06 agosto, 2013

Uma roda que muda

por Denise Queiroz



Desde ontem nota-se um discurso cambiante na TL do twitter, a minha com grande parte de seguidos e seguidores militantes do PT. Embora desde junho, quando ‘as ruas’ ganharam outro significado que o de vias para trânsito ou endereço, e os ataques desclassificatórios da grande imprensa evidenciassem que o que estava lá eram as velhas pautas abandonadas pelos partidos de esquerda que assumiram o poder em 2002, parte da militância lhes fazia coro.

A ‘cegueira coletiva’ impedia alguns, que reconhecidamente tem alguma influência e relevância opinativa, de ver o evidente, colocado em posts em todas as redes, por parte de pessoas que estão diretamente relacionadas e atuando junto aos movimentos sociais que não fazem parte da agenda oficial.

Desde a semana passada, no entanto, talvez por insistência de alguns poucos visionários, ou pela divulgação de que o pessoal da mídia ninja é ligada ao movimento Fora do Eixo, (veiculado como crítica a eles) que aos poucos o discurso foi mudando. Em tempo.

Assinalar isso soa como chover no molhado. Mas temos que assinalar. Impressiona que, embora grande parte dessas pessoas entendam e postem milhares de alertas sobre a necessidade -cada vez mais premente- de regular a mídia, tenham levado tanto tempo e precisado de um programa em rede nacional para entender que o que está posto é regulação da mídia na prática, uma vez que pelos meios que espera-se numa democracia representativa (projeto de lei, discussão no congresso, votação, aprovação) essa regulação nunca virá... pelo menos não enquanto o sistema for mantido com essa representatividade vendida ao capital.

Agora falta ainda a alguns ‘formadores de opinião’ junto à militância das redes sociais, entender que o que foi mostrado pela mídia ninja e por aqueles posts, que foram antes desqualificados, é a realidade deste país.

As ruas, embora ainda num caldo morno e amorfo, mostraram que esse sistema - econômico, democrático, de organização da sociedade, ao qual os governos, em sua maioria, dão sustento - não serve. Entender que o que ‘as ruas’ querem é não mais o reformismo para adequar, e sim uma mudança estrutural. Aquilo que esses mesmos ‘formadores de opinião’ sempre quiseram, mas, uma vez no poder, em vez de lutar para que a transformação ocorresse, acabaram por usar um molde que se mostra vazado. 
Pois o caldo escorreu do molde e está tomando outra forma. Imperfeita, por enquanto, mas melhor que um molde que não serve mais. Ajudar a moldá-la será mais produtivo que tentar colocar em vidrinhos com rótulos velhos.

Leia: (no imperativo mesmo) Mídia Ninja e Casa Fora do Eixo: a explosão do novo


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