Também foi
confirmado o convite à Corte Interamericana de Direitos Humanos e a União
de Nações Sul-Americanas (Unasul) para integrar a comissão que vai investigar a violência contra aproximadamente mil e quinhentos manifestantes,
que caminham desde 15 de Agosto rumo a La Paz.
A violenta repressão
ocorreu depois que o chanceler boliviano, David Choquehuanca, teria
sido obrigado a caminhar, no sábado, por mais de uma hora com os índios. O
episodio causou uma onda de manifestações contra o presidente Evo Morales
e desatou uma crise em seu gabinete. A ministra da Defesa Cecilia Chacón
pediu demissão segunda-feira e criticou o uso da violência. Na terça, foi a vez
do ministro do Interior, Sacha Llorenti, que, ao anunciar a demissão, responsabilizou
pela violência o seu vice, Marcos Farfán. Este negou seu envolvimento e também
se demitiu.
O vice-presidente
Álvaro García Linera disse que o governo já sabe quem foi o responsável pela
ordem para atacar os manifestantes, mas vai esperar pela investigação da
comissão. Ele também denunciou meios de comunicação que mentiram ao noticiar alguns excessos que não
teriam havido.
O presidente Evo
Morales, ao empossar os novos ministros, na terça à noite, pediu desculpas pelos flagrantes excessos e garantiu que a
ordem para reprimir não partiu do governo. "Quero que saibam: não houve
nenhuma instrução nem jamais pensamos que poderia ocorrer dessa maneira. Dói
bastante, como vítimas que fomos, em muitas oportunidades, da repressão da
forças públicas".
Mas nem o pedido
de desculpas do presidente, nem a denúncia de manipulação da mídia foram suficientes para acalmar os
ânimos dos Tipnis, que ontem à noite retomaram a marcha rumo à La Paz
denunciando que três membros do grupo continuam desaparecidos. Eles agora contam com o apoio de estudantes universitários e outras organizações que
se solidarizam com os indígenas. E a poderosa COB, central Operária da
Bolívia, até pouco tempo
aliada do governo, promete juntar-se aos protestos contra a rodovia e ameaça
greve geral, caso o acordo salarial feito em abril não seja cumprido.
Segundo as
agências Efe e Reuters, pesquisas já
indicam a queda de popularidade de Evo, reeleito em 2009 com 64% dos
votos. Segundo sondagem do instituto Ipsos Apoyo, divulgada antes do ataque
contra a marcha indígena, o índice de aprovação tinha caído para 37% - o
segundo menor desde o início do ano. Em fevereiro, chegou a 32% depois dos
protestos contra o aumento do preço da gasolina. A reprovação do presidente é
de 51%.
A estrada
que atravessa o Parque Nacional Isiboro-Secure, está sendo
construída pela brasileira OAS. A previsão é que
a rodovia tenha 300 quilômetros e custe US$ 420 milhões (R$ 756 milhões). A
obra conta com a cooperação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) para o financiamento de compra de materiais, bens e serviços. A Oas descartou qualquer tipo de impacto econômico caso haja um acordo para uma pequena mudança no traçado inicial da segunda parte, compreendida entre Villa Tunari e Santo Inácio de Moxos, que uniria os departamentos de Cochabamba e Beni.marcelosouzam.com.br |
Tecido por Denise Queiroz com ajuda na pesquisa de Sergio Pecci
Fontes: Diário Liberdade, Estadão, TelesurTV, Página 12 , Fundación Tierra, Jornal Corporativo
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