleses... tentando maquiar a vergonha que o período de ditadura estava ocasionando ao povo argentino, o presidente argentino da época quis mostrar força querendo invadir as FALKLANDS e deu no que deu. E mais... quem é a argentina para enfrentar uma potencia que tem BOMBA ATOMICA? hahahahaha

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  2. Durante a Guerra das Malvinas, por volta de 1982 o Presidente da República do Brasil era o General João Batista de Figueiredo, último dos presidentes -ditadores do período militar.

    De onde foi que surgiu esta informação que o Presidente era FHC?

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  3. FHC? Cara completa essa resposta sua pq só se nesse período do governo FHC houve algum acordo bilateral entra BRA e ING para prejudicar de alguma forma nossos primos malditos.
    Agora o fato é que há muito mais direitos financeiros e políticos envolvidos nesse embate das duas nações em guerra, e que algo pior está por vir!

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  4. Durante a guerra das Malvinas o nosso Presidente era o último do regime militar, ditadura seria se em 1964 João Goulart e os comunistas tivessem tido êxito em instaurar por aqui a ditadura do proletariado ao estilo de Cuba.

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