08 outubro, 2011

O desmonte do discurso da grande imprensa

Apesar da Internet ter um papel relevante e mais que evidente na disseminação rápida de informações, grande parte da população (ainda) só fica sabendo de muitas notícias através dos impressos em que confia. Para quem está na rede, alguns fatos são velhos e batidos, mas para quem não tem o hábito, tempo ou condições de acessar os bons blogs e portais, os jornais de bairro e outros impressos, de circulação local, ainda exercem o fundamental e relevante papel de levar a notícia a quem de outra forma não a conheceria. 
Esta semana o jornalista Eduardo Guimaraens entrevistou o Lino Bocchini e publicou no Jornal do Cambuci e Aclimação o caso da Falha de São Paulo, que há um ano está sob censura da Folha e já é um ícone do discurso paradoxal da grande imprensa que, em editoriais intermináveis e repetitivos, se diz contra a regulação da mídia, mas usa de expedientes mais que sórdidos e kafkianos para censurar quem a critica. 
Que o exemplo seja copiado e haja cada vez mais publicação de fatos como este nos velhos, bons e pequenos meios, de forma a espalhar a verdade! 
Abaixo, a matéria. 


A censura envergonhada 
da Folha de São Paulo


Lino Bocchini


Por Eduardo Guimaraens 

Nestes tempos em que a regulação da mídia é combatida pelas grandes empresas de comunicação alegando uma forma de censura velada por parte do Governo à livre manifestação da expressão ocorre um fato sem precedentes na História da Imprensa Brasileira. Estes mesmos veículos, que pregam a “liberdade de expressão se calam quando o assunto é Processo Folha X Falha.
Trocando em miúdos há mais de um ano a Folha de São Paulo, da poderosa família Frias vem por meio de uma medida judicial impedindo a publicação do Blog Falha de São Paulo. O blog, criado pelo jornalista Lino Bocchini e seu irmão o webmaster Mário surgiu no início de setembro de 2010 no auge da campanha eleitoral para a Presidência da República, quando os grandes veículos de comunicação de forma não muito velada escolheram o candidato de sua preferência. “Nós eramos leitores da Folha e nos indignávamos com a maneira com que a Folha e os outros jornais manipulavam as notícias de forma a enganar seus leitores. Por este motivo resolvemos parodiar e criticar de forma bem humorada o conteúdo da Folha”, conta Lino.
A escolha da Folha de São Paulo foi óbvia já que há muitos anos o jornal vendia uma imagem de veículo imparcial e liberal, mas que na verdade padecia dos mesmos vícios e interesses dos veículos tidos como conservadores. O Blog Falha de São Paulo, teve vida curta, pois em menos de um mês o corpo jurídico da Empresa Folha da Manhã entrou em ação conseguindo o bloqueio do domínio www.falhadesaopaulo.com.br e pedindo uma multa diária de R$ 10 mil caso os irmãos insistissem em manter o blog (este valor foi baixado para R$ 1 mil posteriormente. “Claro que tiramos o site na hora do ar”, conta o jornalista, que já trabalhou na Folha da Tarde e no Agora(que a sucedeu), que pertencem a ao mesmo grupo da Folha de São Paulo. Atualmente trabalha na Revista Trip.
Na ação não satisfeita por tirar do ar o blog, a advogada da Folha ainda pedia indenização por danos morais à imagem do jornal.
O caso Folha x Falha ganhou repercussão principalmente na Internet e também no exterior onde Julian Assange, do Wikileaks e a organização Repórteres sem Fronteiras condenaram a ação da Folha e também no Congresso Nacional onde o Deputado Paulo Pimenta (PT-RS) propôs uma Audiência Pública já aprovada na Comissão de Legislação Participativa para que Otávio Frias Filho, proprietário da Folha de São Paulo e Sérgio Dávila, diretor de Redação do jornal expliquem as razões da censura. Além deles foram convidados Lino e Mário Bocchini e representantes da OAB e Federação Nacional dos Jornalistas, além do Conselho Nacional de Justiça.
No julgamento em primeira instância ocorrido nestes últimos dias a decisão do juiz Gustavo Coube de Carvalho, da 29ª Vara Cível de São Paulo, foi no mínimo curiosa já que manteve o blog fora do ar. E apesar os principais pontos da defesa dos irmãos Bocchini, Carvalho arranjou uma forma de manter a censura. Apegando-se a um argumento nonsense. Como em qualquer blog, o Falha de S. Paulo mantinha uma lista de favoritos da qual constava um link para o site de Carta Capital, decretou que blog por causa deste link estava facilitando um concorrente direto da Folha.
Lino diz que devem recorrer da sentença, pois em caso de vitória além de recuperarem o direito a publicar o Blog criarão uma jurisprudência em favor da plena liberdade de expressão no Brasil. Em caso contrário se abrirá pressuposto perigoso que poderá ser usado contra a própria Folha na sua seção de humor (charges da página 2 e coluna do Zé Simão).
Para obter mais informações sobre este caso há o site www.desculpeanossafalha.com.br



Uma das imagens que estão sob censura da FSP

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