por Lincoln Secco
do Correio da Cidadania
dica @EduardoCBraga
A imagem de um coronel da PM paulista agredido chocou a imprensa. Deixemos de lado o fato estranho: numa corporação militar não é comum que justamente o oficial de máxima patente fosse deixado sozinho em meio a manifestantes que não costumam ser bem tratados por seus soldados.
A presidente da República, movida pelas pesquisas de opinião, logo se declarou contra os “vândalos”. A Folha de S. Paulo já tinha uma pesquisa pronta para revelar que 95% dos paulistanos são contra os Black blocs. Mas o mesmo jornal não explica como a esmagadora maioria da população pode se posicionar sobre aquilo que ninguém sabe o que é! Afinal, a grande imprensa costuma mostrar o “vandalismo” como um ato irracional. Por que, afinal, alguém ataca caixas de banco?
Um articulista da Folha de S. Paulo sugeriu covardemente o uso do exército contra manifestantes! Já o governador paulista, sempre movido pelo feixe para onde convergem suas ideias, pede que as leis sejam mais duras para agressores de policiais. Ele sequer tem o pejo de violar o artigo 5 da Constituição. Não somos todos iguais perante a lei? Sobre a desmilitarização da polícia nenhuma palavra, afinal, é uma obra da ditadura tão intocável quanto os torturadores ainda soltos por aí.
Depois dos confrontos do terminal Parque Dom Pedro em São Paulo, foram 7 os jovens encarcerados. Segundo relato de um apoiador dos manifestantes, “na delegacia da Mooca havia um advogado do grupo dos ativistas com uma marca de tiro de borracha no abdômen, uma mãe rockeira orgulhosa do filho, pais da Cohab e duas meninas da USP, combativas, e muito gratas pela nossa presença inútil por ali, que era basicamente para afastar os olhares repugnantes dos PMs, rodeando no entorno como cães impunes”.
Mais surpreendente foi o caso de um garoto que chegou de madrugada procurando o irmão que estava preso por formação de quadrilha. Detalhe: estavam passeando em São Paulo, vieram de Curitiba (portanto, formaram a "quadrilha em poucas horas").
O fato é que jovens sem a cultura política tradicional resolveram deixar a ideologia da espera. Tratados a pão e tijolo, enjaulados em terminais horrendos como o do Parque Dom Pedro, submetidos a infinitas baldeações, eles perderam o medo.
Descobriram que não é a esperança que vence o medo. Mas a raiva. Se algum articulista já esperou de madrugada a saída do 1178 na Praça do Correio; depois chegou ao seu bairro e levou a milésima batida policial, engoliu a seco, chutou tudo o que viu pela frente e foi dormir chorando de raiva, deve só imaginar o que sente a juventude mascarada.
O velho Mao disse certa vez: uma Revolução “não pode ser assim tão refinada, calma e delicada, tão branda, tão afável e cortês, comedida e generosa”. Não vivemos nenhuma revolução até porque a ação dos blocos negros está muito longe da violência revolucionária, especialmente num país com as taxas de homicídio do Brasil. Só a PM mata mais gente do que alguns países em guerra declarada.
Excessos? Sem dúvida. Não advogo aqui tudo o que se faz sob a tática dos blocos negros. Acredito que nem eles. Quando uma esquerda revolucionária retomar seu lugar nas ruas, talvez eles voltem para o fundo das periferias de onde saíram e deixem a direita e a esquerda aliviadas.
Para os que têm dúvidas como eu, repetiria o que me disse um colega há muitos anos numa greve: “eles estão errados, mas se a repressão está do outro lado, eu não tenho dúvida. Estarei sempre do lado de cá”.
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dica @EduardoCBraga
A imagem de um coronel da PM paulista agredido chocou a imprensa. Deixemos de lado o fato estranho: numa corporação militar não é comum que justamente o oficial de máxima patente fosse deixado sozinho em meio a manifestantes que não costumam ser bem tratados por seus soldados.
A presidente da República, movida pelas pesquisas de opinião, logo se declarou contra os “vândalos”. A Folha de S. Paulo já tinha uma pesquisa pronta para revelar que 95% dos paulistanos são contra os Black blocs. Mas o mesmo jornal não explica como a esmagadora maioria da população pode se posicionar sobre aquilo que ninguém sabe o que é! Afinal, a grande imprensa costuma mostrar o “vandalismo” como um ato irracional. Por que, afinal, alguém ataca caixas de banco?
Um articulista da Folha de S. Paulo sugeriu covardemente o uso do exército contra manifestantes! Já o governador paulista, sempre movido pelo feixe para onde convergem suas ideias, pede que as leis sejam mais duras para agressores de policiais. Ele sequer tem o pejo de violar o artigo 5 da Constituição. Não somos todos iguais perante a lei? Sobre a desmilitarização da polícia nenhuma palavra, afinal, é uma obra da ditadura tão intocável quanto os torturadores ainda soltos por aí.
Depois dos confrontos do terminal Parque Dom Pedro em São Paulo, foram 7 os jovens encarcerados. Segundo relato de um apoiador dos manifestantes, “na delegacia da Mooca havia um advogado do grupo dos ativistas com uma marca de tiro de borracha no abdômen, uma mãe rockeira orgulhosa do filho, pais da Cohab e duas meninas da USP, combativas, e muito gratas pela nossa presença inútil por ali, que era basicamente para afastar os olhares repugnantes dos PMs, rodeando no entorno como cães impunes”.
Mais surpreendente foi o caso de um garoto que chegou de madrugada procurando o irmão que estava preso por formação de quadrilha. Detalhe: estavam passeando em São Paulo, vieram de Curitiba (portanto, formaram a "quadrilha em poucas horas").
O fato é que jovens sem a cultura política tradicional resolveram deixar a ideologia da espera. Tratados a pão e tijolo, enjaulados em terminais horrendos como o do Parque Dom Pedro, submetidos a infinitas baldeações, eles perderam o medo.
Descobriram que não é a esperança que vence o medo. Mas a raiva. Se algum articulista já esperou de madrugada a saída do 1178 na Praça do Correio; depois chegou ao seu bairro e levou a milésima batida policial, engoliu a seco, chutou tudo o que viu pela frente e foi dormir chorando de raiva, deve só imaginar o que sente a juventude mascarada.
O velho Mao disse certa vez: uma Revolução “não pode ser assim tão refinada, calma e delicada, tão branda, tão afável e cortês, comedida e generosa”. Não vivemos nenhuma revolução até porque a ação dos blocos negros está muito longe da violência revolucionária, especialmente num país com as taxas de homicídio do Brasil. Só a PM mata mais gente do que alguns países em guerra declarada.
Excessos? Sem dúvida. Não advogo aqui tudo o que se faz sob a tática dos blocos negros. Acredito que nem eles. Quando uma esquerda revolucionária retomar seu lugar nas ruas, talvez eles voltem para o fundo das periferias de onde saíram e deixem a direita e a esquerda aliviadas.
Para os que têm dúvidas como eu, repetiria o que me disse um colega há muitos anos numa greve: “eles estão errados, mas se a repressão está do outro lado, eu não tenho dúvida. Estarei sempre do lado de cá”.
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Lincoln Secco é professor do Departamento de História da USP e publicou em 2011 o livro “História do PT”, pela Ateliê Editorial.
Mutio bom, corretíssimo o texto. *Beijos no ombro da classe média Hipócrita*
ResponderExcluirMas quem disse estamos em uma revolução.Lutei contra ditadura .Sou contra a violencia policial aqui em qualquer lugar ,principalmente na periferia , mas ninguém até agora me provou que esses black blocs querem alguma coisa séria .Para mim eles encarnam a direita travestida de extrema esquerda e querem tumultuar. Parem de ser cínicos e de defenderem um bando de moleques manipulados . Esse major foi colocado lá e os menininhos se aproveitaram, e a polícia também. A quem serve esse joguinho?. Pensem minha gente. O governo dos tucanos há muito mostraram sua face fascista, desde o Pinheirinho .
ResponderExcluir'Major', o texto diz que não estamos em uma revolução... tá sabendo mal sobre o assunto e nem sequer ler quer. Veio só roboticamente repetir a ladainha governista de 'direita travestida' e do complô anti-PT comandando pelo... PT! Patético.
ExcluirQuem nunca teve vontade de quebrar um ônibus, depois de esperar horas; quem nunca teve vontade de ir à forra contra um PM; quem nunca teve vontade de quebrar uma câmara de vereadores, uma assembleia legislativa, um tribunal injusto de justiça? os Balck Bloc fazem isso pelos que só têm vontade.
ResponderExcluirVocê está procurando um empréstimo comercial, empréstimos pessoais, empréstimos hipotecários, empréstimos para carros, empréstimos estudantis, empréstimos não consolidados para consolidação, financiamento de projetos etc ... Ou simplesmente recusar empréstimos de um banco ou instituição financeira por um ou mais motivos? Somos as soluções certas para crédito! Oferecemos empréstimos a empresas e indivíduos com taxa de juros baixa e acessível de 2%. Portanto, se você estiver interessado em um empréstimo urgente e seguro. Para mais informações, por favor envie um email hoje: Via: Elegantloanfirm@hotmail.com.
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