A organização Repórteres Sem Fronteiras condenou [8/11/11] a prisão de cinco jornalistas que estavam a bordo de duas embarcações de ajuda humanitária interceptadas por navios israelenses no dia 4/11, para evitar que furassem o bloqueio naval de Israel à Faixa de Gaza. Dois dos jornalistas ainda estão presos. O bloqueio existe desde que o Hamas assumiu o poder em Gaza.
Fretadas na Turquia, sob bandeiras irlandesa e canadense, as duas embarcações carregavam suplementos médicos destinados a Gaza. O navio israelense as interceptou quando estavam a 45 milhas náuticas (cerca de 77 quilômetros) da costa da Faixa de Gaza, prendeu todas as 27 pessoas a bordo, incluindo os cinco jornalistas, e os levou a um centro de detenção.
Lina Attalah - Foto de Maggie Osama |
Os jornalistas foram identificados como Lina Attalah, da versão em inglês do diário al-Masry al-Youm; Casey Kauffmann, da al-Jazira em inglês; Ayman Al-Zubair, da al-Jazira; Jihan Hafiz, do programa de rádio e TV Democracy Now!, exibido em 900 emissoras e com sede nos EUA; e Hassan Ghani, da Press TV, emissora em inglês do governo iraniano.
Três dos jornalistas – Lina, Kauffmann e Al-Zubair – foram deportados para Israel no dia seguinte. Nenhum equipamento de Lina, que foi levada pelo navio israelense, foi devolvido. Jihan, que é americana, e Ghani, que é britânico, ainda estão detidos.
As autoridades israelenses pediram aos jornalistas para assinar um documento em hebraico reconhecendo que haviam entrado em Israel de maneira ilegal e que estavam proibidos de retornar pelos próximos 10 anos. Jihan recusou-se a assinar o documento, alegando precisar de uma tradução em inglês ou árabe, que não foi fornecida.
A RSF está particularmente preocupada com o destino de Ghani, da Press TV. Segundo outros jornalistas, ele foi separado imediatamente dos outros detidos e não há informação sobre sua atual localização e estado. Ele já havia sido preso em maio de 2010, enquanto cobria uma tentativa anterior por uma frota de ajuda humanitária que tentava chegar a Gaza. A organização pede a autoridades que libertem Hafiz e Ghani e que devolvam todos os equipamentos confiscados dos cinco jornalistas, que estavam apenas cobrindo uma operação humanitária como repórteres.
Ameaça
Autoridades israelenses tentaram impedir uma frota de ajuda humanitária, que teria jornalistas a bordo, de sair em agosto. O diretor do gabinete de imprensa de Israel, Oren Helman, afirmou, em junho, que qualquer jornalista navegando em embarcações na fronteira de Gaza seria tratado como alguém que violou deliberadamente a lei de Israel e, portanto, poderia ser banido de entrar em Israel por 10 anos. Este anúncio causou tantas críticas que o primeiro-ministro israelense disse que a ameaça seria revista.
Em maio de 2010, o exército usou violência para interceptar uma grande frota, deixando nove passageiros mortos e 36 feridos. Autoridades impuseram um blecaute temporário de informações sobre as vítimas e suas transferências para hospitais em Israel. Mais de 60 jornalistas a bordo das embarcações foram presos, levados de volta à Israel e deportados. O equipamento de todos foi confiscado e muitos ainda esperam pelo seu retorno.
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