30 novembro, 2011

Linha cruzada

por Eduardo Guimaraens*
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Este texto teve sua gênese em uma conversa com três pessoas (claro que em alguns momentos poderia haver um quarto ou quinto elemento) no Twitter onde a limitação dos 140 caracteres por vezes pode trazer ruído na comunicação. Os temas das conversas são e só poderiam ser a salada de frutas do momento político nacional, economia mundial, Lula, Dilma, uma possível reforma ministerial e por fim, a Ley de los Médios que, se aplicada, poderia minimizar talvez o maior problema enfrentado pelo Governo Federal no momento, que é o de informar a grande parte da população brasileira as suas realizações. Hoje o que o Governo diz muitas vezes tem caído no vácuo tal qual uma linha cruzada.

É fato sabido que a vitória de Dilma Rousseff nas últimas eleições foi muito mal recebida pelas oligarquias que confiavam numa vitória do seu candidato e a mídia que os representa (e dela faz parte) demonstra isso. Aliás, ao longo de 2010 ela assumiu este candidato fazendo às vezes de um verdadeiro partido. Terminada a campanha eleitoral os partidos de oposição se dilaceraram e passado um ano eles não conseguiram se reerguer em uma unidade.

Hoje quem sustenta uma oposição ao Governo são os oligarcas da mídia, ou seja, as seis ou oito famílias que detém cerca de 85 a 90 % dos veículos comunicação no Brasil. Com quase 355 dias desde o início do mandato, se formos procurar na grande mídia o que foi realizado acharemos muita pouca coisa. Mas por outro lado, dá para perceber que o país nestes nove anos mudou para melhor, a despeito do silêncio que a mídia tem se imposto. Isto é um fato: a mídia brasileira não repercute os feitos do Governo Dilma. Pelo contrário, procura de todas as formas desestabilizar através de pseudo escândalos, que imediatamente são amplificados por um ou dois parlamentares da fragmentada oposição. E também rasgando todos os manuais de ética jornalística, através da difamação e da criação de factóides. E pior: quando há episódio envolvendo um político de oposição, ela silencia como nada houvesse ocorrido.

Há algumas explicações para isto e a maioria é de ordem econômica. Em outros tempos os grandes jornais e tevês recebiam, além do afago submisso de governantes, ganhavam vultosas verbas publicitárias que inflavam seus lucros .

De outro lado o Governo Dilma, por vezes, fracassa em divulgar suas ações. E porque isto ocorre? Será que o Governo se comunica mal? Não parece ser este o fato, uma vez que os jornais do exterior especializados em política e economia normalmente repercutem positivamente as notícias vindas do Brasil. Mas há pessoas como o Professor Emir Sader que detectam falhas na forma de se comunicar da Presidenta Dilma. Ela, por sua formação de técnica, é muito mais dada a agir do que falar, ao contrário do seu antecessor o Presidente Lula que, com sua espantosa capacidade de se comunicar, conseguiu lograr êxito em divulgar as suas realizações, mesmo remando contra a maré da mídia. Este sucesso de Lula, além de suas notáveis características pessoais, tem uma parcela do crédito à presença forte e decidida de Franklin Martins na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

A falta de aparições na mídia por parte da nossa Presidenta traz a impressão que ela está pressionada e até é refém da grande mídia. E isto não condiz com a realidade. Aliás, os oligarcas da mídia por vezes se atribuem poderes que na realidade não têm. A maioria deles lembra os sapos bufos que quando acuados se inflam para parecerem maiores e mais terríveis.

Todo mundo crê que o ato de comunicar para um Governo é fácil, mas isto não é o que ocorre. Há uma série de entraves ora de ordem burocrática e econômica, ora da forma de como se faz a comunicação. A partir do início do Governo Lula a comunicação institucional ficou, de forma centralizada, a cargo da Secom (Secretaria de Comunicação). Isto deu uma uniformidade nos vídeos e publicidades institucionais, mas por outro lado causa, por vezes, atrasos na sua divulgação. Já que após ser produzida a peça passa pelo crivo do órgão que a originou e também da Secom. Em relação aos sites e páginas do Governo há uma padronização por parte da Secom, mas a criação e a hospedagem são (ou eram) feitas pelo Serpro e o conteúdo é disponibilizado por cada órgão. Em alguns casos isto causa um entrave na rápida ação de resposta.

Por estes e outros motivos os próximos dois meses serão de suspense. Já que a oligarquia e seu braço midiático apostam em uma reforma ministerial profunda e com a capacidade de afastar a Presidenta Dilma das idéias propostas por Lula desde o início de seu mandato há nove anos. Mas não há provas palpáveis que isto vá ocorrer já que nossa Presidenta tem posições ideológicas muito firmes e não se submeteria a quem a fustiga.

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Eduardo Guimaraens é jornalista e trabalha no Jornal do Cambuci & Aclimação

Um comentário:

  1. Não sei porque, mas quando li "Sapos bufos" logo me veio a mente imagens de um certo herói mitológico, ex senador pelo Piauí...
    Credo!!!

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