17 julho, 2013

Ciência e Tecnologia - mais, melhor e mais rápido


Por: Glauco Arbix e João de Negri
Do Estadão

Não há caminho fácil nem atalhos para o desenvolvimento dos países. As nações que avançaram ao longo da História deram especial atenção às pessoas, à sua educação e à ciência e tecnologia (C&T). Investir em gente, na geração de conhecimento e em tecnologia é o que torna uma nação mais rica. Essa pode ser a síntese do Fórum de Debates sobre Inovação que o Estadão e a Finep organizaram com expressivas lideranças empresariais.

Se ainda há muito a fazer, é flagrante que o Brasil ingressou em novo patamar a partir do momento em que milhões foram incluídos num movimento virtuoso de crescimento econômico com inclusão. Ao mesmo tempo, essa alteração na pirâmide social pressiona as políticas públicas em todos os níveis. Superar a visão de curto prazo e perceber essas mudanças como o legado mais benigno dos últimos dez anos, apesar da turbulência, é a única via para equacionar os problemas históricos do nosso desenvolvimento. A começar pela superação radical do padrão de investimento em educação e C&T, tanto em volume quanto em qualidade. Quanto melhor a produção científica, maior for a capacidade inovadora das empresas e mais qualificada nossa população, maiores serão as chances de renovação e evolução da estrutura social brasileira.

O programa Ciência sem Fronteiras abriu as portas para um choque de conhecimento ao dar chance a milhares de jovens de se conectarem com os mais avançados centros de conhecimento. Avançar hoje nesse domínio significa sintonizar o esforço externo com um Ciência em Nossas Fronteiras. Assim como a presidenta Dilma Rousseff implementou um plano abrangente para impulsionar a inovação - o Inova Empresa -, é urgente a preparação de um Inova Ciência, programa capaz de atrair cérebros do exterior, completar a infraestrutura científica nacionalmente, dotar o País de grandes e novos centros de pesquisa e dar oportunidade a milhões de estudantes e pesquisadores para gerar a C&T de que tanto precisamos.

Só um plano com prioridades claras será capaz de superar a pulverização atual do investimento e estimular toda uma nova geração de pesquisadores e cientistas. Um plano que em uma geração coloque o País na fronteira do conhecimento em energia e sistemas ambientais, biotecnologia, inteligência artificial e robótica, nanotecnologia e manufatura digital, redes e sistemas de computação, medicina e neurociências e aeroespacial. Em torno desses campos de pesquisa é possível constituir plataformas críticas para uma mudança estrutural da nossa ciência capaz de alimentar e ser alimentada por uma economia e um ambiente inovador, de que tanto necessitamos.

Ao lançar o Plano Inova Empresa, com investimentos de R$ 32 bilhões, o governo federal deixou clara a relevância da inovação como instrumento essencial para elevar a produtividade e a competitividade da economia. O plano articula ministérios e agências e favorece a mobilização de competências e recursos. Tem foco e concentra suas ações nos segmentos críticos de tecnologia; prevê a integração de instrumentos como crédito, subvenção, não reembolsável e equity, hoje similares às melhores práticas internacionais; estabelece uma porta única de entrada nos programas prioritários; e descentraliza as ações de crédito e subvenção para melhorar a qualidade do atendimento a milhares de empresas de pequeno porte.

Há demanda? Não há dúvida. Mesmo com o ritmo mais lento da economia, projetos relevantes continuam chegando à Finep e ao BNDES. Os programas Inova (petróleo, saúde, aeroespacial, defesa, agro, etanol, fármacos), além de introduzirem a competição pelo crédito, avançam para o apoio às estratégias das empresas, ampliando o foco, hoje restrito a projetos. Esse arranjo está na raiz da elevação da qualidade das propostas apresentadas.

Os resultados preliminares do programa Inova Fármacos, com demanda três vezes superior à dotação inicial (R$ 1,3 bilhão), mostram o avanço da inovação empresarial com base na articulação público-privada. Na realidade, os arranjos montados entre empresas, institutos de pesquisa e Finep, coordenados pelo Ministério da Saúde e com base no uso do poder de compra do Estado, fazem do Inova Fármacos o programa de política tecnológica mais avançado das últimas décadas. Biofármacos, vacinas, hemoderivados, soros e toxinas serão produzidos com alta tecnologia para atender à população e combater flagelos como câncer, diabetes e artrites, entre outros; ao mesmo tempo, o programa contribuirá para a construção de uma autêntica indústria nacional de fármacos, avançada e de alta tecnologia.

O Inova Empresa, coordenado pelo MCTI, já mudou o patamar e o padrão de apoio à inovação tecnológica no Brasil. A sintonia de agenda é apenas a parte mais visível de uma longa evolução que atingiu empresas e governos nos últimos anos.

A presidenta Dilma inovou ao atacar com êxito o problema crônico dos juros altos e o custo da energia. Mostrou determinação ao apoiar as empresas que buscam reestruturar-se para melhor competir. E decisão para exigir das agências públicas um esforço pelo aumento da qualidade dos serviços e desburocratização de suas atividades. A Finep está entre as primeiras a aceitar esse desafio e iniciou com força sua reinvenção. Ainda neste mês a Finep enquadrará, em até 30 dias, todo projeto de crédito para inovação que as empresas solicitarem. Em 30 dias as empresas saberão as condições de juros, prazos e cobertura para decidirem se assinam ou não um contrato com a Finep.

Temos orgulho de participar do esforço pela renovação das instituições públicas. É o que nos dá força para sugerir e incentivar a preparação de um casamento indissolúvel entre a sociedade brasileira e a educação, ciência, tecnologia e inovação.

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