por Denise Queiroz
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Onda de violência, edição de debates para favorecer o candidato da agora oposição ao governo, panfletos apócrifos, sites falsos... faltou a bolinha de papel e as previsíveis manchetes, em chamadas extraordinárias, sobre suposta agressão ao candidato que vinha mal nas pesquisas para que a eleição de São Paulo deste ano revivesse, em alguns dias, todo o cordel de baixo nível que assistimos desde que voltamos a ter eleições diretas para todos os cargos.
Independente dos marqueteiros que, no desempenho de seu ofício, apresentam o melhor lado do candidato, tanto na propaganda eleitoral gratuita quanto nos debates, segue em jogo dois projetos opostos de governança.
De um lado o representante – sempre ele, o mesmo desde 2002 e só não o foi em 1998 por que houve alteração na constituição e, pelo domínio dos fatos não julgados, comprada por quem ocupava a cadeira mais alta – das oligarquias que tiveram o comando do país durante 500 anos, com algumas pequenas interrupções e tentativa de avanços logo sufocadas por essas mesmas oligarquias. E de outro um projeto que vem colocando em prática algo que não é nem o pior capitalismo, mas tampouco socialismo, comunismo ou o nome que se queira dar. Na verdade um projeto que vem quebrando paradigmas e aos poucos resgatando parte pequena da dívida que essa gente montada no mando de fato deixou nesses séculos todos. O pagamento dessa dívida é feito em doses homeopáticas, mas mesmo assim, como o medicamento, com mais eficácia e menos danos colaterais que doses alopáticas poderiam causar.
“Devagar e sempre”, “passo a passo”, “de grão em grão a galinha enche o papo”, “de poste em poste um luz para todos”. São muitos os ditos, antigos ou recém criados, que já fazem parte e se aplicam a estes últimos 10 anos!
“O pior cego é o que não quer ver” cai como uma luva hoje, véspera do segundo turno, tanto ao editorial do Estadão “resistir é preciso”– onde mais uma vez o jornalão deixa claro de que lado está e que, caso eleito, Haddad não terá neles um aliado, quanto aos ainda milhares de eleitores que, talvez por algo como catarata, não conseguem visualizar que a inclusão social e econômica de quem sempre esteve à margem propicia, a eles mesmos, um “bem-estar” que em outros tempos e sob outros comandos era incerto.
Na política não há perfeição e sempre há riscos. Mas entre optar por um projeto que ainda na candidatura é capaz dos piores artifícios para desqualificar o adversário e assim ‘ganhar no tapetão”, a exemplo do que foi feito em 1989, 1994, 1998 e tentado sem sucesso, de várias formas, em 2002, 2006 e 2010, não há dúvida de que a escolha óbvia é pelo projeto que, dentro das regras - questionáveis e necessitando faxina e reconstrução - do jogo eleitoral, representa possibilidade de transformação e recapacitação da cidade como ambiente a ser ocupado por quem de direito, todos os cidadãos.
Oi Denise,belo texto, como sempre!
ResponderExcluirEm prol do último parágrafo e cá entre nós, não gostei da agressividade dessa campanha, embora reconheça q tal-vez fosse necessária para o resultado q muito provavelmente teremos em SPaulo.
Fica muito p/ gente pensar sobre o fortalecimento do campo democrático-republicano, no qual, penso, é importante que haja oposição. Claro q ela deve estar à altura do projeto de sociedade que queremos e não o que vimos e ouvimos. Mas acho importante que tenhamos oposição como componente desta dinâmica de fortalecimento dos princípios de cidadania.
Abração
Isso, Magá! É isso!!!
ResponderExcluirConcordo plenamente, Mara e Sergio. A perda de identidade da oposição - ou seria da capacidade de mostrar-se como alternativa? - é um enorme problema. Algumas figuras, entre elas o Serra, são responsáveis por isso. E tem também o trabalho midiático de desqualificação da política. Espero que a saída do coiso de fôlego a alguns para recompor esse vazio!
ExcluirO perigo na vida pessoal e na política é quando passamos a acreditar que o 'outro' é o culpado por tudo, ou quase. O fanatismo deixou poucas boas contribuições para a humanidade.... Quem sabe a morte política do Serra (esse fanático)propicie um novo momento para que possamos fazer uma auto-crítica que eleve o nível da discussão e da práticas politicas no Brasil.
ResponderExcluirAbraços forte!
Por que às vezes o inimigo encurrala de tal forma que por mais que sejamos contra o uso de certas armas, não nos resta alternativa a não ser usá-las. Se esse rebaixamento não for temporário, o risco é grande. Mas se vermos um retrospecto das campanhas dos últimos 10 anos, o rebaixamento não se dá na macro da esquerda, mas sim na da direita. E os resultados desses últimos dez anos mostram que a população rejeita cada vez mais. Talvez o bom caminho esteja mais pavimentado do que possamos enxergar!
ExcluirO povo parece que rejeita... A mídia, alguns políticos e seus militantes, infelizmente não.
ResponderExcluirconcordo muito plenamente Sérgio,
ResponderExcluirminha TL é intencionalmente pequena e mesmo assim fiquei preocupada com o maniqueismo e fanatismo entre nós próprios e, pior, penso q foram estimulados p/ 'congregar' a militância. Se essa suposição é correta, vimos que a revalorização da militância tem mais força que abraços em "inimigos", como em Maluf por exemplo...
Super abraços companheiros!
Aí entramos na seara da falta de (in) formação e também da maldade que aflora tal qual o ferrão nos insetos quando sob ataque. Efeito manada, etc também pode ser reflexo dessa avalanche de informações que recebemos e muitas vezes não há tempo suficiente para reflexão... Vamos tecendo...
ExcluirJuntos!:)
ResponderExcluirÉ preciso sim uma oposição forte, propositiva. Aliás é o que mais faz falta na vida política partidária brasileira, isto pq os erros, os desvios do nosso querido PT excederam a normalidade esperada. Mas não é disso que se trata. O que indigna, exaspera, é uma oposição que tem na covardia, ao não assumir sua verdaeira face conservadora, no que existe de pior nos valores humanos, apelos a preconceitos falso-moralistas e a religiosidade popular, a pura canalhice, sua base de atuação política. É disso que se trata.
ResponderExcluir@joaonildo51
Isso, João! O anacronismo de seu arcabouço teórico os levou a terceirizar o jogo sujo. A falta de mostrar suas verdadeiras caras acaba por delatar isso e talvez explique a rejeição, tanto a eles quanto ao que apregoa a midiona.
ExcluirAcompanhemos, mas o fato é que talvez mais que a esquerda, eles precisem de uma re-fundação para poder voltar a ter algum espaço.
Abraços