31 outubro, 2011

Minha pátria é minha língua?

Dica de @AntonioLassance
Edição de Denise Queiroz e Sergio Pecci
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A língua falada no Brasil poderia ser outra e muito mais rica caso, no século XVIII, os estudos já avançados sobre o idioma tupi (dos povos Tupinambá, Tupiniquin, Caeté, Tamoio e Potiguara) falado portanto na maior parte do país, não tivessem sido postos a perder pela decisão da coroa portuguesa de expulsar os jesuítas, que haviam, por necessidade de comunicar-se com os nativos, padronizado a Língua Geral em detrimento dos idiomas originais das várias tribos espalhadas pelo território então conhecido. 
Com a expulsão dos missionários, o Marquês de Pombal pôs fim à continuidade dos estudos já em andamento para impressão da Bíblia em Língua Geral. 
O idioma, já no final do século VXII, era falado e reconhecido, mas era também um empecilho aos interesses da corte portuguesa que formava as duas cidades dominantes à época, Rio de Janeiro e Salvador. 
A nossa língua, portanto, hoje considerada riquíssima, empobreceu por um decreto que obrigou à adoção de um idioma que não era o falado e reconhecido pela maior parte da população. A riqueza da influência indígena, que já havia sido retirada em parte pela Língua Geral, ficou encerrada em alguns territórios e regiões e o corriqueiro idioma pré-Pombal, foi caindo no esquecimento pela imposição da língua da coroa e pela falta do registro gráfico da mesma.  

Do livro Viagem à Terra do Brasil, de Jean De Léry
A realidade lingüística do país até o final do século XVII 

Ao contrário do que geralmente se pensa, a língua portuguesa, nos tempos coloniais, não era a língua mais falada nas colônias portuguesas da América do Sul, ou seja, no Brasil e no Grão-Pará, terras que compõem o Brasil de hoje. Podemos até dizer, sem exagerar muito, que o português era falado apenas nas ruas das duas cidades verdadeiramente portuguesas, São Sebastião do Rio de Janeiro e Salvador da Bahia, os grandes portos exportadores de ouro, de pedras preciosas, de açúcar, e importadores de produtos manufaturados e sobretudo de mão-de-obra escrava. Ao se disseminarem para o interior das terras, os colonos, aventureiros e viajantes em geral, se viam rapidamente na obrigação de adotar a koiné de base lexical tupi de uso geral, a chamada língua geral.

Não podemos esquecer que não havia nenhuma escola na totalidade do território que chamamos hoje de Brasil. O Brasil de então —isto é, os dois terços meridionais do Brasil atual— era dividido em capitanias que, a partir de determinada porção da costa atlântica, projetavam uma faixa perpendicular, em linha reta, para o interior. Esses territórios eram verdadeiramente propriedades particulares outorgadas pelo Rei de Portugal, e, portanto, não desfrutavam de nenhuma prerrogativa das quais um Estado habitualmente goza.

Assim sendo, essas capitanias eram meros quintais para serem explorados, sem nenhuma política outra do que a pilhagem sistemática das terras. Pouca agricultura, fora a da cana-de-açúcar, e nenhuma rede educacional.

A situação não era diferente no Grão-Pará (o terço setentrional do Brasil moderno), cuja capital era Belém, na boca do rio Amazonas. Entretanto, tratava-se da afinagem do príncipe herdeiro da coroa portuguesa; porém, a língua portuguesa era ainda menos usada na cidade de Belém do que nas cidades do Sul.


Debret
A emergência da Língua Geral

Entretanto, nessas terras onde dominava uma forma um tanto anárquica de pilhagem de riquezas, coexistiam algumas formas de projetos como o da evangelização dos «selvagens», com a presença em particular dos jesuítas, tolerados pelo poder, embora nem sempre vistos com bons olhos. O plano jesuíta incluía a tradução em língua popular dos evangelhos. Ora, de fato, para tal projeto vingar, havia de inventar uma modalidade escrita para esta língua popular. No fundo, estamos na frente dos mesmos problemas que tinham encontrado no século anterior na Europa os grandes reformadores da religião, como Martin Luther, Jean Calvin ou John Knox: como se traduzir a Bíblia numa língua compreensível pelo povo, enquanto não há modalidade escrita popular oficial, e quando a realidade lingüística é constituída de uma multidão de dialetos cujas diferenças tornam a intercompreensão problemática.

A solução encontrada foi mais ou menos a mesma: criar uma língua escrita média, que não fosse língua materna de ninguém, ou seja, nos casos citados, o Hochdeutsch da Bíblia impressa graças à recente invenção de Gutenberg, o francês que viria a ser chamado de français de la Cour, ou essa modalidade de tupi médio dito Língua Geral. Assim como em muitos países da Europa, um mosaico de variantes regionais passou a conviver com uma variante criada para servir de modalidade escrita, própria para ser difundida através da recente invenção da imprensa e da tipografia, numa economia de escala que permitisse a emergência de uma das primeiras indústrias capitalistas, a do livro impresso.

Assim sendo, a Língua Geral tinha tudo para se tornar a verdadeira língua nacional do Brasil, com o seu papel identitário na emergência de um nacionalismo comparável aos das nações européias, em processo de nascimento e de consolidação.

Entretanto, a Língua Geral sobrevive hoje em dia numa forma crioulizada, no norte do país, com o nheengatu. Mas, de qualquer modo, a decisão tomada pelo marquês de Pombal de expulsar os jesuitas e de impor uma educação laica em português contribuiu para que o Brasil fosse considerado, até recentemente, como um país unilingüe, caracterizado com apenas uma língua nacional. 


Marquês do Pombal
A decisão do Marquês de Pombal, e as suas conseqüências 

Com as suas medidas, o Marquês de Pombal, primeiro-ministro do Rei de Portugal nessa segunda metade do século xviii, conseguiu inviabilizar a promoção da Língua Geral à posição de língua nacional no Brasil. Ao expulsar os Jesuitas de Portugal e das colônias, ele conseguiu postergar as primeiras veleidades independentistas que afloravam no Brasil. Sobretudo, eliminou as instituições educacionais que promoviam uma língua própria que pudesse constituir uma força para as reivindicações nacionais de um Brasil independente. A partir de então, a língua portuguesa passou a ser a única candidata ao status de língua nacional e de modalidade escrita.

A história dos cinco últimos séculos mostra quanto a emergência dos Estados nacionais na Europa está intimamente ligada, a partir do Renascimento e da ascenção da burguesia européia, com o surgimento do livro impresso, da criação de línguas escritas —sejam elas românicas ou germânicas— em substituição do latim, da crise da Reforma religiosa e da tentativa do antídoto da Contra-Reforma e dos seus servidores, os jesuítas, e enfim, last but not least, da afirmação das normas escritas como línguas nacionais portadoras dos novos valores identitários.

Nessa perspectiva, houve de fato uma tentativa de salvar um império português em frangalhos, com o adiamento da realização de independência no caso do Brasil. Entretanto, pode-se dizer, de modo um tanto solene e quase ridiculamente enfâtico que o freio imposto à marcha da história não ia conseguir reverter o curso do destino... Mas a língua da ex-colônia acabou não sendo um tupi na sua versão da língua geral, mas um português numa variante que seria própria do Brasil, um tanto distante do português europeu. 


Debret - Charruas Civilizados
As variantes regionais do português brasileiro: a sua formação e o seu futuro. 

Apesar da imensidão do seu território, no que diz respeito às realizações da língua portuguesa, o Brasil mostra uma homogeneidade muito maior do que o Portugal, cuja superfície de 92 100 km2 é equivalente a apenas um pouco mais de 1 % do território de Brasil, de 8.547.404 km2 .

O que aparece como sendo um paradoxo se explica justamente pela longa história da presença do latim na península ibérica, que, ao longo dos dois milênios, teve contatos com os celtiberos locais, com os fenícios e cartaginenenses aí já instalados, com os gregos comerciantes, com os vândalos, os visigodos, os bereberes, os árabes. Tais contatos determinaram mudanças e variações que resultaram numa multidão de variantes, de dialetos e de línguas neolatinas, o que contrasta com a situação do Brasil, onde, apesar das variações regionais, a grande homogeneidade da língua portuguesa, nas suas variantes sociais, não deixa de ser notável.

Se o território brasileiro abriga populações de línguas mas diversas, sejam elas indígenas —da família tupi ou gê, principalmente — ou de imigrantes portugueses, espanhois, alemãos, italianos, suíços, japoneses, russos, entre muitos outros, a língua portuguesa adotada pelos seus descendentes, apresenta uma variabilidade muito restrita, quando comparada com aquela encontrada no diminuto território de Portugal.

Tal relativa homogeneidade geográfica, que se encontra, aliás, em todos os níveis de variabilidade social da língua, não deixa de reforçar a tese da consolidação relativamente recente da língua portuguesa no país, quando veio substituir definitivamente a língua geral, essa koiné tupi de uso generalizado em maior parte do Brasil.


Leia o texto na íntegra na Revista Uca

30 outubro, 2011

Blogueiros de 23 países aprovam Carta de Foz do Iguaçu

Por Marcel Gomes
Do Carta Maior




O 1º Encontro Mundial de Blogueiros, realizado em Foz do Iguaçu (Paraná, Brasil), nos dias 27, 28 e 29 de outubro, confirmou a força crescente das chamadas novas mídias, com seus sítios, blogs e redes sociais. Com a presença de 468 ativistas digitais, jornalistas, acadêmicos e estudantes, de 23 países e 17 estados brasileiros, o evento serviu como uma rica troca de experiências e evidenciou que as novas mídias podem ser um instrumento essencial para o fortalecimento e aperfeiçoamento da democracia.

Como principais consensos do encontro – que buscou pontos de unidade, mas preservando e valorizando a diversidade –, os participantes reafirmaram como prioridades:

- A luta pela liberdade de expressão, que não se confunde com a liberdade propalada pelos monopólios midiáticos, que castram a pluralidade informativa. O direito humano à comunicação é hoje uma questão estratégica;

- A luta contra qualquer tipo de censura ou perseguição política dos poderes públicos e das corporações do setor. Neste sentido, os participantes condenam o processo de judicialização da censura e se solidarizam com os atingidos. Na atualidade, o WikiLeaks é um caso exemplar da perseguição imposta pelo governo dos EUA e pelas corporações financeiras e empresariais;

- A luta por novos marcos regulatórios da comunicação, que incentivem os meios públicos e comunitários; impulsionem a diversidade e os veículos alternativos; coíbam os monopólios, a propriedade cruzada e o uso indevido de concessões públicas; e garantam o acesso da sociedade à comunicação democrática e plural. Com estes mesmos objetivos, os Estados nacionais devem ter o papel indutor com suas políticas públicas.

- A luta pelo acesso universal à banda larga de qualidade. A internet é estratégica para o desenvolvimento econômico, para enfrentar os problemas sociais e para a democratização da informação. O Estado deve garantir a universalização deste direito. A internet não pode ficar ao sabor dos monopólios privados.

- A luta contra qualquer tentativa de cerceamento e censura na internet. Pela neutralidade na rede e pelo incentivo aos telecentros e outras mecanismos de inclusão digital. Pelo desenvolvimento independente de tecnologias de informação e incentivo ao software livre. Contra qualquer restrição no acesso à internet, como os impostos hoje pelos EUA no seu processo de bloqueio à Cuba.

Com o objetivo de aprofundar estas reflexões, reforçar o intercâmbio de experiências e fortalecer as novas mídias sociais, os participantes também aprovaram a realização do II Encontro Mundial de Blogueiros, em novembro de 2012, na cidade de Foz do Iguaçu. Para isso, foi constituída uma comissão internacional para enraizar ainda mais este movimento, preservando sua diversidade, e para organizar o próximo encontro.

28 outubro, 2011

A ditadura da velha mídia


Por Dennis Oliveira
Do Blog do Dennis - "Escrevo o que quero"



O jornalista e blogueiro Luis Nassif diz que desde os anos 1990, há uma ditadura do mercado financeiro no jornalismo. Um círculo restrito de economistas ligados ao mercado financeiro, com presença no poder federal, passa a exercer uma pressão quase “terrorista” junto a analistas da mídia para se construir um consenso em torno de políticas macroeconômicas em favor do mercado financeiro. A concentração midiática favorece este tipo de ação, segundo Nassif.

O jornalista brasileiro comentou ainda a guerra suja operada pelos grandes grupos poderosos utilizando a web nas eleições do ano passado. Ele citou o seu conflito com a revista Veja que contratou um blogueiro para fazer provocações e ataques a sua pessoa e as denúncias que publicou contra o periódico dos Civita.

Nassif diz que os “sem midia” no Brasil são aqueles não vinculados ao mercado financeiro. Ele demonstrou o denuncismo dos grandes mídias como uma das ações terroristas mais comuns da mídia tradicional pois isto cria um efeito “manada” a partir do momento que influencia círculos de formação de opinião pública.

A blogosfera progressista, segundo ele, cumpre um papel importante no contraponto a esta ação da mídia tradicional com a disseminação de informação e não na ofensa dos antagonistas. Um exemplo disto foi o caso da Operação Satiagraha em que a grande mídia tentou desqualificar os policiais federais e transformar o Daniel Dantas em vítima e o ministro Gilmar Mendes, do STF, em um grande jurista. Pelos comentários dos leitores dos próprios portais da grande mídia, notou-se que esta ação midiática não pegou muito.

Para Nassif, embora a militância seja fundamental e necessária, é importante também os mediadores de informação na internet – com todos os matizes – que vão estabelecer áreas de discussão que permitam um confronto de idéias sem esta selvageria da troca de ofensas e denúncias que se transformou hoje o espaço midiático.

O Encontro Mundial de Blogueiros realiza-se de 27 a 29 de outubro em Foz de Iguaçú, dentro da sede da Itaipu Binacional. O encontro foi aberto ontem com evento musical e uma sessão solene. O evento é organizado pelo Centro de Mídia Alternativa Barão de Itararé e a Altercom (Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores de Comunicação Alternativa).


27 outubro, 2011

Caso Folha X Falha pode abrir precedente perigoso


Por Eduardo Guimarães Guimaraens (@justdu)
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Na tarde da última quarta-feira (26), a Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados promoveu audiência para debater o silêncio da mídia no caso de censura imposta pelo jornal Folha de São Paulo ao blog Falha de S. Paulo. Na Audiência, proposta pelo Deputado Paulo Pimenta (PT-RS), parlamentares de diversos partidos políticos compareceram, em uma demonstração de que essa não é uma discussão partidária, conforme tentou induzir o diário paulista nos últimos dias. Os deputados alertaram para um precedente perigoso que pode ser criado no país, dependendo da compreensão da justiça sobre o episódio.

Autor do requerimento para o debate, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) enfatizou que a linha adotada pela Folha põe em risco um direito constitucional. “Estão corretos os que entendem que esse episódio não é algo menor. Como essa é uma ação inédita no Brasil, a decisão da justiça em favor da Folha de S. Paulo criará uma jurisprudência de restrição à liberdade de expressão. No futuro, os próprios meios de comunicação serão julgados com base nesse entendimento”, frisou o parlamentar.


Durante a sessão o criador do blog Falha, jornalista Lino Bochini criticou, por um lado, a ausência da Folha, mas por outro, afirmou que o jornal paulista “mostrou sua verdadeira face”. Ele, que classificou a ação da Folha com “absurda” e “truculenta”, rebateu as alegações do proprietário e diretor de redação, Otávio Frias Filho, de que o blog Falha não seria sátira nem independente. “É muito bom quando temos o dono do jornal deixando cair sua máscara, o jogo fica mais claro. A Folha mente, o nosso blog era sátira e era independente! A Folha é um jornal que cobra transparência, responsabilidade dos órgãos públicos – o que está correto – mas que foge do debate por meio de uma carta autoritária”, contestou Lino, desafiando que não há na blogosfera nenhum site defendendo a Folha, além do portal do próprio jornal.

Falando em nome da Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj o 1º Secretário  Antônio Paulo Santos disse que ao invés de pregarem a liberdade de imprensa “o donos dos grandes grupos de comunicação querem na verdade “a liberdade de empresa” ou seja apenas publicam o que lhes é interessante ao invés de bem informar. O dirigente da Fenaj criticou, e não isentou o Congresso, pelo fato de no Brasil o setor de comunicação não ter regulação nenhuma. “As tradicionais famílias que dominam a mídia em nosso país trabalham unidas pela desregulamentação do setor. Conseguiram, a partir de muita pressão, que o Congresso arquivasse o projeto de criação do Conselho Federal de Jornalismo e, por fim, há dois anos, derrubaram o diploma de jornalismo”, resumiu.

Durante a sessão boa parte dos deputados presentes criticaram a ausência dos representantes da Folha de São Paulo que, um dia antes, declinaram do convite  por discordar da temática do encontro. A ausência dos representantes da empresa jornalística foi considerada desrespeitosa com a Câmara Federal por muitos dos deputados presentes e que abordaram o tema entre eles Ivan Valente do PSOL, Manuela d'Ávila do PC do B e  Luiz Couto do PT. Ao comentar sobre o assunto o deputado Pimenta disse que “a Folha teria pouco acrescentar em um debate sobre Liberdade de Imprensa”.Os autores do Blog Falha de São Paulo informaram que recorrerão até a última instância para garantir a volta dos site ao ar.

A Folha de São Paulo enviou uma repórter à Audiência e publicou em suas páginas uma matéria apenas de registro, sem maiores detalhes. Outras ausências notadas foram do representantes da Associação Nacional de Jornais - ANJ e da OAB Nacional, esta se desculpou dizendo que sua ausência era justificada pelo julgamento da constitucionalidade dos Exames da entidade para os novos advogados. 
Ressalte-se que a Deputada Manuela Dávila, mesmo em meio ao atribulado dia que viveu seu partido, compareceu à Audiência.


No site www.desculpeanossa.com.br , os videos da sessão! 


No que você votou?

Eu votei e tenho votado desde 1983 numa proposta que é a mais condizente com o que penso que deve ser o mundo: onde impostos são transformados em saúde, educação, igualdade. Adiantaram alguma coisa esses votos? Acho que sim. O país, cresceu, há menos miséria, mais gente tem trabalho, etc, etc, etc. 



Aí, bom, o que temos visto é o governo sendo achincalhado, dia sim, dia também, nos caracteres impressos, on-line ou lidos (assistidos e ouvidos) pela grande mídia, aquela que todo mundo tem acesso, seja por ondas – nos lugares mais distantes pelas rádios e TVs “afiliadas” - por cabo ou nas bancas.

E, quanto é mesmo que o governo, desde 2003, destina em “investimento” de publicidade? Uma média de R$1,2 bi anuais e caindo. É certo que esse dinheiro está sendo melhor distribuído. Antes 499 empresas em 182 municípios amealhavam toda a bufunfa, agora 8.094 veículos em 8.933 cidades a recebem. Há melhor divisão. Antes apenas 11 sites e blogs recebiam algum, agora são 2.512. Não discutamos por que é fato.

Mas a pergunta é: se essa dinheirama toda que o governo administra dos nossos impostos fosse posta em saúde, educação e saneamento - só pra falar no básico dos básicos - e também em melhor controle do que está sendo gasto nessa quantidade enorme de ministérios (cada pastinha pra um ou mais partidos da base) precisaria tanta propaganda?

Diz-se que não há dinheiro para investir em infra-estrutura para Banda Larga pública e de qualidade - as empresas públicas da área foram sucateadas pelo governo anterior - mas há para financiamento milionário (quando não bi ou tri) por parte do BNDES para empresas privadas de telecomunicações (que foram privatizadas contra a vontade e o voto da maioria que elegeu esta proposta desde 2003, fique claro).

Levemos em conta também que a tiragem dos impressos cai e o governo, embora mais presente desde 2003 em quase todos os lugares, ocupando o devido lugar que o Estado deve ocupar, e assim tirando as organizações não-governamentais (ONGs) que durante anos fizeram o seu trabalho com o beneplácito dos governos de plantão, ainda não chega a todo o país. Então a
 publicidade posta em locais estratégicos nos mesmos impressos e páginas dizem que o governo é ruim de todo, serve pra contar pra gente que está aqui na cidade (com saúde quase sempre privada e ruim, educação, também quase sempre privada e cada dia pior, transporte coletivo deficiente - então andamos em transporte precário ou em carro, pelos quais pagamos impostos caríssimos por ruas esburacadas e pagando pedágios em estradas quase sempre ruins) que o governo está chegando a lugares e fazendo coisas que antes não fazia. Ok! Me parece muito bom saber! Precisa de tanto dinheiro pra isso? Eu preferiria que esse dinheiro fosse gasto em mais ações visíveis do que em papel que serve pra bichinhos defecarem, com risco de infecção. 


De todos

Se o dinheiro gasto nessas empresas fosse investido em tornar a TV Brasil em canal aberto e em profissionais pagos para mostrar o país que a Globo e as outras concessões não mostram, não seria melhor? Se essa dinheirama fosse investida numa rádio – sinal de rádio chega longe pacas – pública boa de ouvir e com bons profissionais que dessem notícia da aldeia e da taba, que mostrasse a lindeza da cultura de cada cantinho, não seria melhor?

Não sei você que me lê, mas eu sinceramente votei numa proposta que, por um lado vem correspondendo ao que espero do meu país, mas, por outro, vem me decepcionando muito. E meu termômetro é conversar com gente que não votou - e não vai votar nunca - nessa proposta e que me diz que está achando o governo ótimo. E essa gente lê esses jornais e assiste e ouve essas TVs que ainda ficam com a maior fatia do gasto em publicidade e que gastam maior tempo e páginas para dizer que o governo é ruim...

Ok, estamos num regime capitalista, as empresas movem a economia, geram empregos... perfeito. Mas com tanto ministério [chave enorme agora porque parêntesis é pouco: Cultura e Esporte, por exemplo, não é Educação? Telecomunicações não é infra-estrutura? Pesca não é alimento? Direitos humanos não é Justiça?] e as milhares de pessoas que trabalham lá para ter idéias, planejar, tocar, controlar e agir, os passos que nos levam a um modelos mais justo de vida não deveriam ser mais rápidos? O que falta para romper ? O que falta para que custo-benefício seja melhor avaliado e os investimentos cheguem mais rápido e de fato onde precisam chegar?

Para mim falta é peito! E não me venham dizer que a culpa é só da Dilma. Faltou ao Lula também!

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Para quem não leu, recomendo muito este artigo do Maringoni que está no Escrevinhador  onde fica evidente que, embora haja melhor distribuição das verbas publicitárias desde 2003 até agora,  ainda está tudo errado.
 

26 outubro, 2011

Descompasso...até quando?

Escrito e postado no Teialivre em 13 de junho de 2011 e infelizmente, atual!
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por Denise Queiroz


“Quem não se comunica se trumbica” foi um dos jargões que Chacrinha nos deixou de herança. E vale tanto para bebê que não chora quando a fome aperta até para o motorista que acha que aquela alavanquinha ali embaixo do volante e ao alcance dos dedos é um mero enfeite.

Gaúcha “desterrada”, comecei a acompanhar o twitter em abril do ano passado, quando os queridos blogueiros do RS apontaram que @TarsoGenro, então candidato a governador do estado, estava se comunicando com a militância por esse meio. 


Em seguida descubro que a candidata a presidenta também usava a rede social - e muitos e muitos outros candidatos país afora. Ministros, coordenadores de campanhas e a militância, todos no twitter, trocando caracteres medidos que nos instavam a seguir e seguir, que deram origem a posts e campanhas pontuais, a denúncias! Links de algum fato do interior do Pará eram replicados imediatamente na timeline, assim como as trapalhadas da campanha tucana, tanto da majoritária quanto das proporcionais. 

Teríamos conseguido impedir que a impressão dos malfadados panfletos apócrifos distribuídos nas portas das igrejas continuasse, não fosse essa teia de militantes acompanhando e disseminando as informações que chegavam quentinhas dos celulares de quem estava na porta da gráfica? Pode ser, mas a instantaneidade nesse e em outros casos fez toda a diferença.



Chegou 1º de novembro e elegemos a presidenta Dilma, como havíamos elegido em 3 de outubro a muitos senadores com quem interagíamos, deputados, governadores! Asseguramos a continuidade do governo Lula, e a euforia tomou conta da militância. 

Com a eleição, garantimos a democracia, a participação, a luta pelo fim da miséria, a permanência dos canais de diálogo que foram estabelecidos ao longo da campanha. Né? Parece que não! 

Semana passada quando o ministro da casa civil foi substituído pela senadora Gleisi, levamos algumas horas para ter a notícia oficial. E os mais afoitos tivemos que nos contentar em engolir, não sem dose de mal estar e dúvida, o que os portais da grande imprensa traziam em letras garrafais. Sexta-feira quando da troca de comando da Articulação Política e da Pesca, o mesmo! 

Aí só resta um super ALOU para quem está lá no palácio do Planalto – teoricamente - cuidando da comunicação: existe uma coisa chamada twitter, existe uma coisa chamada blog do planalto, existem redes sociais, existe algo chamado TV Brasil, outra chamada NBR, existe uma coisa chamada COMUNICAÇÃO!

Não queremos mais ter que acessar uols ou globos da vida para saber o que está acontecendo no país! O esquecimento de que "quem não se comunica se trumbica" pode ter a mesma conseqüência do não uso da alavanquinha que está ali, ao alcance da mão de quem está ao volante e que liga a luz do ‘viro à esquerda na próxima entrada’. Mas neste caso mais séria um pouquinho, não lhes parece?

Com a deficiência nessa área que o governo tem demonstrado, podemos ainda crer – como queremos e pensamos ser mais que necessário e urgente – que haja vontade de enterrar de vez a odiosa frase 'não saiu no Jornal Nacional, não aconteceu' ?


PS. O governador Tarso Genro continua se comunicando pelo Twitter diariamente e já criou um gabinete digital para que a população possa se comunicar diretamente com toda a administração do estado. No estado da Bahia o governador Jacques Wagner segue a política de descentralização das comunicações e de participação da sociedade nas discussões, iniciada no governo anterior. No plano federal, só alguns ministros como o @padilhando dedicam tempo à militância, esclarecendo questões via Twitter. E alguns ministérios mandam links de algumas ações. Muito pouco! A sensação de que os impostos pagos em alguns estados (e o esforço da militância em eleger esses representantes) estão sendo melhor empregados que os federais, pois não? A presidenta Dilma, que logo depois da vitória agradeceu o apoio das redes sociais e disse que estaria mais presente em 2011, sabemos que está trabalhando muito, como o fazem o presidente Chavez e a presidenta Cristina Kirchner.


100 anos de Nelson Cavaquinho

Nelson Cavaquinho, completaria 100 anos esta semana. Vários eventos vão homenagear Nelson Antônio da Silva, um dos mais relevantes nomes do samba! 

Compositor e cavaquinista quando jovem, foi com o violão, depois de mais maduro, que desenvolveu um estilo inimitável, pois ao tocar usava apenas dois dedos da mão direita. O Garrincha do Sampa, como foi apelidado por Carlinhos Vergueiro, ou o São Francisco do Samba, pela generosidade, entre outros apelidos, passou por momentos difíceis, tendo inclusive que vender a autoria de algumas composições.

Os tributos ao centenário de Nelson são extensos. Ontem (25), no auditório do Instituto Moreira Salles, no Rio, uma mesa-redonda com a presença do jornalista e escritor Sérgio Cabral, de José Novaes, autor do livro Nelson Cavaquinho: Luto e Melancolia na MPB, e do jornalista João Pimentel, com mediação da presidente do Museu da Imagem e do Som, do Rio, Rosa Araújo. O mesmo IMS recebe amanhã, às 20 horas, show com Moacyr Luz e Gabriel Cavalcante em homenagem ao sambista.

Em São Paulo, os tributos ao compositor estão marcados para o próximo mês. Do dia 3 ao 6 de novembro, o Centro Cultural São Paulo terá o espetáculo Uma Flor para Nelson, com apresentações de nomes como Benito de Paula e Marcos Sacramento (3), Angela Ro Ro e Cida Moreira (4), Zezé Motta e Filipe Catto (5) e Teresa Cristina, Graça Braga e Verônica Ferriani (6).

Ainda em novembro, de 25 a 27, o Sesc Pompeia recebe o show Feliz Daquele Que Sabe Sofrer, lembrando o centenário de Nelson e outro gigante do samba, Assis Valente. No palco, interpretações de Ná Ozzetti, Arrigo Barnabé e Renato Braz.

Fontes: Wikipedia, Estadão, Vimeo

25 outubro, 2011

Ciência revela rede capitalista que domina o mundo


Dica @arqsteinleitao, via Google+ 
Fonte: Inovacatecnologica.com.br
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Além das ideologias

Conforme os protestos contra o capitalismo se espalham pelo mundo, os manifestantes vão ganhando novos argumentos.
Uma análise das relações entre 43.000 empresas transnacionais concluiu que um pequeno número delas - sobretudo bancos - tem um poder desproporcionalmente elevado sobre a economia global.
A conclusão é de três pesquisadores da área de sistemas complexos 
do Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, na Suíça.
Este é o primeiro estudo que vai além das ideologias e identifica empiricamente essa rede de poder global.

"A realidade é complexa demais, nós temos que ir além dos dogmas, sejam eles das teorias da conspiração ou do livre mercado," afirmou James Glattfelder, um dos autores do trabalho. "Nossa análise é baseada na realidade."



Rede de controle econômico mundial


A análise usa a mesma matemática empregada há décadas para criar modelos dos sistemas naturais e para a construção de simuladores dos mais diversos tipos. Agora ela foi usada para estudar dados corporativos disponíveis mundialmente.

O resultado é um mapa que traça a rede de controle entre as grandes empresas transnacionais em nível global.

Estudos anteriores já haviam identificado que algumas poucas empresas controlam grandes porções da economia, mas esses estudos incluíam um número limitado de empresas e não levavam em conta os controles indiretos de propriedade, não podendo, portanto, ser usados para dizer como a rede de controle econômico poderia afetar a economia mundial - tornando-a mais ou menos instável, por exemplo.

O novo estudo pode falar sobre isso com a autoridade de quem analisou uma base de dados com 37 milhões de empresas e investidores.

A análise identificou 43.060 grandes empresas transnacionais e traçou as conexões de controle acionário entre elas, construindo um modelo de poder econômico em escala mundial.

Poder econômico mundial

Refinando ainda mais os dados, o modelo final revelou um núcleo central de 1.318 grandes empresas com laços com duas ou mais outras empresas - na média, cada uma delas tem 20 conexões com outras empresas.

Mais do que isso, embora este núcleo central de poder econômico concentre apenas 20% das receitas globais de venda, as 1.318 empresas em conjunto detêm a maioria das ações das principais empresas do mundo - as chamadas blue chipsnos mercados de ações.

Em outras palavras, elas detêm um controle sobre a economia real que atinge 60% de todas as vendas realizadas no mundo todo.

E isso não é tudo.


Super-entidade econômica

Quando os cientistas desfizeram o emaranhado dessa rede de propriedades cruzadas, eles identificaram uma "super-entidade" de 147 empresas intimamente inter-relacionadas que controla 40% da riqueza total daquele primeiro núcleo central de 1.318 empresas.

"Na verdade, menos de 1% das companhias controla 40% da rede inteira," diz Glattfelder.
E a maioria delas são bancos.

Os pesquisadores afirmam em seu estudo que a concentração de poder em si não é boa e nem ruim, mas essa interconexão pode ser.

Como o mundo viu durante a crise de 2008, essas redes são muito instáveis: basta que um dos nós tenha um problema sério para que o problema se propague automaticamente por toda a rede, levando consigo a economia mundial como um todo.

Eles ponderam, contudo, que essa super-entidade pode não ser o resultado de uma conspiração - 147 empresas seria um número grande demais para sustentar um conluio qualquer.

A questão real, colocam eles, é saber se esse núcleo global de poder econômico pode exercer um poder político centralizado intencionalmente.

Eles suspeitam que as empresas podem até competir entre si no mercado, mas agem em conjunto no interesse comum - e um dos maiores interesses seria resistir a mudanças na própria rede.

As 50 primeiras das 147 empresas transnacionais super conectadas
  1. Barclays plc
  2. Capital Group Companies Inc
  3. FMR Corporation
  4. AXA
  5. State Street Corporation
  6. JP Morgan Chase & Co
  7. Legal & General Group plc
  8. Vanguard Group Inc
  9. UBS AG
  10. Merrill Lynch & Co Inc
  11. Wellington Management Co LLP
  12. Deutsche Bank AG
  13. Franklin Resources Inc
  14. Credit Suisse Group
  15. Walton Enterprises LLC
  16. Bank of New York Mellon Corp
  17. Natixis
  18. Goldman Sachs Group Inc
  19. T Rowe Price Group Inc
  20. Legg Mason Inc
  21. Morgan Stanley
  22. Mitsubishi UFJ Financial Group Inc
  23. Northern Trust Corporation
  24. Société Générale
  25. Bank of America Corporation
  26. Lloyds TSB Group plc
  27. Invesco plc
  28. Allianz SE 29. TIAA
  29. Old Mutual Public Limited Company
  30. Aviva plc
  31. Schroders plc
  32. Dodge & Cox
  33. Lehman Brothers Holdings Inc*
  34. Sun Life Financial Inc
  35. Standard Life plc
  36. CNCE
  37. Nomura Holdings Inc
  38. The Depository Trust Company
  39. Massachusetts Mutual Life Insurance
  40. ING Groep NV
  41. Brandes Investment Partners LP
  42. Unicredito Italiano SPA
  43. Deposit Insurance Corporation of Japan
  44. Vereniging Aegon
  45. BNP Paribas
  46. Affiliated Managers Group Inc
  47. Resona Holdings Inc
  48. Capital Group International Inc
  49. China Petrochemical Group Company
Bibliografia:
The network of global corporate control
Stefania Vitali, James B. Glattfelder, Stefano Battiston
arXiv
19 Sep 2011

WikiLeaks é vítima de boicote e silêncio

O anúncio tornado público ontem de que o WikiLeaks vai ter que interromper suas atividades por falta de recursos, uma vez que as grandes corporações internacionais cortaram os canais de financiamento, é um golpe duro à verdade e à liberdade de expressão. 
Depois de ver o vídeo (legendas em espanhol) onde Julian Assange explica a importância e anuncia a inviabilidade financeira da org, caso não consiga fundos para continuar, vale ler a análise de Paulo Moreira Leite sobre o silêncio que reina estrondoso na mídia. 





 Hipocrisia contra o Wikileaks 
         
De Paulo Moreira Leite 
          
Há menos de um mês, um número colossal de jornalistas levantou-se para defender uma propaganda de sutiã e calcinha.
Agora, ouço o silencio barulhento sobre o bloqueio econômico ao Wikileaks. É de envergonhar.

Vamos combinar. O sutiã e a calcinha de Gisele Bundchen faziam parte de uma campanha publicitária. Como diz o estatuto do conselho que regula o trabalho das agencias, é um debate que expressa a liberdade de expressão comercial. Você pode até considerar que o esforço para tirar a propaganda do ar foi um absurdo mas tem de reconhecer que há uma diferença nessa discussão.

O Wikileaks é parte da liberdade de expressão — sem adjetivos. Com certeza, seus documentos incomodam. São provocadores, como acontece com todas revelações que mostram que o rei está nu.

Foi assim, há mais de três décadas, com os papéis do Pentágono, que, graças a uma senteça da Suprema Corte, o New York Times pode divulgar em plena Guerra do Vietnã, trazendo para o público americano as discussões internas de Washington sobre o conflito.

A liberdade de expressão pode ser tão inconveniente como toda denúncia que incomoda os donos do poder nos EUA, na França, na Russia e no Brasil.

Ao liberar um conjunto de 250 000 documentos da diplomacia americana o Wikileaks prestou um favor à democracia mundial. Contribuiu para a transparencia. Permitiu que os cidadãos ficassem melhor informados sobre a atuação do governo americano. Flagrou figurões que diziam uma coisa em público e falavam o oposto quando se encontravam com a diplomatas dos EUA.

Numa demonstração de que não pretendia fazer um serviço leviano nem irresponsável, o Wikileaks entregou seu arquivo para respeitáveis veículos da imprensa internacional, reconhecidos por sua credibilidade e senso de responsabilidade. Nos EUA, o órgão escolhido foi o New York Times. Na França, Le Monde. Na Espanha, El País. E assim por diante.

Mesmo assim, a Casa Branca decidiu mobilizar sua máquina política para sufocar a organização. Mantem atrás das grades o militar que é suspeito — apenas isso, suspeito — de fornecer os documentos divulgados.

Seria equivalente a mandar prender o executivo do FBI que estava por trás das denuncias que alimentaram o escândalo Watergate.
Traduzindo em termos brasileiros e atuais, seria o mesmo que o governo Dilma Rousseff mandar prender o PM que faz acusações contra o ministro dos Esportes Orlando Silva — e olha que ele nem sempre se apoia em documentação tão sólida para dizer o que diz. Imagino a reação.

Não importa. Washington foi mais fundo. Pressionou empresas de cartão de crédito e outras instituições financeiras para cortar os canais de financiamento do Wikileaks, num esforço óbvio para inviabilizar seu funcionamento. Numa demonstração de que o mercado nem sempre obedece a uma célebre mão invisível, elas preferiram atender aos apelos da Casa Branca e interromper os pagamentos que garantiam o funcionamento do Wikileaks.

É inacreditável.
Leia o Blog completo

Folha se recusa a debater censura

Do desculpeanossafalha.com.br


Folha esconde calúnias e ataques pessoais ao noticiar carta em que anuncia fugir da audiência de amanhã em Brasília



Depois de mostrar sua verdadeira face em carta assinada pelo dono do jornal e seus principais executivos, em sua sua edição impressa o jornal omite que acusou fAlha de não ser independente e de estar a serviço do PT. É mentira. Mas, mesmo se fosse verdade, e daí?
.
Depois de quase 400 dias fugindo do debate que começou por conta de um processo de censura que eles mesmos abriram, ontem a Folha de S.Paulo resolveu ir pra briga. Na carta enviada à Comissão de Legislação Participativa para informar que recusavam o convite para debater no Congresso Nacional a censura que patrocina contra o blog Falha de S.Paulo, a Folha prestou um grande serviço de utilidade pública. Deu um show de prepotência (chegou a chamar o deputado que propõe o ato de desinformado) e má-fé e mostrou táticas toscas de difamação dignas da Veja. Explico, a partir de trechos da carta (reproduzida no pé deste post):
            
1) O jornal fala várias vezes que não estávamos fazendo sátira. Fora o fato de que MESMO QUE ISSO FOSSE VERDADE a censura não se justifica, essa é a opinião mais isolada dos 90 anos de história da Folha. A Justiça não acredita. NENHUM blog também. Tampouco apareceu algum advogado, ativista ou jornalista disposto a comprar essa versão. E o engraçado é que, como as informações circulam, sabemos muito bem que os jornalistas da PRÓPRIA FOLHA (fora os que assinam a carta, ou talvez nem eles) também não engolem essa balela da direção.


2) O jornal nos acusa de “não ser independentes” e de estar a serviço do PT. Essas afirmações poderiam render um belo processo de calúnia e difamação contra o trio que assina o documento. Caros Otávio, Vinicius e Sergio, abro de bom grado as contas bancárias, as declarações de imposto de renda e os sigilos telefônicos meu e de meu irmão e desafio publicamente a Folha a provar essa afirmação mentirosa.

          
3) MUITO IMPORTANTE: Vamos partir do pressuposto que eu fosse filiado ao PT (não sou nem nunca fui filiado a partido algum). Vamos partir do pressuposto de que, realmente, a Falha não era uma paródia crítica ao jornal. Vamos fazer de conta que era, sim, um blog a serviço do PT, sem humor nenhum e criado com o único objetivo de espinafrar a Folha. Nada mudaria. Mesmo assim TODOS os argumentos que usamos desde o começo seguem válidos.
         
4) Na carta de ontem o jornal “fortalece” sua argumentação contra a audiência afirmando que o assunto é “matéria superada” –porque já saiu a decisão em primeira instância. Na edição impressa, contudo, o jornal termina seu texto falando o óbvio: “cabe recurso”. Ou seja, a Folha muda de discurso conforme seus interesses. Para fugir do debate, diz que é “matéria superada”. Para posar de correta para seus leitores, entretanto, lembra que cabe recurso. De nossa parte, não alteramos uma vírgula nossa argumentação desde o primeiro dia. Nosso discurso é um só e tem amplo apoio inclusive dentro do prédio da Barão de Limeira –ao contrário da Folha, que só tem o apoio dos seus advogados.
           
TUDO ISSO SERÁ TEMA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA AMANHÃ (4ª FEIRA) NO CONGRESSO NACIONAL (plenário 3, anexo II), AS 14H. A FOLHA NÃO QUER DEBATER, MAS OS DEPUTADOS E A SOCIEDADE QUEREM. VÁRIOS PARLAMENTARES CONFIRMARAM PRESENÇA. OAB E FENAJ TAMBÉM. E O SITE DO CONGRESSO VAI TRANSMITIR AO VIVO POR STREAMING. ASSISTA, MANDE SUAS PERGUNTAS, USE A HASHTAG #folhaXfalha, VENHA DEBATER VOCÊ TAMBÉM!

Aqui mais infos 

Abaixo a matéria da Folha de hoje sobre a carta e, em seguida, a carta em si:

Folha contesta tema de audiência pública proposta por petista
Por meio de carta, jornal recusa convite de comissão da Câmara dos Deputados


Em carta enviada à Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, a Folha contestou o tema de audiência pública proposta pelo deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) e recusou o convite para participar dela feito por seu presidente, Vitor Paulo (PRB-RJ).
Anunciado para as 14h30 de amanhã, em Brasília, o evento pretende discutir o tema “O silêncio da mídia no caso de censura imposto pelo jornal Folha de S.Paulo ao site www.falhadesaopaulo.com.br”.
A carta manifesta discordância da temática sugerida e do enfoque adotado pela comissão. É assinada por Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha, Sérgio Dávila, editor-executivo, e Vinicius Mota, secretário de Redação.
Os três jornalistas, mais a advogada do jornal, Taís Gasparian, que está em viagem fora do país, foram os convidados pela comissão para representar a Folha.
“A Folha não endossa qualquer censura ou repressão à manifestação de pensamento crítico, até mesmo quando eivado de agressividade injuriosa ou distorção partidária”, afirma a carta.
O jornal questiona ainda o que o petista chamou de “silêncio da mídia”.
“Ainda que fosse pertinente, a questão deveria ser colocada aos meios de comunicação em geral, não fosse o fato de a pendência relativa ao blog ter sido noticiada não apenas pela própria Folha em diversas ocasiões como por vários outros veículos.”
Com a carta foram enviadas reproduções de reportagens sobre o assunto publicadas na Folha e em veículos como “O Estado de S. Paulo” e a revista “Info Exame”, da editora Abril, entre outros.
No ano passado, a Folha entrou na Justiça contra o uso de logotipo e endereço eletrônico semelhantes aos do jornal pelo blog “Falha de S.Paulo”, dos irmãos Lino e Mario Ito Bocchini. Em 28 de setembro de 2010, foi concedida liminar que determinava a suspensão do registro do domínio falhadespaulo.com.
No mês passado, a Justiça julgou parcialmente procedente o pedido da empresa, determinando a suspensão definitiva (congelamento) do domínio. Cabe recurso.
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23 outubro, 2011

Não existe honra em machucar civis #OWS

Do canal de Bklyn's Jannah Handy 
          
Tradução de Sergio Pecci
Edição de Denise Queiroz
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Cenas inusitadas chegam do movimento #OccupyWallStreet. 
O mariner e veterano de guerra, sargento Shamar Thomas, ao ver um policial batendo no rosto de uma manifestante, no Times Square, coração de Nova Iorque, perguntou  aos policiais por que eles estavam fazendo aquilo. Em poucos minutos, cerca de 30 policiais  o cercam, mas o sargento não se intimida. Pelo contrário, continua com as perguntas que, pelas expressões dos outros uniformizados, incomodam.
As palavras, passam a ser gritos à medida em que mais e mais policiais o cercam. 
Entre as várias frases, que certamente tiraram o sono daqueles policiais, destacam-se: 
"Se vocês querem lutar, vão para o Afeganistão"
"Isto não é uma zona de guerra !"
"Não existe honra em ameaçar pessoas que não estão armadas". 
"Aqui não existem armas, porque vocês estão fazendo isso? Isso não os faz fortes". 
"Eles são tão cidadãos quanto vocês". 
"Não faz nenhum sentido humilhar pessoas desarmadas".
"Como vocês dormem à noite?"
E várias vezes repetiu: "Isto não é zona de guerra, não há honra em fazer isto!"
             
Thomas ainda contou que é cidadão novayorquino, que seus pais, como ele, serviram às forças armadas no Iraque e Afeganistão, e disse que não iria aceitar que cidadãos pacíficos fossem reprimidos violentamente, "eu não vou deixar que isso aconteça" , mas lembrou aos policiais que ele não tem que cuidar daquelas pessoas, "pois não é uma zona de guerra". 





Depois, em entrevista a um canal de TV, o sargento Shamar Thomas lembrou a situação dos veteranos, que quando voltam das missões no exterior, chegam ao país e não têm garantia de emprego. Contou que usar o uniforme no dia em que foi flagrado na discussão no Times Square, foi proposital, para chamar a atenção dos outros veteranos e de seus direitos como cidadãos. 

          
Sobre a reação diante da violência policial contra os manifestantes, ele lembrou que em 2004, no Iraque, depois dos bombardeios, os soldados agiam com humildade diante da população. Ver um policial batendo no rosto de uma mulher desarmada, cidadã e em solo americano, o revoltou, porque tendo participado de 50 missões de combate teve certeza que a manifestação não era uma batalha: "Eu estive numa batalha, não havia batalha ali" e se sentiu no dever de apoiar o movimento, pois considera que é o momento dessa geração mudar coisas nos Estados Unidos, como o consumismo, a ganância e a ambição.
Ele lembrou ainda que sempre respeitou a lei, que não é ligado a movimentos políticos e não quer enfrentamentos, uma vez que eles são treinados para não falarem mal do governo, mas salientou que a situação dos ex-combatentes também deve ser considerada pelas autoridades e por isso é favorável ao OccupyWallStreet. 

Veja a entrevista:




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