por Denise Queiroz
Em meio à averiguação de um crime bárbaro, um dos
investigadores é visto mandando uma mensagem para um dos suspeitos. A mensagem
tranquiliza o destinatário, a investigação dá em nada, o crime hediondo fica
sem punição, assim como o investigador.
A situação é absurda, mas, no entanto, real. Só não soube dela quem não quis, pois ocorreu à vista de todos e os protagonistas são figuras públicas. A ilicitude foi pauta nos noticiários por dias, em 2012.
A situação é absurda, mas, no entanto, real. Só não soube dela quem não quis, pois ocorreu à vista de todos e os protagonistas são figuras públicas. A ilicitude foi pauta nos noticiários por dias, em 2012.
E nesta semana, às vésperas da instalação de outra CPI, fomos informados de que o atual vice-presidente da Câmara dos Deputados viajou com a família, para férias de verão, num jatinho do doleiro Alberto Youssef, preso desta vez pela operação lava-jato, da Polícia Federal. Ele justificou o uso do jatinho : “As passagens aéreas estavam muito caras, ele tinha um jatinho e eu paguei o
combustível”.
Pobre deputado, não? Será que temos que rever os
salários destes dedicados servidores, eleitos para cumprir a Constituição
do país (que prevê punição para favorecimentos e trocas de favores)? Com estes
salários baixíssimos que recebem, é afinal plenamente justificável aliar-se e receber favores de conhecidos criminosos, não é Sr. André Vargas? Óbvio também que é mais barato pagar o combustível do avião do desinteressado amigo do que comprar uma passagem para viajar nos apertados assentos das companhias aéreas, onde teria que dividir espaço com gente 'normal'.
Estou com pena do deputado. Sério. Seguramente as
verbas de gabinete também são tão baixas que ele nunca teve acesso aos jornais na
época da CPI do Banestado, onde o seu querido amigo de 20 anos, que ele não
sabia como ganhava o pão, ficou conhecido para além dos gabinetes.
Qual pessoa minimamente informada não ouviu falar do escândalo do Banestado? E dos nomes envolvidos? E também: que pessoa se relaciona com outra por 20 anos e não tem a mínima ideia da fonte do pão dessa pessoa?
Talvez mais grave que pegar carona em jatinho de contraventor, seja tentar fazer todos de bobos. Ou isso escancara afinal o que pensam, lá dos gabinetes, com sua aura refrigerada, os que são alçados à categoria de condutores dos destinos de milhões de brasileiros?
Escárnio. Foi isto que vimos na CPI do Cachoeira, quando Cândido Vaccarezza, também petista, garantiu ao governador do PMDB do Rio que ele não seria investigado, naquela mensagem digna do submundo, “você é nosso, nós somos teu” . E escárnio é o que lemos nas declarações primárias do vice-presidente da câmara.
Infelizmente nós, que pagamos do próprio
bolso para ler jornais ou assistir TV, sabemos que eles não são os únicos e que, também
nos outros partidos, vários tem as mãos sujas. A diferença, para mim, é
que nunca votei num deles nem participei ou fiz campanha para eleger qualquer
de seus filiados.
Mas, além de Vargas e Vaccarezza, me envergonham
todos os outros membros e militantes dos diretórios do PT que tentam justificar com algo semelhante a ele fez, mas os outros também fazem, em vez de
exigir a saída imediata deles do partido e dos cargos que ocupam - os quais, está claro, não têm a grandeza necessária para ocupar.
Era outra a proposta, pois não?
Curar a raiz que atitudes como as desses dois senhores ajudaram a danificar, já não se pode mais. Mas não custa podar.
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