Foto: Exame |
Durante a reunião conjunta das comissões de Direitos Humanos da Câmara Municipal e da Assembleia Legislativa de São Paulo, o padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo da Rua, afirmou que a ação das forças de segurança pública na região da Cracolândia, no centro de São Paulo, tem sido baseada na tortura sistemática, contínua e permanente dos usuários de crack. Vereadores e deputados também fizeram críticas à ação policial na região.
"A tortura é sistemática, contínua e permanente. A Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) está entrando na operação. É um precedente perigoso. Eles são preparados para outro tipo de situação", diz.
Para o desembargador Antonio Carlos Malheiros, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), o trabalho que vinha sendo feito para tratar essas pessoas foi desestruturado completamente.
"Com essa dissolução da Cracolândia, haverá muito mais dificuldade em se convencer essas pessoas a participar de um tratamento. Depois do posicionamento ontem do Ministério Público, é possível que essa truculência diminua. Mas o trabalho de convencimento foi praticamente perdido", disse.
O deputado estadual Adriano Diogo (PT-SP) afirmou que não há nada que justifique a ação que vem sendo tomada no centro da cidade, fora de padrão. "Tentaram implantar na Santa Ifigênia uma UPP. Foi uma atitude teatral e se transformou em um desastre. O momento é de tal gravidade que todas as forças da sociedade deveriam se juntar para estancar essa ação. É uma covardia", disse.
O deputado estadual Jamil Murad (PCdoB), que é médico, afirma que a ação, baseada em uma teoria falsa de procurar dor e sofrimento no usuário, não funciona. "Essa atitude foi encampada pela segurança pública. O problema ficou ao nível policial, o que já havia sido superado. Não há uma solução mágica", afirma.
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