07 outubro, 2011

Prefeito defende Wall Street. Faltou ler Krugman

Tradução de Denise Queiroz
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O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, disse hoje que os indignados estão equivocados uma vez que “lutam contra os abusos do sistema financeiro, mas não compreendem que seu protesto é contraproducente, para as pessoas que trabalham”.

“A luta que conduzem levaria a um só resultado: perder postos de trabalho e, portanto, atacarão a economia da cidade”, garantiu Bloomberg, que não simpatiza com o movimento anti Wall Street, em declarações a um programa de rádio. O prefeito disse ainda que para melhorar os índices de emprego, “falta “as empresas condições para assumir novos empregados. E os ativistas vão em direção equivocada”.

Apesar de sua opinião, Bloomberg assinalou que a cidade respeita a possibilidade de livre manifestação enquanto eles respeitem a lei, caso contrário recomeçará as prisões, como ocorreu sábado passado quando a polícia deteve a 700 pessoas que ocupavam a ponte do Brooklyn. A polícia também entrou em ação na última terça-feira ao final da “grande marcha” junto aos sindicatos, que resultou em 30 detidos.

“Isto não beneficia ao turismo, raciocinou o prefeito da ‘Grande Maçã’, opinião compartilhada pelo chefe de polícia de Nova York, Ray Kelly, que acusa os manifestantes do #occupywaalstreet de terem provocado as forças da ordem durante a marcha. “eles procuraram, procuraram o enfrentamento a todo custo, sustentou Kelly sobre os manifestantes.

O chefe da polícia denunciou que os protestos dos indignados de Nova York já custaram 2 milhões de dólares extra, que foram pagos aos agentes policiais. Enquanto isso, os manifestantes continuam em todo os país. Depois de Washington, os ‘indignados’ protestaram hoje em muitas outras cidades. San Antonio (Texas) Dallas, Houston, Tampa, Seattle, Philadelphia, Boston e Austin. 

Veja aqui e aqui mais sobre o #OccupyWallStreet  
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Ao contrário do prefeito de Nova York, o economista e prêmio Nobel Paul Krugman, pensa que o movimento deve ser levado muito a sério, conforme escreveu esta semana. 




Pessoas Ignorantes
De Paul Krugman


O website Nieman Watchdog traz um bom artigo de John Hanrahan sobre a cobertura da imprensa das manifestações com o  slogan Ocupar Wall Street. A cobertura inicialmente foi depreciativa e mínima – e “mea culpa”, eu mesmo não dei muito atenção a elas. Mas está cada vez mais claro que alguma coisa importante está sucedendo: finalmente, depois de três anos em que Pessoas Muito Sérias se recusam a exigir que Wall Street preste contas à sociedade, existe uma insurreição popular contra os Mestres do Universo.
Naturalmente, surgirão as costumeiras tentativas para negar todo o movimento, baseadas em trivialidades. Veja como as pessoas estão vestidas de modo estranho! E daí?  É melhor quando banqueiros nos seus ternos sob medida e cujas apostas colocaram a economia mundial de joelhos – e foram socorridos pelos contribuintes – se queixam que o presidente Obama está dizendo coisas um pouco duras sobre eles.
Ou, por que não tentam trabalhar dentro do sistema?  E o que tem ocorrido com aqueles que de fato tentaram? Quando as intrigas palacianas prejudicaram pessoas como Elizabeth Warren mesmo dentro do governo Obama, e os republicanos lançaram seu apoio total aos delinquentes das grandes riquezas, por que os manifestantes não podem agir fora dos canais usuais?
Finalmente, por que não acatar a opinião das pessoas que sabem o que necessita ser feito? Os leitores regulares sabem a resposta: as Pessoas Muito Sérias erraram de modo impressionante e consistente,  antes da crise financeira e depois.  Nada nos recentes fatos políticos sugere que os sagazes homens das finanças merecem algum crédito, absolutamente.
Portanto, bom para os manifestantes. E se as pessoas que cercam Obama tiverem algum instinto de autopreservação,  elas tentarão se reconciliar com as pessoas que decepcionaram tanto.
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Além de Krugman, a leitura de Naomi Klein  poderia ter evitado ao prefeito de Nova York o vexame que suas declarações causaram diante da opinião pública. Leia aqui.


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