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Depois que escrevi o texto anterior, O que tem 2011 a ver com angústia?, dois textos me foram indicados: "Contra o estrago do liberalismo, recuperar o Max filosófico", uma entrevista de Eduardo Febbro para o portal Carta Maior com o filósofo francês Dany-Robert Dufour e "Ambiente, Arquitetura, Arte e Cotidianidade", do professor Eduardo Cardoso Braga.
Ambos, de certa forma e ao meu ver, entrelaçam seus temas com a angústia. Um tanto quanto e forma desordenada, vou pinçar alguns desses entrelaçamentos. Por evidente, as linhas de um simples observador do mundo não se equiparam às de filósofos.
Quando escrevi que "Ninguém, mas ninguém mesmo, foi capaz de fazer o necessário: ruptura! Uma ruptura real com a "modernidade" e com todos os sistemas criados nela e por ela", creio que pensava o que escreveu Dufour: "Refundar nossa civilização após os três caminhos sem saída que forma o nazismo, o estalinistmo e o liberalismo requer uma refundação sobre bases sólidas. Por isso realizei o inventário, para ver o que podíamos recuperar e o que não, quanto do passado podia nos servir e quanto não.". Braga completa a ideia ao perceber ser "urgente, hoje, a criação e o projeto de espaços e ambientes que favoreçam a expressão do comum, nos quais as pessoas se reconheçam como seres humanos, capazes de controlar seus destinos, e não simplesmente subjetividades em conflito com o outro e o ambiente. O sentimento de humanidade engendra a dignidade e um sentido de respeito para consigo e seu semelhante, bem como para toda espécie de vida."
Incrível como as peças vão se juntando. Dufour fala do "homem simpático", aquele que entende que precisa ver o outro em si, que "para viver com o próximo, é preciso contar com ele". "Necessito da presença do outro em mim e o outro presisa de minha presença nele para que possamos construir um espaço onde cada um seja um indivíduo aberto ao outro. Eu cuido do outro como o outro cuida de mim."
Tarefa difícil, mais ainda quando lembramos Braga: "É comum vermos as pessoas reclamando do seus vizinhos com suas "músicas altas" de gosto duviduso. Ou conflito de toda espécie pelos desrespeitos às regras que deveriam presidir o espaço comum." O espaço comum perdeu sentido quando "as relações entre indivíduos" passaram ao segundo plano, trocadas pela relação com o objeto (Dufour).
Nosso espaço comum foi alienado e juntamente com essa alienação, nos tornamos objetos de nós mesmos. Se mal conseguimos nos relacionar com as "caixas de fósforos" (Braga), onde fomos colocados pelo liberalismo, como fazer para recuperar a humanidade, que é, essencialmente, relação com o próximo? A pergunta que me faço é: como vencer, na prática, algo tão poderosamente instalado em todos os capos de atuação da vida? Será que querer "uma casa no campo, do tamanho ideal, pau-a-pique e sapê, onde possa plantar meus amigos, meus discos e livros, e nada mais..."? resolve? Se até uma casa no campo custa uma fortuna?
Tenho que pensar muito ainda na frase final do texto do Eduardo Braga: "Quando a própria vida está despida de toda humanidade e se desnaturaliza, o homem, como parte desse ambiente, também se comporta de forma antinatural e inumana" e na frase do Dufour "O liberalismo nos deixa a liberdade de alienarmos a nós mesmos"....
Ambos, de certa forma e ao meu ver, entrelaçam seus temas com a angústia. Um tanto quanto e forma desordenada, vou pinçar alguns desses entrelaçamentos. Por evidente, as linhas de um simples observador do mundo não se equiparam às de filósofos.
Quando escrevi que "Ninguém, mas ninguém mesmo, foi capaz de fazer o necessário: ruptura! Uma ruptura real com a "modernidade" e com todos os sistemas criados nela e por ela", creio que pensava o que escreveu Dufour: "Refundar nossa civilização após os três caminhos sem saída que forma o nazismo, o estalinistmo e o liberalismo requer uma refundação sobre bases sólidas. Por isso realizei o inventário, para ver o que podíamos recuperar e o que não, quanto do passado podia nos servir e quanto não.". Braga completa a ideia ao perceber ser "urgente, hoje, a criação e o projeto de espaços e ambientes que favoreçam a expressão do comum, nos quais as pessoas se reconheçam como seres humanos, capazes de controlar seus destinos, e não simplesmente subjetividades em conflito com o outro e o ambiente. O sentimento de humanidade engendra a dignidade e um sentido de respeito para consigo e seu semelhante, bem como para toda espécie de vida."
Incrível como as peças vão se juntando. Dufour fala do "homem simpático", aquele que entende que precisa ver o outro em si, que "para viver com o próximo, é preciso contar com ele". "Necessito da presença do outro em mim e o outro presisa de minha presença nele para que possamos construir um espaço onde cada um seja um indivíduo aberto ao outro. Eu cuido do outro como o outro cuida de mim."
Tarefa difícil, mais ainda quando lembramos Braga: "É comum vermos as pessoas reclamando do seus vizinhos com suas "músicas altas" de gosto duviduso. Ou conflito de toda espécie pelos desrespeitos às regras que deveriam presidir o espaço comum." O espaço comum perdeu sentido quando "as relações entre indivíduos" passaram ao segundo plano, trocadas pela relação com o objeto (Dufour).
Nosso espaço comum foi alienado e juntamente com essa alienação, nos tornamos objetos de nós mesmos. Se mal conseguimos nos relacionar com as "caixas de fósforos" (Braga), onde fomos colocados pelo liberalismo, como fazer para recuperar a humanidade, que é, essencialmente, relação com o próximo? A pergunta que me faço é: como vencer, na prática, algo tão poderosamente instalado em todos os capos de atuação da vida? Será que querer "uma casa no campo, do tamanho ideal, pau-a-pique e sapê, onde possa plantar meus amigos, meus discos e livros, e nada mais..."? resolve? Se até uma casa no campo custa uma fortuna?
Tenho que pensar muito ainda na frase final do texto do Eduardo Braga: "Quando a própria vida está despida de toda humanidade e se desnaturaliza, o homem, como parte desse ambiente, também se comporta de forma antinatural e inumana" e na frase do Dufour "O liberalismo nos deixa a liberdade de alienarmos a nós mesmos"....
Estamos desumanos.. covardes.. perdidos no planeta.
ResponderExcluirÓtimo texto.
Falta mesmo um novo modelo de sociedade .Fracassamos, com toda certeza.
Caro Luiz Afonso Alencastre Escosteguy,
ResponderExcluirComo professor, considero o processo sempre mais importante do que os resultados. Errar pode ser uma bênção, desde que aprendemos com os erros. Isso é o princípio fundamental da metodologia científica. Então, apesar de tudo, acredito que podemos construir uma sociedade e história na qual o humanismo triunfe. Se a modernidade tornou-se uma grande racionalização para a dominação e a exploração, suas promessas culturais também não foram cumpridas. Permanece as demandas pela igualdade e liberdade, não simplesmente formais ou jurídicas, mas plenamente objetivadas na vida. Assim, o processo permanece como reflexão para atingir os fins: realizar plenamente o social. Construir relações entre homens e ambientes pautadas pela presença da autonomia, justiça, liberdades, respeito mútuo e consciência social.
Muito obrigado.
Prof. Eduardo C Braga
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