Texto: Denise Queiroz
Pesquisa: Sergio Pecci
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Enquanto Lupi está na gangorra e os grandes meios de comunicação exploram
mais uma vez a fragilidade do governo brasileiro em fiscalizar as ações do
ministérios (crítica que cá entre nós deveria ser ouvida sem o ranço do
golpismo e as devidas providências tomadas para que os desvios, tanto de
caráter quanto do nosso dinheiro não ocorram) um outro escândalo passa quase
incólume, não fossem umas e outras vozes. A Assembléia Legislativa de São Paulo
aprovou dia 16 o projeto de Lei que transforma o Hospital das
Clínicas de São Paulo em Autarquia.
Vista aérea do complexo inaugurado em 1944 |
Existem várias formas de patrimônio público. O histórico, o
cultural, o arquitetônico, o imemorial. O Hospital das Clínicas pode ser
caracterizado como quase tudo junto e, portanto, deveria estar acima da autoridade do governicho e legislativo de plantão transformá-lo num outro ente qualquer que não seja público.
Entende-se público por algo que foi construído, montado e é
mantido, com dinheiro que vem dos impostos de cada um de nós! Com o Sistema Único
de Saúde, o dinheiro para manutenção
edílica e funcional das unidades sanitárias é do povo brasileiro. Ou seja eu,
aqui em Petrópolis, Rio de Janeiro, acabo financiando com os impostos federais
arrecadados a cada comprinha que faço, não só a saúde desta cidade, mas de
algum hospital ou UPA no interior do Pará ou de Brasília e também de São Paulo.
Seguindo
essa linha de raciocínio, que não está equivocada, solto um aviso: o governo
tucano de São Paulo está querendo privatizar algo que não é só de São Paulo, é
do povo brasileiro. E vai ficar assim? O Ministério da Saúde, que pela lógica do SUS, é sócio, vai permitir que um
governo que não repassa os valores constitucionais para a saúde e a educação
transforme uma das principais referencias médicas do país em mais um hospital
que vai dar atendimento prioritário aos portadores de plano de saúde
escorchantes? Vai permitir que as pessoas de menos recursos e que portanto não
têm como pagar um plano particular fiquem meses nas filas de espera para um
atendimento que até agora é imediato? Sim, porque com a proposta, o destino do
clínicas será o mesmo do Incor. Quem tem plano é atendido imediatamente, quem
não o tem fica numa fila que, em tempo, pode durar mais que uma volta ao mundo, cerca de 14 meses.
Passarela de ligação entre o Incor e o Clínicas |
Se a Assembléia Legislativa de São Paulo aprova ( e até na base aliada de Alckmin há defecções), o povo de
São Paulo também aprova ou seus representantes estão mais uma vez fazendo o que
querem e não cuidando da população, como deveriam fazer com o voto que
receberam?
E os partidos e militantes de esquerda que pregam mais
igualdade? Votos não têm em maioria em São Paulo, mas barulho podem fazer. Esse silêncio é que não vai
resolver.
Na semana passada, pasmem, o próprio Jornal Estado de São
Paulo publicou editorial alertando que tal estava para ocorrer e criticando de
forma veemente a decisão. Passou em branco, ao que parece.
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No Brasil, primeiro se constrói com dinheiro público, depois se inviabiliza, para depois se entregar de mão beijada para a iniciativa privada confiscar, ou desfrutar, através das autarquias, das bases fundadas com o suor do cidadão comum, contribuinte compulsório através de impostos escorchantes, que lhe minam o parco salário que lhe é pago.
ResponderExcluirParabéns Brasil! Parabéns, Governo paulista por mais esse escancarado embuste!
"Pauper diviti dans, petit". Quando o pobre dá ao rico, o Diabo ri.
Exatamente!
ResponderExcluirMaravilhoso o texto! Especialmente o trecho que destaco:
ResponderExcluir"Sim, porque com a proposta, o destino do clínicas será o mesmo do Incor. Quem tem plano é atendido imediatamente, quem não o tem fica numa fila que, em tempo, pode durar mais que uma volta ao mundo, cerca de 14 meses."
PARABÉNS!!!
Obrigada 'pela cidade...'! Espero que possa ser revertida essa idéia absurda!
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