05 julho, 2012

Estudo contraria tese de compra de votos na Câmara

O post abaixo chegou através do facebook do Eduardo Martinez. Foi publicado originalmente no Tudo sobre o mensalão, site que é "uma iniciativa do Movimento Universitário em Defesa do Estado de Direito, formado por estudantes de Direito interessados no debate de temas pertinentes ao Judiciário e suas relações com diferentes segmentos da sociedade. A ideia de criar o site nasceu a partir do estudo da ação penal em sala de aula e da constatação de que muitas das informações sobre o processo não vêm sendo abordadas pela imprensa".   

O estudo é interessante ao revelar, em gráficos, o que já foi afirmado várias vezes por acusados, denunciados, testemunhas e advogados do caso.

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A tese de que o governo fez repasses a parlamentares para garantir votações favoráveis na Câmara em 2003 e 2004 não encontra nenhum respaldo estatístico. O argumento usado para sustentar a existência do chamado mensalão é derrubado pelos números.

Clique aqui para ver o estudo na íntegra


O cruzamento entre os repasses feitos pelo publicitário Marcos Valério e as votações na Câmara mostra que não existe relação entre as duas coisas. Ou seja, reforça a tese de que o dinheiro tinha relação com o caixa dois dos partidos, sem nenhuma ligação com o governo.

Levando em conta as ocasiões em que o governo deu orientação sobre como os partidos deveriam votar, foram 238 votações entre 2003 e 2004.

De acordo com a tese sobre a existência do mensalão, o governo deveria ter mais votos nos meses em que os repasses foram feitos. Mas isso não ocorreu.

A tabela abaixo mostra o comportamento do PP, do PL, do PMDB e do PTB em 2003 e 2004 durante as votações nos meses em que os partidos teriam recebido os repasses:



Percebe-se que, por serem da base governista, os partidos têm alto índice de apoio ao governo nas votações. Ao analisar os meses em que houve repasses, não é possível encontrar um aumento desse apoio.

Pelo contrário: no mês do maior repasse – agosto de 2004, com R$ 4,268 milhões – , o índice fica abaixo da média geral, de 86,7%. Em meses sem nenhum repasse, há expressiva votação favorável ao governo, como em julho de 2003 ou junho de 2004.

Além disso, embora em quase todo o período analisado haja repasses aos quatro partidos, a tendência geral de apoio ao governo tem queda, como mostra este gráfico:





O gráfico também revela que há um forte crescimento do apoio ao governo entre abril e junho de 2003, quando os repasses são bem menores que os dos outros meses.

É possível verificar que, se houvesse alguma influência dos repasses nas votações, ela seria negativa. Ou seja, quanto maior o repasse, menor o apoio ao governo.

O gráfico abaixo ilustra esse movimento. A reta vermelha pontilhada mostra a tendência de apoio ao governo, que cai conforme os repasses aumentam:



Todos os gráficos foram feitos com números oficiais das votações na Câmara.


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