A divulgação da pesquisa CNI-Ibope de avaliação do time com mando de campo, esquentou a narração do Fla-Flu. De um lado os velhos colunistas da caquética tradicional e familiar mídia, vestindo camisas engomadas, alvoroçados com a perda da popularidade da artilheira em campo. De outro, os antigos sem camisa, descontentes com os números que tendem a barrar a euforia do já ganhou. Estes passaram a induzir seus leitores a desqualificar o último estudo, postaram que seria o mesmo estudo da outra semana. E, usando velhos jargões, atribuíram aos velhos narradores uma tentativa de manipulação. Em comum, a má-fé.
Os dados das pesquisas divulgadas nos últimos dias não agradam nem cá nem lá. Numa, feita e paga pelo Ibope, divulgada semana passada , a questão principal era a eleição. Questão simples: em quem você aposta para golear? Em caso de X se lesionar, em quem você apostaria? E se o Y sair no segundo tempo, quem você acha que faz gol?
Nessa,
43 por cento declarou continuar apostando na que foi escalada há quatro anos para golear o time adversário. E que não haverá segundo tempo. E também por aquele estudo, o time adversário - com
jogadores desconhecidos da torcida, mesmo colocando todos titulares e reservas - não levaria. A torcida do favorito se alvoroçou e o clima de já ganhou tomou
conta do estádio.
A outra pesquisa, divulgada quinta-feira 27 de março, mas feita na mesma data da anterior, com mesma amostragem - portanto ainda sem medir o estrago que a mancha na camisa causa à centroavante do time principal - foi saudada pelos tradicionais. Nela, o alerta de que algumas condições tem que ser levadas em conta para que o time principal consiga vencer. E que o time adversário tem condições de explorar as falhas que o favorito desconsiderou desde o último jogo.
Oras, oras. Não sei se estou velha, devo estar. Primeiro que, pesquisas, embora bons indicadores de caminhos a serem seguidos, refletem parte da realidade, uma pequena parte. Segundo que, mostrar aos leitores algo que não é real, como fizeram os narradores de ambos os times, induz ao erro e chama-se desonestidade.
Uma coisa é a pesquisa simples: você aposta em quem? Outra coisa é a tentativa de entender, através de um questionário mais elaborado, o que agrada ou não de cada um dos elementos que estão em campo. Aí entra o gramado, a iluminação, as condições climáticas, as decisões do técnico ao escalar jogadores, a situação do clube, o que empolga a torcida e o juiz.
Simples,
né? Não.
Pesquisas
onde muitas variáveis são questionadas levam mais tempo para terem seus dados
codificados e transformados em gráficos e tabelas. E por esta razão, tendem a
ser melhores indicadoras de caminhos que aquelas que só perguntam qual
time você acha que ganha ou qual time você quer que ganhe. Dizer que uma e outra são iguais ou estavam prontas e
não refletem a realidade é má-fé elevada à última potência. E a mentira não resiste a uma olhada no site do Ibope ou do TSE.
De todas formas, a estas alturas do ano e com tantas variantes a serem consideradas (as contas dos clubes, os preços dos ingressos, quantos torcedores vão comparecer ao estádio, a acessibilidade, organização das filas, jogadores lesionados que podem estar em condições de entrar em campo até junho, outros que podem se lesionar, quem vai arbitrar etc) narradores apressados e que dão o jogo por ganho, só tendem a cair no descrédito. Lástima. Alguns deles eram bons antes de serem contratados pelos patrocinadores das camisas.
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